- O Globo
A medida da nossa tragédia econômica pode ser traduzida pelo recente número divulgado de nosso PIB per capita, o valor de tudo que geramos de renda dividido pelo número de habitantes do país.
PIB revela dimensão da nossa tragédia econômica. Aeconomista Monica de Bolle, professora da Johns Hopkins University e pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, confirmou os números com o Banco Mundial e reproduziu a tabela do Spectator Index: de 2012 a 2017, o crescimento pela Paridade de Poder de Compra( PPC)f oide 0%. Is toé, o PIB perca pita brasileiro está estagnado há cinco anos.
Para recuperar o nível que deveríamos ter tido em 2017 se a economia brasileira não tivesse entrado nessa recessão tão brutal, o crescimento terá que ser muito grande, de 4% a 5% ao ano, por muitos anos.
Nos Estados Unidos, depois de 2008, houve uma reversão muito forte no PIB per capita. Passados dez anos, não houve ainda uma recuperação completa, isso numa economia muito mais for teque ado Brasil.
A economista brasileira faz uma previsão: se, a partir deste ano, retornarmos a uma taxa de crescimento de 2,5% ao ano, o PIB per capita em 2023, 10 anos depois de a economia brasileira registrar a última taxa de expansão de 2,5%, ainda estará menor do que logo antes da débâcle econômica que levou à recessão de 2015 e 2016.
Isso se levando em conta que a média de crescimento do PIB nos anos Dilma foi de 0,9%, a terceira pior média da História do país. Um estudo do empresário Paulo Cunha mostra que se a renda per capita brasileira tivesse crescido à mesma taxa do período de 1900 a 1980, estaríamos próximos do Chile e melhores que o México.
E se tivéssemos crescido mais aceleradamente, ao ritmo registrado entre 1950 e 1980, quando crescemos a uma média anual de 7% (nosso PIB registrou médias asiáticas: 7,15% de 1950 a 1959; 6,12% de 1960 a 1969; e 8,78% de 1970 a 1979), estaríamos hoje com uma renda semelhante à de Portugal.
Ao contrário, se a renda per capita tivesse crescido no ritmo dos últimos 25 anos, estaríamos entre os países mais pobres do mundo. O poder de comprado brasileiro chegou a equivaler aquase 40% do americano no início dos anos 1980, recuou na década seguinte para cerca de 30%, e continua caindo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a renda per capita do país fique em torno de 27% da americana nos próximos anos.
Ao contrário, no mesmo período, o PIB per capita da Coreia do Sul em Paridade de Poder de Compra (PPC) equivalia a 18,8% do norte-americano, e era 60% menor do que o PIB per capita brasileiro. Mas nos últimos 30 anos, a Coreia do Sul conseguiu aumentar o percentual em relação aos Estados Unidos para 60,3%.
Até 1980, o Brasil cresceu mais que a média mundial: de 1900 a 1980, a renda per capita brasileira cresceu em média 3,04%, enquanto a renda mundial cresceu 1,92%. O período de maior crescimento foi o de 1950 a 1980, que alguns classificam como os “anos dourados”, quando o país cresceu em média 4,39% sua renda per capita, para um crescimento médio mundial de 2,83%.
A partir daí, assistimos a uma redução de 90% do ritmo de crescimento per capita — de 4,39% para 0,43% de 1980 a 2004. No trabalho “Redução da desigualdade da renda no governo Lula — Análise comparativa”, o professor Reinaldo Gonçalves, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mostra que no período de 2001-2010 o Brasil teve uma taxa média anual de crescimento do PIB real per capita de 2,2%, inferior à média de um painel composto por 12 países da América Latina: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Honduras, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Estudo do FMI divulgado no final do ano passado afirma que o Brasil seria até 30% mais rico se houvesse menos corrupção. O PIB per capita do país cresceria US$ 3 mil (R$ 9,6 mil) em relação ao de 2016, que foi R$ 30.407, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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