• Distribuição entre Brasil, Estados Unidos e Suíça dos valores da multa a ser paga por empreiteira causa divergência
Jailton de Carvalho - O Globo
-BRASÍLIA- Procuradores responsáveis pelas investigações da Operação Lava-Jato suspenderam ontem as negociações finais para a assinatura dos acordos de delação do empresário Marcelo Odebrecht e de mais 76 executivos da empreiteira, segundo informou ao GLOBO uma fonte do caso. As negociações devem ser retomadas na segunda-feira.
Pelo planejamento inicial, os acordos começariam a ser assinados na quarta-feira e as assinaturas seriam encerradas hoje. Mas uma série de dúvidas surgidas quando advogados e procuradores já estavam reunidos obrigaram as duas partes a adiar o desfecho das delações mais esperadas desde o início da Lava-Jato.
Um dos empecilhos à assinatura dos acordos está relacionado à distribuição dos valores da multa a ser paga pela Odebrecht, algo em torno de US$ 2 bilhões (R$ 6,6 bilhões), entre Brasil, Estados Unidos e Suíça. Autoridades americanas exigiram um valor maior que o previsto inicialmente, mas os procuradores da Lava-Jato entenderam que não poderiam abrir mão das somas a serem destinadas aos cofres brasileiros.
A partir daí, os negociadores começaram a discutir uma fórmula para resolver a questão. As tratativas seriam retomadas numa teleconferência hoje. Mas, por conta do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, as conversas foram adiadas para a próxima semana. Outros detalhes também teriam contribuído para o atraso no desfecho do caso.
A Procuradoria-Geral da República e a assessoria da Odebrecht não se manifestaram sobre a questão. Advogados e réus começaram a chegar em Brasília na última terça-feira. Na quarta-feira, pouco antes da reunião na sede da Procuradoria-Geral, os envolvidos nas negociações diziam que todos os acordos seriam assinados, no mais tardar, até ontem. Diante do impasse, tiveram que deixar a tarefa para a próxima semana.
As delações atingem mais de 130 políticos e, segundo fontes ligadas à investigação, vão atingir líderes de todos os grandes partidos.
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