quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Vera Rosa -Vem aí mais emoção na Abin paralela

O Estado de S. Paulo

Agentes da PF descobriram ligações perigosas entre o caso da espionagem e a tentativa de golpe

A Polícia Federal prevê muito mais emoção, até as eleições de outubro, na trama da Abin paralela. Não sem motivo: ao cruzar provas obtidas no inquérito que apura a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 com o material apreendido nas diligências sobre a atuação da Agência Brasileira de Inteligência, agentes da PF descobriram ligações perigosas entre os dois casos.

A apuração é mantida sob sigilo, mas os investigadores estão convencidos do envolvimento do deputado Alexandre Ramagem (PL), ex-diretor-geral da Abin, e do ex-presidente Jair Bolsonaro em um plano para abolir o estado democrático de direito após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Para a PF, as ações começaram com a espionagem de adversários de Bolsonaro, entrelaçaram-se com milícias digitais e incluíram nesse “combo” a proteção dos filhos do então presidente.

Tudo indica, até agora, que um novo escândalo vá estourar perto das eleições municipais. Ramagem é candidato do PL à prefeitura do Rio, com aval de Bolsonaro, que também apoia o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Quando a Operação Última Milha, deflagrada pela PF, ampliou as suspeitas sobre a Abin, no mês passado, Ramagem procurou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que é seu amigo. A portas fechadas, garantiu a ele que nunca o espionou.

A quarta fase da Última Milha – nome dado em alusão ao equipamento de espionagem First Mile – revelou, porém, detalhes de ações clandestinas da Abin contra ministros do Supremo

Tribunal Federal, parlamentares e jornalistas. De 2019 a 2022, cerca de 1,5 mil telefones foram alvo de bisbilhotagem ilegal, paga com dinheiro público.

Procurados, Bolsonaro e Ramagem não quiseram se manifestar. Nos bastidores, aliados do ex-presidente mostram preocupação com o impacto de um novo escândalo, às vésperas das eleições, após ele ter sido indiciado no caso da venda de joias que ganhou de governos estrangeiros.

Por enquanto, o PL não admite substituir Ramagem na chapa. O deputado tem afirmado que, se houve uma Abin paralela, nada teve a ver com isso. Mas e-mails escritos por ele, sugerindo uma “atitude belicosa” a Bolsonaro, vão em outra direção.

Ricardo Nunes, por sua vez, jura que não vai esconder o expresidente. Tem até um argumento na ponta da língua para escapar da saia-justa: “Não quero nacionalizar a campanha”.

Sempre que é questionado sobre as investigações, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, vai além e diz não ver motivo para a prisão de Bolsonaro. “Se isso ocorresse, ele elegeria até um poste”, calcula Valdemar. Será? Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay...

 

2 comentários:

Anônimo disse...

A Máfia estendia seus tentáculos ao Estado com a cumplicidade e estímulo do ex-presidente - um gângster medíocre no comando do Brasil

Anônimo disse...

O miliciano Jair Bolsonaro sempre atuou como mafioso do baixo clero, e assim se manteve durante os 4 anos de seu DESgoverno. Mentiroso, incompetente e criminoso, só se interessava por rachadinhas e rachadões.