Folha de S. Paulo
Veredicto do júri não deverá mudar muito as
pesquisas eleitorais e mesmo assim poderá mostrar-se decisivo
Como a condenação criminal de Donald Trump afeta a eleição presidencial? A resposta tem algo de paradoxal. Não se esperam grandes movimentações nas pesquisas de intenção de voto. Com a polarização afetiva, eleitores fiéis ao ex-presidente devem tornar-se ainda mais trumpistas. Verão na decisão do júri nova-iorquino um ato de perseguição política, uma nova tentativa de "roubar" a Presidência ao magnata laranja. Já os democratas tenderão a ler o episódio como uma confirmação do que sempre souberam: Trump não passa de um bandido, indigno de ocupar o cargo mais alto do país.
Só que nem todo mundo reage de forma tão
emocionalmente intensa a eventos do mundo da política. Há um grupo, o dos
chamados independentes, que não tem um envolvimento tão passional nem com
os candidatos nem
com seus partidos, podendo ir tanto para um lado como para o outro, dependendo
de fatores tão diversos quanto o estado da economia, preferências em
questões concretas, como o aborto, e eventualmente também a ficha criminal dos
postulantes.
De um modo geral, sempre foram os
independentes que decidiram eleições. Até pouco tempo atrás,
candidatos competitivos moldavam seus posicionamentos justamente para
conquistar esse grupo. O resultado era uma certa moderação. Para não desagradar
a ninguém, os postulantes fugiam de radicalismos e questões polêmicas. A polarização
mudou um pouco essa dinâmica. Um candidato como Trump prefere tocar fogo no
circo, radicalizando os eleitores que já tem e os motivando a sair para votar
no dia da eleição ou para invadir o Capitólio, dependendo do caso.
Nos EUA, dadas as particularidades
do colégio eleitoral, que tem algo de lotérico, o pleito acabará sendo
decidido por um grupo muito restrito de eleitores: os independentes dos seis
estados em que a disputa está indefinida. Aí, mesmo que a condenação mude muito
poucos votos, eles poderão fazer toda a diferença.
Um comentário:
A sensação é de que a humanidade anda de ré.
Postar um comentário