• Alckmin diz que analisará proposta, mas outros tucanos criticam medida
Maria Lima, Thiago Herdy, Simone Iglesias e Sílvia Amorim- O Globo
- BRASÍLIA- Governadores aliados que receberam da presidente Dilma Rousseff a missão de brigar no Congresso pela aprovação da CPMF — com uma alíquota maior de 0,38%, para dividi- la com estados e municípios — passaram o dia ontem tentando mobilizar colegas da oposição para uma reunião que farão hoje com as bancadas na Câmara. Mas os governadores da oposição resistem a dar seu aval para recriar o “imposto do cheque”.
A proposta inicial do governo é de uma alíquota de 0,2%, destinada exclusivamente à União, o que representar ia uma ar recadação extra de R$ 32 bilhões.
O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, deu ontem uma maratona de telefonemas para tentar convencer governadores do PSDB e do PMDB a irem hoje a Brasília.
Governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori ( PMDB) disse que não poderia deixar seu estado porque enfrenta votações importantes na Assembleia Legislativa. No entanto, anunciou ser favorável a uma nova CPMF, “desde que seja compartilhada com estados e municípios, mediante critérios justos”. Até o fim do dia, os governadores do PSDB Geraldo Alckmin ( São Paulo), Beto Richa ( Paraná) e Marconi Perillo ( Goiás) ainda não tinham confirmado se participariam do encontro.
— Agora tudo vai depender da arte da conversa. Que é preciso fazer um ajuste, é. Não tem jeito. As contas não fecham, principalmente na Previdência — disse Pezão.
Alckmin evitou se posicionar sobre o assunto. Disse que pretende analisar todo o pacote de propostas apresentadas pelo governo federal para se manifestar. O tom adotado por Alckmin é diferente do discurso feito por ele no fim de agosto, contra o retorno da CPMF, em evento do PSDB.
— Vou aguardar ainda para a gente verificar o conjunto das propostas do governo. O que a gente percebe é que o corte de gasto anunciado é mais virtual. Agora, o aumento de imposto é real e num momento de dificuldade da economia — afirmou o governador, durante uma visita ontem de manhã a Sorocaba, no interior paulista.
Divisão do ônus
O presidente do partido, senador Aécio Neves ( MG), chamou de “covardia escancarada” a estratégia do governo de jogar no colo dos governadores o ônus pela aprovação da nova CPMF com uma alíquota maior, apesar de ter sinalizado que pode apoiar outras medidas do ajuste. Procurados, os governadores tucanos Beto Richa ( Paraná), Pedro Taques ( Mato Grosso) e Simão Jatene ( Pará) criticaram o novo imposto.
— A ideia de dividir o percentual com estados e prefeitos me parece mais uma tentativa de dividir o ônus político da criação de um novo imposto, do que desejo de ajudar os administradores. Não dá para penalizar o contribuinte com mais taxas — disse Richa.
Filho do presidente do Senado, Renan Calheiros ( PMDBAL), o governador de Alagoas, Renan Filho ( PMDB- AL), mostrouse um dos mais entusiasmados defensores da volta da CPMF. Após participar de jantar com a presidente Dilma Rousseff, anteontem, ele voltou a Alagoas para anunciar sua posição e ajudar a articular a adesão de mais estados. Ontem à tarde, retornou a Brasília para reunião no Palácio do Planalto.
Já o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo ( PSD), disse ser contra a volta da CPMF.
— Tenho compromisso com a sociedade catarinense de não apoiar o aumento de impostos, nem em âmbito estadual ou federal — disse.
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