- Folha de S. Paulo
Coronavírus obriga Bolsonaro a cair na real
O dólar bateu todos os recordes, a Bolsa sofreu tombos sucessivos, ações da Petrobras afundaram. Uma pedra que já tinha sido cantada: a pandemia de coronavírus vai pôr de cabeça para baixo a economia mundial. Sem falar no mais grave: riscos de contaminação em massa, saturação dos sistemas de saúde, medo pânico. Qual a primeira reação do presidente? Tuitou atacando o médico Drauzio Varella.
Bolsonaro estava fora do Brasil, em visita de vassalagem aos EUA. De lá, talvez influenciado por dois minutos de conversa com o "amorzão" Trump, classificou a crise na saúde do planeta como fantasia e invenção da grande mídia. Seus bajuladores ironizavam a gravidade da situação com o neologismo "comunavírus".
Em resposta, a vida como ela é chegou batendo forte no pulmão do governo: Fábio Wajngarten, o secretário de Comunicação, pegara o vírus na viagem. Na live das quintas, Bolsonaro surgiu assustado, de máscara, embalagem de álcool gel sobre a mesa. Mas nada disse sobre medidas de emergência para combater a doença. Àquela altura, suspeitava-se de que ele tivesse contraído a covid-19. Na sexta (13), pelas redes sociais, o presidente anunciou que o teste dera negativo, com foto mandando uma banana para seus milhões de seguidores.
De maneira tímida, o capitão desencorajou manifestações neste domingo (15). Tarde demais. Bolsonaristas radicais (perdão pelo pleonasmo) prometem ir às ruas agitando duas bandeiras inéditas, a do "Foda-se" e a do "Coronavírus". Momento imperdível na história brasileira das baixarias e burrices.
Crise que Bolsonaro não inventa não tem valor para ele. Como se a pandemia não bastasse, o discurso de Miami confirmou o projeto para destruir as instituições e os outros Poderes. Falar em fraude eleitoral, sem apresentar provas, é velha tática de presidente golpista.
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