• Deputado diz que PMDB não reconhece petista Henrique Fontana como líder da base
Cristiane Jungblut e Júnia Gama – O Globo
BRASÍLIA- Líder do PMDB na Câmara e apontado como favorito na disputa à Presidência da Casa, Eduardo Cunha (RJ) rebateu via Twitter as declarações dadas no dia anterior pelo líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (P T-RS) e anunciou que o PMDB não reconhece mais o petista como líder da base e não participará de discussões que o tenham como interlocutor . As declarações azedaram ainda mais a relação do PMDB da Câmara com o governo. "Ele se comporta como líder do PT no governo e não como líder de um governo que tem vários partidos em sua base. O senhor Fontana sempre foi um líder fraco, desagregador, radical em suas posições e que levou o governo a várias derrotas por suas posições. A bancada do PMDB na Câmara não reconhecerá mais sua liderança e não se submeterá mais a ela. Não participaremos de nenhuma discussão sobre matérias do governo em que ele seja o interlocutor", disse Cunha em uma série de mensagens publicadas ontem.
Chinaglia conquista apoio do PSD
Fontana apoia a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT -SP) e ontem participou de reuniões com o petista. O líder do governo disse ao GLOBO que sua resposta a Cunha era continuar fazendo campanha para o petista. — Meu papel não é brigar com o Eduardo Cunha e sim defender a candidatura do Arlindo Chinaglia. Vou continuar fazendo campanha para o Arlindo. E mantenho todas as declarações que dei — disse Fontana. Na quarta-feira, Fontana classificou como "inaceitável" o fato de Cunha ter se declarado vítima de uma armação supostamente orquestrada pela Polícia Federal, a mando do governo, com o objetivo de constranger sua candidatura.
Cunha convocara uma entrevista na véspera em que disse ter sido procurado por um homem, que se apresentou como delegado da Polícia Federal, e que teria denunciado uma articulação no órgão para incluir o nome do peemedebista em um inquérito em andamento. Cunha disse ter relatos de interferência do governo na disputa pela Presidência da Câmara e falou que isso poderia deixar "sequelas". Cunha e Chinaglia avançaram ontem nas negociações de apoios para suas candidaturas. O PSD, do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, formalizou apoio à candidatura petista. Nos cálculos de Chinaglia, ele teria agora 126 votos dos 257 necessários para ser eleito em primeiro turno.
Durante o anúncio, Chinaglia aproveitou para rebater acusações de Cunha de interferência do governo na disputa. — Você acha normal o vice-presidente da República (Michel Temer) apoiar uma candidatura? A mim atribuíram ser suposto beneficiário de uma ação do governo. Sob o ponto de vista democrático, o vice-presidente tem toda legitimidade e não vou reclamar porque ele assinou uma nota apoiando o candidato do PMDB — disse Chinaglia. Gilberto Kassab vinha mantendo conversas com Cunha, mas sua escolha para compor o Ministério pesou na definição de apoio ao PT . O anúncio foi feito pelo deputado eleito Rogério Rosso (PSD-DF), que disse ter chegado à decisão após consultas aos 36 deputados do partido que estarão na Câmara a partir de 1º de fevereiro.
— O PSD integra a base de apoio da presidente Dilma, portanto é uma questão bem natural — disse Rosso. Eduardo Cunha, por sua vez, se reuniu em São Paulo com o deputado Paulo Pereira da Silva (SD- SP), o Paulinho da Força, e recebeu o apoio do Solidariedade . Paulinho disse que vai conversar com o senador Aécio Neves (PSDB- SP), a quem apoiou na eleição presidencial, para convencê-lo de que é melhor retirar a candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) — que tem o apoio da oposição. — Estamos convencidos de que a candidatura de Júlio Delgado já está derrotada e serve hoje aos interesses do Chinaglia, do PT.
Fechamos com o Cunha — disse Paulinho. Ao saber da articulação, Delgado afirmou que já havia um entendimento de que parlamentares do Solidariedade votariam em Cunha, mas o comando do partido fecharia o bloco de atuação parlamentar com o PSB e outros partidos. Com o SD, o bloco tem 121 deputados. Sem, fica com 106. — Já avisamos que os parlamentares poderiam votar como quisessem, mas só pode ter um bloco de atuação parlamentar — disse Delgado.
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