A presidente Dilma Rousseff determinou a abertura de crédito extra no orçamento para que haja toda a verba necessária à reconstrução da base brasileira na Antártica, destruída no úlitmo sábado por um incêndio, no qual morreram dois militares. Estima-se que isso custará ao menos R$20 milhões. Ontem, em meio a cansaço e dor pela morte dos colegas, voltaram ao país as 45 pessoas que estavam na base.
Dilma determina reconstrução
Investimento mínimo para limpeza e início da recuperação da estação é de R$ 20 milhões
TRAGÉGIA NO GELO
A presidente Dilma Rousseff determinou a abertura de crédito extraordinário no Orçamento de 2012 para reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), destruída após o incêndio da madrugada do último sábado. A contabilidade dos danos e a investigação das causas do acidente já começaram. A frente parlamentar do Programa Antártico (Proantar) calcula que, este ano, será necessário um investimento mínimo de R$ 20 milhões para limpar o local do acidente e começar o trabalho de reconstrução. Em 2012, o orçamento autorizado pelo Congresso para pesquisa e manutenção soma, porém, apenas R$ 11,8 milhões.
Ontem, a Marinha fez em Brasília a primeira reunião sobre avaliação de danos e de planejamento da estratégia de reconstrução, de acordo com a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), vice-presidente da frente parlamentar do Proantar. A presidente Dilma determinou ao Ministério do Planejamento que, nos próximos dias, as pastas da Defesa e de Ciência e Tecnologia apresentem a conta do prejuízo, que deverá ser integralmente atendida. No domingo, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, afirmou ao GLOBO que há urgência para fazer o inventário do que não foi destruído e contabilizar o montante necessário para a recuperar o estrago.
Esclarecimentos no Senado
A frente parlamentar do Proantar marcou reunião para amanhã, quando também deverá discutir os rumos do programa. Hoje, o Senado deve aprovar convite para que os ministros Celso Amorim (Defesa) e Raupp prestem esclarecimentos em audiência conjunta das comissões de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, de Ciência, Tecnologia, Inovação e de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Representantes dos pesquisadores que trabalham na Antártica também serão convidados.
- Sem dúvida, o governo, o Congresso e a sociedade deverão dar uma resposta à tragédia. Creio que, este ano, é preciso, no mínimo, de R$ 20 milhões para limpar o local, começar a reconstrução e resgatar a embarcação de combustível que afundou em dezembro de 2011. Sem isso, será uma vergonha nacional - afirmou Jô Moares.
Falha na praça de máquinas
A possibilidade de uma falha elétrica na praça de máquinas da base continua sendo a principal linha de investigação da Defesa sobre as causas do acidente. Ontem, a Marinha, em nota, afirmou que os gastos na Antártica cresceram substancialmente a partir de 2005, quando a média anual de investimento saiu de R$ 3 milhões até atingir R$ 15 milhões, em 2010. No ano seguinte, entretanto, o valor executado caiu para R$ 8,72 milhões. A Marinha rejeitou qualquer relação entre o acidente e a restrição orçamentária.
"É importante sublinhar que o incidente ocorrido na EACF não teve relação direta com os investimentos realizados no Proantar. As causas do incidente estão sendo apuradas por meio de inquérito policial militar", informou a Marinha, em nota ao GLOBO.
A Marinha não se pronunciou sobre os motivos da queda do orçamento. Porém, informou que, em anos anteriores, ocorreu uma série de investimentos, como ampliação do número de camarotes e dos laboratórios; e modernização dos sistemas de informática e de comunicações.
"A Marinha teve um aumento de recursos para atender às necessidades do programa que permitiram, entre outras ações, a revitalização, a ampliação da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e a implementação, que ainda estava em curso, de um sistema de gestão ambiental (SGA), coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA)", explicou Marinha, em nota.
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Aloizio Mercadante, hoje no comando do Ministério da Educação, não quis se pronunciar sobre a queda dos gastos em 2011.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que integra a frente parlamentar, salientou que, além dos recursos destinados ao programa antártico, as pesquisas são subsidiadas com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (FNDT). O senador explicou que o espaço brasileiro no continente tem um aspecto estratégico, pois foi assegurado na sequência do Protocolo de Madri, mecanismo diplomático que levou ao fim da disputa territorial sobre a Antártica.
- Temos um compromisso muito grande e precisamos, agora, olhar para o futuro - disse o parlamentar.
FONTE: O GLOBO
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