Para o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), o importante é negociar pontos da reforma que podem ser flexibilizados
Daiene Cardoso e Isadora Peron | O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Novo líder da maioria na Câmara, o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) admitiu que hoje não há maioria para aprovar a Reforma da Previdência, mas que o esforço é para construir o caminho que leve aos 308 votos necessários para aprovar, em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC). "Ela (maioria) está sendo construída", declarou.
O deputado revelou que a estratégia em andamento é detectar os pontos de convergência no texto proposto pelo governo, os itens que geram conflito mas que podem ter acordo e os pontos onde as bancadas não estão dispostas a ceder. A questão das aposentadorias especiais é um dos principais pontos de desacordo. Nesses casos de regime especial, profissionais de determinadas categorias acabam se aposentando precocemente.
O foco, destacou Coimbra, é trabalhar as opiniões em comum e negociar o que pode ser flexibilizado. "Isso (pontos sem acordo) só vai ser resolvido na disputa de voto", afirmou. Coimbra disse que a semana pós-carnaval serviu para que o governo "sentisse o pulso" dos deputados e ouvisse as ponderações em relação a PEC.
Os aliados do governo, no entanto, ainda não estão contando voto por voto na Casa. "Não há adensamento ainda que tenha possibilitado um pensamento médio claro que nos possibilite fazer mensurações", respondeu. O peemedebista minimizou manifestações de partidos da base, como o PSB, contra a reforma e lembrou que o partido tem o Ministério de Minas e Energia.
"Temos a consciência de que as pessoas que estão na base do governo estão compartilhando o governo. Então elas tem responsabilidades junto com o governo", observou. O líder reconheceu que a tarefa de atingir os 308 votos é complexa e disse que não há reforma sem "perdas e ganhos".
Coimbra contou que o esforço de agora é levar a mensagem do governo aos deputados, seja com as duas aulas semanais oferecidas ou com o corpo-a-corpo do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nas bancadas. De olho nos fatores incontroláveis externos, como os desdobramentos da Operação Lava Jato, e a proximidade das eleições gerais de 2018, o governo trabalha com a aprovação da PEC até maio na Câmara.
Oficialmente, a pressa para aprovar a proposta se deve à necessidade de dar sinais positivos que favoreçam a retomada do crescimento econômico. "Quanto mais rápido resolvermos isso, mais rápido nós temos a possibilidade de apresentar resultados". Coimbra deve ser formalizado como líder da maioria na próxima semana, quando será votado um projeto de resolução criando o cargo. O peemedebista dividirá a articulação política da base aliada com o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
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