• Comitê de Aécio acredita que Dilma não poderá mais explorar Mundial; ideia é que sucesso extracampo seja atribuído ao povo, não ao governo
Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, avalia que a derrota acachapante do Brasil deve anular as tentativas do governo Dilma Rousseff de explorar politicamente a realização do evento em solo nacional. O comitê tucano vai apenas esperar o "luto" em razão do fiasco em campo passar para retomar as críticas à política econômica.
A ideia agora é que, ao falar do campeonato, Aécio credite o sucesso extracampo ao povo brasileiro, e não ao governo. O tucano deve insistir que o legado da Copa poderia ter sido muito melhor se o governo tivesse entregado as dezenas de obras previstas. Os estrategistas tucanos, porém, não acreditam que as discussões sobre o tema sobrevivam até outubro, mês das eleições.
Cuidado. Enquanto não passar a euforia, os agentes políticos do PSDB estarão pisando em ovos nos próximos dias para não deixar escapar frases infelizes que possam ferir o fragilizado torcedor e serem exploradas nos programas eleitorais de TV pela situação, que já acusa seus opositores de serem "pessimistas".
Segundo assessores, Aécio tem dito nas reuniões internas que o torcedor não pode sentir "cheiro de oportunismo político" ou o tiro sai pela culatra.
Aécio foi pelo menos duas vezes a estádios durante esta Copa. A primeira no Maracanã, no Rio de Janeiro, onde viu a Alemanha se classificar para a semifinal contra a França.
O candidato tucano à Presidência não divulgou a agenda à imprensa. Horas depois do jogo, publicou em uma rede social foto com a filha Gabriela, que o acompanhou ao lado do empresário Alexandre Accioly.
Na terça-feira, Aécio foi ao Mineirão, em Minas, sua terra natal. Também não divulgou a agenda. Alguns assessores chegaram até a negar que ele estivesse no estádio. No fim, confirmaram que o tucano esteve na arquibancada ao lado de outros políticos mineiros, até porque o filho de um aliado publicou foto com Aécio no Mineirão em uma rede social.
Críticas. O candidato a vice-presidente na chapa de Aécio, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), afirmou que Dilma "caiu no ridículo" ao tentar explorar o futebol desde o início dos jogos como se a gestão dela tivesse algo a ver com o que se passa no campo. Na véspera do fiasco do jogo contra a Alemanha, a presidente chegou a divulgar uma foto imitando gestos de Neymar. "A Dilma acabou caindo no ridículo fazendo aquele gesto do 'tóis' porque tentou explorar o sofrimento do Neymar (quando ele ficou de fora dos jogos ao quebrar uma vértebra) e também porque tentou pegar carona na esperança do povo brasileiro." Aloysio aposta que, diante da derrota da seleção anfitriã, "agora ela vai deixar morrer o assunto Copa, você vai ver", apostou. "Agora as pessoas vão voltar para suas vidas normalmente, para os seus problemas e voltaremos a discutir sobre inflação, obras inacabadas e novos projetos para o País."
Existe uma corrente dentro da equipe da campanha de Aécio defendendo deixar o assunto Copa morrer o mais rápido possível. Esse grupo diz que a agenda da Copa é de Dilma e só interessa a ela. Há outra corrente que defende uma posição mais agressiva de Aécio. Sem tratar do que aconteceu no gramado, pois isso todos concordam internamente que é um tema pertencente ao torcedor e não aos políticos, o candidato deveria aproveitar para criticar até o que deu certo na Copa. É preciso, segundo esse grupo, criticar a oportunidade perdida para que mais obras de infraestrutura fossem concretizadas no País. Nesse aspecto, dizem, não há sucesso na Copa, e sim fracasso. / Colaborou Pedro Venceslau
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