- Folha de S. Paulo
De quatro a cinco núcleos dramáticos devem cercar o personagem principal, o Mito
Começa hoje a primeira temporada da nova série política que vai galvanizar o país. O enredo, como pede o gênero, terá intrigas palacianas, disputas pelo poder e conflitos variados.
Quatro ou cinco núcleos dramáticos, como já vazou, vão se distribuir em torno do personagem principal, um militar reformado, conhecido como Mito, que simpatiza com ideias de extrema direita e é um fenômeno eleitoral populista.
O primeiro núcleo é o econômico. O destaque é um economista que, nas palavras de um ex-presidente do Banco Central, “nunca produziu um artigo de relevo, nunca dedicou um minuto à vida pública e não faz ideia das dificuldades”.
Quer aplicar fórmulas que aprendeu na Universidade de Chicago para levar o país à terra prometida do “milk and honey” no reino mágico do ultraliberalismo. Inábil, criará muitos atritos e poderá deixar a temporada antes do fim.
O segundo núcleo é o político. A estrela é um parlamentar sulista, formado em veterinária, que chefia a Casa Civil. Sem envergadura para o cargo, terá que lidar com congressistas gananciosos e oponentes implacáveis, além do confuso partido do Mito. Já admitiu ter aceitado dinheiro de caixa 2 em campanha eleitoral, mas diz que se acertou com Deus.
O terceiro núcleo é o familiar, liderado pelos dois filhos congressistas do Mito, que costuma tratá-los como “garotos”. Anuncia fortes emoções. Será o lado shakespeariano da trama.
O quarto núcleo é o militar, formado por generais reformados alocados em postos estratégicos. Por um lado serão vistos como esteio ético e racional do governo; por outro, despertarão temores sobre um hipotético golpe. Podem se aliar ao protagonista de um possível quinto núcleo, um ex-juiz com fama de paladino na luta contra a corrupção, que foi convidado para o Ministério da Justiça depois de ter encaminhado para a cadeia o maior rival do Mito.
Sim, vai ter muito mais. Isso é apenas uma sinopse. O verdadeiro drama, contudo, é que não será ficção.
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