Joelmir Tavares, Renan Marra, Thaiza Pauluze / Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Pré-candidato à Presidência da República, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse nesta segunda-feira (27) que os partidos serão coadjuvantes na eleição de 2018.
"Ninguém vai votar em partido. Os partidos estão fragilizados, desgastados. [Os eleitores] vão votar nas pessoas", disse o tucano ao participar de seminário promovido pela revista "Veja".
A afirmação foi feita após uma pergunta sobre os arranhões na imagem de seu partido, o PSDB, que Alckmin poderá presidir a partir de dezembro.
Como a Folha publicou, o senador Tasso Jereissati (CE) abriu mão da candidatura para a direção da legenda em nome do governador de São Paulo
O governador paulista, entretanto, foi pouco explícito sobre a possibilidade durante o evento e disse que o assunto está sendo discutido internamente. "Pode [ser meu nome ou] pode ser outro também."
Para Alckmin, a crise de representatividade nas democracias é geral e se repete em outros países. Ele acredita, no entanto, que há "gente boa" em muitos partidos.
"Decidido quem for o candidato [do PSDB], tem que fazer alianças e um movimento em torno de uma proposta, [...] um movimento para o Brasil crescer."
O tucano seguiu: "Não há modelo político pior do que o do Brasil. Falido, falido. Isso é um fato".
Alckmin também foi questionado sobre o pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) para abrir inquérito contra ele, com base na delação da Odebrecht. O governador é acusado de receber, por meio de um cunhado, recursos de caixa dois nas eleições de 2010 e 2014.
"Minhas campanhas sempre foram baratas, econômicas e rigorosamente dentro da lei", disse ele, defendendo a "transparência total".
"Eu tenho consciência absolutamente tranquila."
DORIA
Alckmin disse que apoiaria o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), se ele fosse escolhido pelo partido para disputar a Presidência.
Antes, no mesmo evento promovido pela revista, o afilhado político do governador desconversou sobre a eleição do ano que vem e disse querer evitar um embate com Alckmin.
"Nunca me apresentei como pré-candidato a presidente da República", afirmou Doria. Ele defendeu que se apresente uma candidatura de centro —nas palavras dele, necessária para o país.
"Não quero desrespeitar nenhum candidato nem à esquerda nem à direita, mas o Brasil precisa ir para a frente", afirmou, clamando por um projeto liberal, que busque um Estado mais eficiente e esteja disposto a fazer privatizações.
"Eu estarei apoiando essa corrente, e para isso eu não preciso nem me autocandidatar nem me autovalorizar nem me colocar dentro desse contexto."
Doria reiterou sua "estima e profunda admiração" por Alckmin, "um homem, probo, decente, correto". "Não há a menor hipótese de me contrapor ou estabelecer qualquer linha de fissura ou distanciamento com o governador de São Paulo."
O prefeito, nos últimos dias, recuou do projeto presidencial e passou a admitir que pode disputar o governo do Estado no ano que vem.
Durante sua participação no seminário, porém, Alckmin afirmou que Doria "ainda não disse que não pretende" concorrer ao Planalto.
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