Catia Seabra – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O comando do PT lança nesta quarta-feira (11) uma cartilha em que ataca o juiz Sergio Moro, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, além de criticar nominalmente procuradores e delegados da Polícia Federal.
O nome de Moro é citado 19 vezes num documento de 34 páginas. "todos os ex-dirigentes da Petrobras investigados na 'Operação Lava Jato' eram altos funcionários da estatal no governo FHC. Mas, como diz o juiz Sergio Moro, 'isso não vem ao caso'", acusa o texto que será publicado do site do partido.
Gilmar Mendes é citado quatro vezes: "As manobras e declarações antipetistas de Mendes, incompatíveis com a imparcialidade e o recato exigidos de um juiz, não são capazes de mudar a realidade: quem escancarou a influência do poder econômico na vida política brasileira foi o governo do PSDB, o mesmo que corrompeu o Congresso para introduzir a reeleição", diz.
Os dois não são os únicos citados. O texto acusa ainda a procuradoria de engavetar casos referentes à máfia dos trens em São Paulo. "Se não tivesse sido investigado fora do Brasil, esse caso também seria jogado para debaixo do tapete. Com auxílio do procurador Rodrigo de Grandis, o processo estava engavetado".
Assinado pela direção do PT, a cartilha menciona a relação de Sergio Moro com a ministra Rosa Weber, do STF. "Moro foi assistente de Rosa Weber na AP 470 ('Mensalão')", diz.
O texto diz ainda que "o juiz Sergio Moro e sua 'equipe' de delegados da PF e procuradores do MPF [Ministério Público Federal] do Paraná fazem de tudo (até mesmo anistiar criminosos confessos) para atingir o PT".
Os delegados que atuam nas investigações são citados um a um. "O delegado da PF Márcio Anselmo: declarou 'Alguém segura esta anta, por favor', sobre uma notícia cujo título era: 'Lula compara PT a Jesus Cristo'", diz o texto.
Outro delegado criticado é Igor Romário de Paula. O PT o acusa de usar as redes sociais durante a campanha eleitoral de 2014 para elogiar o senador Aécio Neves, candidato do PSDB.
A cartilha condena o procurador do Ministério Público Federal Deltan Dallagnol: " Em uma "pregação" em uma igreja evangélica, apresentado como "servo" e "irmão" disse acreditar que Deus colabora com a "Operação Lava Jato", afirma o partido.
A cartilha reserva um capítulo para ataques à imprensa e afirma que "comandada pela mídia monopolizada, a campanha de cerco e aniquilamento [do PT e do ex-presidente Lula] conta com a colaboração solerte de políticos de vários partidos, de setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal"
Ao falar do que chama de "vícios da Lava Jato", o PT cita a "condenação sem provas do companheiro João vaccari Neto". O petista já foi condenado a 15 anos de prisão e é réu em outros dois processos na Lava Jato, acusado de ter intermediado propina para o partido resultantes de contratos na Petrobras.
"No fim da linha está o objetivo de cassar o registro do partido, como ocorreu em 1947 com o antigo PCB", diz o texto da cartilha petista."
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