- O Estado de S. Paulo
Da campanha eleitoral do PSDB deste ano o que mais se ressaltou como grande trunfo do partido foi a unidade construída pelo candidato Aécio Neves.
Pacificadas as querelas internas, os tucanos estariam livres para empregar seu tempo e energia com os adversários externos. Pois na tarde de sexta-feira foram salvos pelo gongo de desmentir esta escrita que os faria voltar à velha guerra do "nós contra nós".
Isso graças à adesão do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab ao candidato do PMDB, Paulo Skaf, de quem deve ser vice. Não que os tucanos estejam se engalfinhando como em eleições anteriores.
Continuam unidos no pensamento de que a reconquista do poder é fundamental para evitar o ostracismo, para não se falar no enfraquecimento na hipótese da dispersão fatal.
Mas, justamente em São Paulo, o maior e por isso mesmo mais delicado colégio eleitoral, são preocupantes as divergências que começam a aparecer em termos de ação.
Não foi bem visto (para dizer o menos) pelo resto do partido o movimento _ chamado de "golpe" _ do governador Geraldo Alckmin na composição de sua chapa para concorrer à reeleição no Estado.
Caso viesse a se concretizar a manobra, nela não sobraria espaço para o candidato do partido do governador à Presidência. A vice já está com o PSB de Eduardo Campos e Marina Silva e o Senado estaria com Kassab, cujo apoio no plano nacional é ao PT.
Tudo bem que o ex-prefeito de São Paulo, se concretizada a oferta, não pedisse votos em seu horário para a presidente. Mas tampouco o faria para o candidato do governador.
Seria um palanque eletrônico em tese bloqueado para Aécio. Isso a coordenação nacional da campanha considera inadmissível.
A decisão de Kassab preserva as aparências de unidade do PSDB e também as reais relações de lealdade entre o ex-prefeito e José Serra.
De imediato não há consequência do gesto de Alckmin. Mas o fato de ter agido sem consulta às instâncias cerimoniosas do partido deixa sequelas no quesito quebra de confiança.
Passo em falso. Cobra-se da oposição uma posição mais ofensiva. O senador e candidato do PSDB, Aécio Neves, sempre moderado e criticado por isso, assume agora tom bem mais agressivo.
Tem sido por isso, elogiado. Mas, francamente, errou na mão quando convidou os aliados da presidente Dilma a virarem a casaca depois de "sugarem mais um pouco" do governo.
No conteúdo, a ofensiva não faz bonito. A entonação do recado do tucano celebra o fisiologismo e não faz jus à herança do avô, cujo aprendizado aconselha a delicadeza do manejo da esgrima em detrimento da brutalidade do vale-tudo.
Falta combinar. Está evidente a intenção do governo de tentar capitalizar o sucesso da Copa depois de tantos prognósticos negativos. Perfeito. Depende, porém, de o distinto público aceitar como possível a condição de dublê de torcedor e eleitor. O governo por enquanto não se arriscou a fazer o teste da presença nos estádios.
Suado. Os partidos aliados ao governo não conseguiram aprovar alianças unânimes e os adesistas à oposição tampouco puderam evitar divisões em suas tropas.
Todos os partidos entram rachados na campanha. Com pés e mãos em variadas canoas. As convenções partidárias mostraram que não está fácil para ninguém.
Nossos comerciais. O tempo passa, o tempo voa e André Vargas, com o doleiro Alberto Youssef, continua deputado. Numa boa.
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