sexta-feira, 9 de agosto de 2024

J. B. Pontes - Agronegócio: o grande problema do Brasil

O agronegócio empresarial são cerca de dez grandes empresas que produzem unicamente para exportação e que causam irrecuperáveis danos aos biomas – Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica – e à sociedade brasileira, constitui o maior problema do Brasil.

Na grande mídia, o agronegócio exportador se esconde por trás dos pequenos e médios produtores que demonstram o mínimo de preocupação pelo meio ambiente e pela sociedade, de forma a ludibriar os brasileiros. Esta farsa é difundida para confundir a opinião pública e afastar a sociedade de um modelo de país baseado na justiça social, ambiental e econômica.

Conseguem com isso, também, se beneficiar de todos os benefícios creditícios e fiscais concedidos pelo governo aos pequenos e médios produtores rurais. Compara-se, da mesma forma, aos industriais para beneficiar-se das isenções fiscais, assim como das facilidades creditícias a esses deferidos. Apregoa que contribui com cerca de 25% do PIB brasileiro. Mas na metodologia do IBGE, que considera somente a atividade agropecuária, essa contribuição não passa dos 5%.

O Agronegócio – termo utilizado para modernizar a imagem do latifúndio –, na busca desenfreada pelo desenvolvimento e pelo lucro imediato, promove uma superexploração do meio ambiente sem se importar com as consequências, causando sérios e irreversíveis impactos ambientais e sociais, dentre os quais se destacam:

1) O desmatamento descontrolado é o primeiro prejuízo causado pela atividade agropecuária no Brasil. No lugar da flora, grandes áreas desmatadas para receber gado, lavouras de soja e algodão. Biomas ricos em biodiversidade, a exemplo do Cerrado, do Pantanal, da Mata Atlântica e da Floresta Amazônica, estão sendo simplesmente destruídos.

2) Degradação do solo: As técnicas de cultivo inadequadas, o uso intensivo de máquinas e a não rotatividade das culturas levam ao esgotamento dos nutrientes, compactação, erosão e aceleração da desertificação.

3) Esgotamento dos mananciais: As atividades agropecuárias utilizam uma grande quantidade de água, que é retirada de mananciais e de reservatórios subterrâneos. Esta prática está acarretando a diminuição do volume ou até mesmo o esgotamento de rios e lençóis freáticos, o que já é visível no cerrado e no Pantanal.

4) Contaminação do solo, ar e água, ocasionado pelo uso intensivo e indiscriminado de agrotóxicos, fertilizantes e antibióticos pelo agronegócio exportador. O veneno lançado nas plantações ou no pasto espalha-se pelo ar, infiltra-se no solo, atingindo o lençol freático e sendo levado pela água da chuva para os mananciais. Tudo isso com o objetivo de produzir commodities, para serem exportadas in natura, ou seja, sem nenhum beneficiamento ou industrialização. Ademais, com o uso exagerado de máquinas, a carência de mão de obra humana é reduzida, resultando na geração de poucos empregos e renda no País.

5) Além da degradação ambiental, que é a face mais conhecida dos danos causados, importa salientar-se que o agronegócio empresarial, por ser dependente de grandes extensões de terra, acarreta a concentração fundiária, com aumento dos conflitos agrários pela posse de terras, aumento da concentração de renda e da desigualdade no meio rural. Com isso, provoca o êxodo rural, com evidentes prejuízos aos pequenos produtores tradicionais, que são expulsos para a periferia das grandes cidades.

Em síntese, o agronegócio exportador causa prejuízos irreversíveis aos biomas Cerrado, Pantanal e à Floresta Amazônica; promove a maior concentração de terra e de renda; gera poucos empregos e renda; traz efeitos perversos sobre a saúde humana e deixa atrás de si um rastro de conflitos e violência.

 Será que as vantagens do agronegócio, numa perspectiva meramente econômica, compensam todos estes impactos ambientais, sociais e econômicos negativos gerados?

O grande desafio dos governantes é fazer com que os empresários exportadores diminuam o ímpeto pelo lucro imediato para atender aos apelos das agências estatais para o desenvolvimento sustentável do agronegócio no País, de forma a causar menos prejuízos ao meio ambiente e à sociedade. A fragilidade dos órgãos fiscalizadores, incapazes de impor sanções severas aos que praticam crimes ambientais, também contribui para a perpetuação das práticas maléficas.

*Geólogo, Advogado e escritor

Um comentário:

Daniel disse...

Muito bom!