Tudo
por uma foto
Credite-se
a João Doria (PSDB), governador de São Paulo, a mudança de comportamento do
presidente Jair Bolsonaro de sair às pressas em busca de vacinas contra o
coronavírus, quanto mais não seja para poder dizer que não ficou para trás.
Doria
promete dar início à vacinação no seu Estado antes do fim de janeiro nem que
para isso tenha de apelar à justiça. O Ministério da Saúde havia falado em
vacinar a partir de abril. Depois em março, em fevereiro, e agora, se tudo der
certo, logo.
A
vacina chinesa está sendo produzida em larga escala pelo Instituto Butantã, em
São Paulo. Por ora, o governo federal não tem uma vacina para chamar de sua,
daí o desespero. Precisa dispor de algumas doses para pelo menos tirar fotos.
Durante
a 2ª Guerra Mundial, ganhou o nome de “Guerra de Mentira” o período entre 3 de
setembro de 1939 e 10 de maio de 1940. A Alemanha nazista invadira a Holanda,
Bélgica e França. A França e o Reino Unido declararam guerra à Alemanha.
Foram oito meses sem verdadeiros combates armados. Os dois lados se observavam à distância segura. Quem tinha a iniciativa era a Alemanha. E quando ela finalmente foi para cima derrotou com facilidade o Exército francês, o mais poderoso da época.
Bolsonaro
perdeu a guerra contra a pandemia quando se recusou a travá-la, preferindo dar
passe livre à Covid-19 para que matasse quem tivesse de morrer. Imagina ganhar
a da vacina que não passará de fato de uma guerra de mentira.
O
vencedor não será aquele que vacinar por aqui o primeiro brasileiro, mas o que
vacinar o maior número possível de brasileiros em prazo regularmente curto. E,
nesse caso, como foi mais previdente e acordou cedo, Doria deverá vencê-la.
Nesta
quinta-feira, o governo de São Paulo pedirá à Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) a autorização para o uso emergencial da CoronaVac, a vacina
chinesa. A Anvisa terá dez dias para autorizar ou não sua aplicação.
Se
autorizar, Doria terá largado na frente. Se não autorizar, ficará como vítima
de Bolsonaro – e o presidente, como principal algoz de um país que se aproxima
da marca de 200 mil mortos pelo vírus e de quase 8 milhões de infectados.
O
Ministério da Saúde já quis ter o monopólio da vacinação. Como sequer conseguiu
comprar seringas e agulhas, passou a admitir que poderá trabalhar em conjunto
com clínicas privadas que as adquirirem e que disponham também de vacinas.
Como sempre, quem tiver dinheiro para pagar será vacinado primeiro. O ministério nega que isso possa acontecer. Mas você acredita?
Nenhum comentário:
Postar um comentário