terça-feira, 3 de julho de 2012

PT: Roberto registra candidatura no TRE em Belo Horizonte

O vice-prefeito Roberto Carvalho, escolhido em convenção em BH para enfrentar Marcio Lacerda (PSB) em outubro, registrou-se como candidato e ameaça recorrer à Justiça se a Executiva Nacional do partido homologar o nome de Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que tem aval de Lula e Dilma Rousseff. "Essa tentativa de mudança é um desrespeito", diz Roberto.

Ação contra a rasteira

Escolhido na convenção do partido, Roberto Carvalho registra seu nome como candidato a prefeito de BH e ameaça ir à Justiça contra tentativa da Executiva de impor Patrus Ananias

Isabella Souto, Juliana Cipriani e Alessandra Mello

"Essa tentativa de mudança é um desrespeito, uma palhaçada de quem perdeu e não sabe reconhecer a derrota" - Roberto Carvalho, vice-prefeito (ao registrar ontem no TRE sua candidatura a prefeito de BH)

A decisão de quem será o candidato do PT a prefeito de Belo Horizonte pode parar na Justiça. Dois dias depois do rompimento com o PSB, de Marcio Lacerda, o atual vice-prefeito, Roberto Carvalho (PT), escolhido candidato do partido em convenção, registrou ontem no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) seu nome para concorrer ao cargo e ameaçou acionar a Justiça em caso de intervenção. Isso porque a Executiva Nacional entrou no processo para homologar, hoje, a troca do seu nome pelo do ex-ministro Patrus Ananias. A tentativa de mudança, no entanto, vai ser uma tarefa difícil, já que, de acordo com a legislação eleitoral, um nome já registrado só pode ser trocado se for indeferido, o candidato renunciar ou morrer.

Carvalho registrou sua candidatura a prefeito com o nome do secretário do PT Geraldo Arcoverde como vice para que, caso haja aliança com PMDB, PRB e PDT, o companheiro de chapa seja substituído.

"Essa tentativa de mudança é um desrespeito, uma palhaçada de quem perdeu e não sabe reconhecer a derrota. Coloquei para a direção nacional que essa é a candidatura legal, legítima e aprovada em convenção. Está registrado, só troca se eu concordar", afirmou Carvalho. Sobre a possibilidade de abrir mão para Patrus, o vice disse ter conversado com o ex-ministro há um ano sobre o assunto e que ele próprio não quis. Agora, uma mudança de postura só ocorreria se decidida junto com a militância. "Mas o nome de Patrus não está colocado. Já estou preparando para quinta-feira um ato de lançamento da minha candidatura", afirmou.

O argumento da Executiva mineira da legenda é que, pelo estatuto interno, apenas a opção de ter candidatura própria foi válida. Como a capital tem mais de 200 mil eleitores, a escolha do candidato teria que ser feita pelos 500 delegados, com análise posterior da cúpula nacional. Como não há tempo para realizar um novo encontro com os militantes, a única palavra será do grupo encabeçado pelo presidente nacional, Rui Falcão.

A candidatura de Patrus Ananias foi defendida ontem pelo presidente estadual petista, Reginaldo Lopes, e pelo deputado Miguel Corrêa Jr (PT), duas horas depois de Marcio Lacerda anunciar Josué Valadão (PP) como candidato a seu vice. Hoje petistas mineiros se reúnem com Rui Falcão em São Paulo, quando explicarão a situação em Belo Horizonte. Em coletiva no início da tarde, eles fizeram um apelo para que Roberto Carvalho desista da disputa em nome da "unidade" partidária. "Este é o modelo que retratará a totalidade do PT", afirmou Miguel Corrêa, que se dispôs a compor a chapa com Patrus. Até então, ele havia sido indicado para vice de Lacerda.

Roberto Carvalho considerou ilegítima a coletiva dos dirigentes feita antes da reunião da Executiva Estadual, marcada para três horas depois. "Acho que as lideranças que foram enganadas pelo PSB e disseram até sábado de manhã que haveria coligação de vereadores – que não teve – deveriam ter humildade de assumir que erraram, enfiar a viola no saco e ajudar o PT", afirmou.

De acordo com Reginaldo Lopes, a opção da estadual por Patrus tem o aval de Lula e da presidente Dilma Rousseff (PT). A direção estadual deixou claro ainda que o partido está "tranquilo" e com disposição total para sair às ruas pedindo votos para Patrus. A legenda iniciou no domingo conversas com PRB, PRP, PCdoB, PDT e PMDB na busca de apoio. No início da noite, os integrantes da Executiva Estadual aprovaram o texto que será entregue hoje a Rui Falcão.

Traição. O rompimento do PT com o PSB tem como pano de fundo a decisão dos socialistas de não se aliarem com os petistas na disputa pelas 41 cadeiras de vereador. Essa era a condição do PT para se manter na coligação. A atitude dos ex-aliados foi classificada como uma "traição", pois em 9 de abril o presidente estadual do PSB, Walfrido dos Mares Guia, encaminhou uma carta ao Grupo de Táticas Eleitorais (GTE) do PT em que disse afirmou: "Com relação ao estabelecimento de coligação proporcional com o PSB, manifestamos nossa aceitação em fazê-la com o PT e os outros partidos aliados, com os quais estabeleceremos as condições, após o fechamento da chapa majoritária". No sábado, a versão foi outra: "O PSB BH decidiu lançar chapa própria para eleição de vereadores".

A discussão sobre a chapa para a Câmara Municipal se estendeu até as 4h de sábado – último dia para as convenções partidárias. "Nós avisamos que o descumprimento de um acordo por escrito traria graves consequências", contou Reginaldo Lopes. Poucas horas depois, ele acompanhou Miguel Corrêa e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, na convenção do PSB. Os três não participaram do encontro petista, marcado para o início da tarde do mesmo dia. As especulações são que durante a tarde, por pressão do PSDB, que não concorda com a aliança proporcional entre PT e PSB, os socialistas recuaram.

FONTE: ESTADO DE MINAS

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