terça-feira, 28 de novembro de 2017

Arrumação no ninho

Poder em jogo / O Globo

Depois de seis meses de crise, detonada pelas denúncias contra Aécio Neves e a participação do partido no governo Temer, o PSDB espera ter dado ontem um passo para ajustar o foco e entrar na campanha eleitoral unido em torno de Geraldo Alckmin. Ao contrário de possíveis concorrentes que ainda se mostram indecisos, como Marina Silva e Joaquim Barbosa, o governador paulista já vestiu o figurino de candidato: “Preparado para o Brasil” é a marca de suas redes sociais. Na presidência do PSDB, Alckmin terá de costurar alianças em meio à fragmentação política atual e se firmar como o candidato que unirá as forças de centro. Para isso, precisará dar um rosto ao partido, hoje desfigurado e sem unidade nem mesmo em relação a bandeiras do passado, como a reforma da Previdência.

Em busca do discurso
O PSDB lança hoje diretrizes para a renovação do programa do partido. O documento “Gente em primeiro lugar: o Brasil que queremos”, preparado pelo Instituto Teotônio Vilela para debate, propõe dobrar a renda per capita real da população em vinte anos, associa educação e emprego e dá ênfase à tecnologia. Para o presidente do ITV, José Aníbal, o país precisa de um “choque de planejamento” para superar a devastação da economia. Na eleição presidencial de 1989, o então candidato tucano, Mário Covas, propôs um “choque de capitalismo” no Brasil.

Braços abertos
O DEM tenta afastar hoje os últimos entraves à entrada de deputados do PSB no partido. Em alguns diretórios estaduais, há resistência a trocas de comando que ocorrerão para ceder espaço a esse grupo. Como parte do acordo, serão anunciadas mudanças no programa partidário, com destaque para a segurança pública e a área social — promessa feita aos dissidentes do PSB para justificar a migração de uma legenda de esquerda para uma de direita. Em dezembro, o DEM fará sua convenção nacional. Em 2014, disputou os governos da Bahia e no Acre, sem sucesso. Em 2018, quer lançar 12 candidatos. Aposta em ACM Neto (BA), Ronaldo Caiado (GO) e Mendonça Filho (PE).

Imprevisível
A reforma trabalhista entrou em vigor há apenas 17 dias, mas ninguém sabe como ficará daqui a algumas semanas. A medida provisória que altera pontos da legislação aprovada já recebeu 967 emendas, um exemplo do tamanho da insegurança jurídica no país. O esforço parlamentar para mudar leis pode ser medido também pelo número de emendas constitucionais. Há 1.673 propostas de mudança da Carta em tramitação. Desde a promulgação da Constituição, em 1988, já houve 97 alterações.

Sem bússola
Líderes das maiores centrais sindicais do país querem se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, esta semana. Pretendem saber se ele realmente tem a intenção de colocar a reforma da Previdência em votação em 6 de dezembro. Marcaram uma paralisação em 5 de dezembro e estão com medo de pagar mico. Vão aproveitar e reforçar a pressão para que a reforma da Previdência fique para o ano que vem.

Todos contra um
O Senado deve aprovar amanhã projeto que unifica as alíquotas de ICMS cobradas sobre querosene de aviação. Um acordo selado pelas empresas do setor prevê o lançamento de 198 novos voos a com nova alíquota, de 12%. O único estado contrário é São Paulo, que recentemente foi derrotado na votação da proposta que convalidou os incentivos fiscais concedidos por governadores.

Garantias para o caixa
Representantes de 19 entidades filantrópicas do país estarão em Brasília hoje para defender, na Câmara, regras estáveis para um modelo de capitalização que financie suas atividades. Segundo o setor, a dependência dessas fontes de recursos é de 80% a 100% em alguns casos. Em dois anos e meio, cerca de R$ 360 milhões foram provenientes desses produtos financeiros.

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