Com boas perspectivas para 2019, a agropecuária será de fundamental ajuda para manter a trajetória de crescimento econômico. A próxima safra poderá chegar perto ou até mesmo superar o recorde de 2017, estimulando a economia e bombando as exportações. A mais recente previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a terceira para a temporada, é de que a safra de grãos e fibras em 2018/19 poderá chegar a 238,41 milhões de toneladas, com altos índices de produtividade e condições climáticas favoráveis em todas as regiões produtoras. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que trabalha com o ano-civil e não com o ano-safra, estima que a próxima safra de grãos e oleaginosas será de 231,1 milhões de toneladas, ligeiramente superior à deste ano (1,7%) e a segunda maior da história, atrás dos 240,6 milhões de toneladas de 2017. Se o clima seguir favorável, não se descarta quebrar o recorde.
As projeções da Conab levam em conta os estudos para o clima e o comportamento dos preços. Os produtores de soja anteciparam o plantio, animados pelas chuvas da primavera que vieram intensas, entre outubro e novembro, e criaram boas perspectivas para a segunda safra de milho. As cotações favoráveis do algodão e da soja incentivaram o investimento na lavoura e o aumento da área plantada. A colheita de soja deverá superar 122 milhões de toneladas e alcançar recorde de área plantada de 36,4 milhões de hectares. Certamente o quadro será melhor do que o deste ano, quando as chuvas atrasaram e foram menos abundantes, postergando o plantio da soja ou até obrigando o replantio, reduzindo a safra a 227,2 milhões de toneladas, segundo a décima estimativa do IBGE.
Se as previsões se confirmarem, a agropecuária poderá ajudar a impulsionar a economia, como fez em 2017, quando influenciou a interrupção da trajetória de recessão, que marcou os anos de 2015 e 2016, quando o PIB recuou 3,5% e 3,3%, respectivamente. Em 2017, a economia reagiu e cresceu 1,1%, ajudada pela expansão de 12,5% do PIB agropecuário, que compensou a estagnação da indústria e o crescimento de 0,5% dos serviços. Nesse ano, com a agropecuária em ritmo lento, outros setores tomaram a dianteira. Nos quatro trimestres acumulados até setembro, o PIB cresceu 1,4%, com o avanço de 1,5% dos serviços, de 1,3% da indústria, e com a agropecuária na retaguarda, com 0,4%. Mas uma safra recorde ou próxima a ele em 2019 também tem o potencial de turbinar o PIB de 2019.
Os bons resultados na agropecuária ajudam igualmente a balança comercial. As exportações totais acumularam US$ 220 bilhões neste ano, até novembro, com crescimento de 9,9% em comparação com o mesmo período de 2017, puxadas pela venda de produtos básicos, que cresceu 40% em novembro e 15,7% no acumulado do ano, em consequência do aumento da produção agrícolas e da alta do preço de commodities no mercado internacional. No caso da soja, que registra safra recorde, as exportações cresceram 27% no ano, em dólares. As projeções são que o setor pode arrecadar US$ 100 bilhões em vendas ao exterior no próximo ano em comparação com pouco mais de US$ 90 bilhões neste ano. A disputa comercial entre Washington e Pequim favorece os produtores brasileiros de soja no curto prazo, com elevação de preços e aumento das exportações.
No entanto, a agropecuária não pode fazer muito, sozinha. O setor tem peso de 5,4% no PIB e é responsável por 3,2% do emprego, com 1,5 milhão dos postos de trabalho. Na contribuição para a economia fica à frente da construção civil, que tem peso de 4,8% e emprega 1,8 milhão de trabalhadores. Levando-se em conta o agronegócio como um todo, calcula-se que chegaria a 25% do PIB. Além disso, começa a faltar crédito. Devido à forte demanda nos primeiros cinco meses desta safra 2018/19 de julho a novembro, algumas linhas de financiamento do Plano Safra, com juros mais baixos, já estão com os recursos esgotados e outras correm esse risco. O plantio foi garantido com os desembolsos feitos até agora e por outras fontes de financiamento, inclusive recursos dos próprios produtores, de modo que a safra histórica está garantida. Mas os investimentos em novos equipamentos e instalações de armazenagem entre outros poderão ser afetados, por mais que haja fontes disponíveis de crédito a juros livres, pondo em risco a expansão futura. O Valor relatou que até as linhas alimentadas por recursos do BNDES e de fundos constitucionais escasseiam.
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