- O que Lula pretendia com a troca era fazer, na prática, o impeachment econômico de Dilma
- O Globo
Antes que alguém tivesse a ideia de escrever que vencera o prazo de validade do seu governo, a presidente Dilma Rousseff, de Antália onde se encontrava, cidade ao sul da Turquia, avisou que Joaquim Levy, ministro da Fazenda, permanecerá no cargo.
Foi Lula, há mais de um mês, quem disse que o prazo de validade de Levy havia vencido. Desde então pressionava Dilma para que trocasse Levy por Henrique Meirelles, ex- presidente do Banco Central nos seus dois governos. Meirelles só pensava nisso.
O que Lula pretendia com a troca era fazer, na prática, o impeachment econômico de Dilma. Não só Lula, mas também o PT, interessado em se livrar de Levy e em controlar os passos de Dilma desde a reeleição dela no ano passado.
O último arremedo de reforma ministerial não serviu apenas para enfraquecer Dilma e abrir mais espaço no governo para o fisiologismo. Serviu também para que Lula aumentasse sua capacidade de influenciar o governo e de, ao cabo, mandar nele. Lula plantou dois nomes seus nos gabinetes mais próximos de Dilma: Jaques Wagner na Casa Civil e Ricardo Berzoini na coordenação política do governo. Quis derrubar Levy e despachar José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça.
Cardozo e Lula não se dão bem desde primórdios do PT. E Lula está incomodado com a liberdade que tem a Polícia Federal, subordinada a Cardozo, para investigá- lo, e também seus filhos. Dilma não dá sinais de insatisfação com Cardozo, pelo contrário.
Resta saber se Lula, doravante, recolherá os flaps ou se seguirá insistindo em governar antes do fim do governo de Dilma.
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