sexta-feira, 28 de julho de 2023

Vera Magalhães – Qual o caminho na economia?


O Globo

Opção por revisitar o governo Dilma não combina com festejar a decisão de uma agência de elevar a nota de crédito do país

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, celebrou de maneira elegante a decisão da agência Fitch de elevar a nota de crédito do Brasil: dividiu os louros com os demais Poderes, fez uma aposta na institucionalidade e na previsibilidade e deixou claro que o objetivo é que o país retome o grau de investimento que perdeu em 2018.

O relatório da agência, por sua vez, é reticente. Enxerga boas práticas do governo justamente no que advém da agenda Haddad: o arcabouço fiscal, a aprovação parcial da reforma tributária e uma aposta no que chamou de “pragmatismo”. Faz ressalvas, no entanto, à pregação de uma agenda não liberal e à defesa, aqui e ali, da revogação do que considera pautas reformistas, como a autonomia do Banco Central, o marco regulatório do saneamento básico e as mudanças nas leis trabalhistas.

No texto, existe quase uma torcida para que essa tentação de rever o que foi aprovado tenha ficado para trás e o pragmatismo prevaleça. Parece ser esse o empenho de Haddad, que tem contado, para isso, com o apoio do Congresso, a ajuda de decisões judiciais, uma nova boa vontade do mercado e uma parceria leal com o Planejamento sob o comando de Simone Tebet.

Luiz Carlos Azedo - Governabilidade de Lula depende de um bom acordo com o Centrão

Correio Braziliense

A oposição de extrema direita está sendo isolada, com o ex-presidente Jair Bolsonaro fora da disputa eleitoral de 2026. Lula tenta evitar o surgimento de uma oposição de centro-direita robusta

Um velho jargão da política diz que um bom acordo, para ser duradouro, precisa ser ruim para todos os envolvidos, mas não tanto que possa ser rompido. No caso da reforma ministerial à vista, porém, precisa ser bom o suficiente para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva formar uma maioria absoluta na Câmara, ou seja, garantir ao menos o apoio de 257 deputados, o quórum mínimo para aprovação de leis ordinárias. A aprovação de emendas constitucionais, por quórum qualificado, ou seja, por mais de três quintos dos deputados, exige o apoio de 308 deputados. Dificilmente a reforma chegará a isso.

Por essa razão, a decisão de incorporar o PP e o Republicanos ao governo Lula pressupõe saber se realmente esses partidos entregarão os votos de suas bancadas na Câmara, que foram eleitas majoritariamente na base eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro. Não se trata apenas da lealdade dos novos ministros, mas da sua capacidade de amarrar os votos de suas legendas. Essa questão está posta principalmente por causa do União Brasil, cuja bancada majoritariamente votava contra o governo, porque não se sentia representada pela deputada Daniela Carneiro (RJ) no Ministério do Turismo.

Flávia Oliveira - Verdades inconvenientes

O Globo

Polícia Civil e MP-RJ empacaram na investigação sobre mandante e motivação do assassinato de Marielle

Nesta semana, quase cinco anos e meio depois da execução da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o Brasil foi levado de volta à noite de 14 de março de 2018, às horas que antecederam o crime, aos dias seguintes. A entrada da Polícia Federal no caso, que deu na delação premiada do ex-policial Élcio Queiroz, confirmou a autoria do duplo assassinato e, sobretudo, descortinou a dinâmica de operação e a cadeia de conexões dos assassinos de aluguel no Rio de Janeiro. Só muita cumplicidade de autoridades e agentes da lei manteria atividade tão macabra quanto numerosa por tanto tempo oculta, disfarçada, livre.

Élcio Queiroz contou que Marielle estava jurada de morte muitos meses antes da quarta-feira em que foi emboscada minutos depois de sair de uma reunião com jovens negras na Casa das Pretas, no Centro da capital fluminense. Teria ouvido de Ronnie Lessa, o PM reformado que puxou o gatilho de dentro do carro que o cúmplice dirigia, sobre uma tentativa frustrada em fins de 2017.

Maria Cristina Fernandes - Haddad ocupa espaço da moderação e obriga Simone Tebet a se reinventar

Valor Econômico

Ministra do Planejamento perdeu duas oportunidades para fazer o presidente do IBGE

A ministra Simone Tebet é sócia dos bons resultados da economia deste governo, mas tardou a perceber como estes, paradoxalmente, lhe estreitaram os caminhos. A aceitação, pelo mercado, de uma política econômica que começa a dar resultados foi o trampolim para Marcio Pochmann no IBGE. Um semestre se passou até que o governo se desse ao luxo de esnobar as restrições da ministra a um nome como o de Pochmann. Houve duas oportunidades para Simone Tebet evitá-lo, mas nenhuma delas foi aproveitada.

A primeira foi na posse. Sua nomeação para Planejamento simbolizava a cota de respeito a um resultado eleitoral apertado num ministério mais petista do que o eleitorado chancelara. Mas a Pasta estava aquém de suas pretensões de comandar uma área social do governo, foco das melhores propostas de sua campanha presidencial. Por isso, pareceria natural que a ministra tivesse garantida, no mínimo, a nomeação da principal autarquia sob seu comando.

César Felício - Marielle influi no cenário político

Valor Econômico

Levar a discussão sobre a reeleição das presidências do Legislativo para o Supremo, mesmo existindo norma constitucional sobre o tema, corrói democracia

Há pouco mais de um ano o ex-presidente Jair Bolsonaro comentou que “ninguém conhecia ou se lembrava de Marielle até sua morte”.

A frase, desrespeitosa à memória da vereadora Marielle Franco, como aliás têm sido praticamente todas as referências feitas por ele à política carioca assassinada em 2018, incute apesar disso um fundo de verdade.

Marielle de fato ganhou uma dimensão que não tinha em vida, ao ser vítima, ao que tudo indica, da milicianização do Rio de Janeiro. Os vivos por vezes são governados pelos mortos, para lembrar o filósofo positivista Auguste Comte, e Marielle morta influi no debate político brasileiro. Esta influência subiu um degrau desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a delação premiada de um dos seus executores sugere que ela crescerá.

Claudia Safatle - A distância entre discurso e prática no governo Lula

Valor Econômico

Faltam pouco mais de 20 bilhões para fechar as contas com déficit zero em 2024

Há uma notável distância entre o discurso e a prática do governo Lula. A prática tem vindo em uma dimensão mais contida do que o discurso e essa percepção ajudou a agência de rating Fitch a melhorar a nota do Brasil, salientam fontes da área econômica, que citam como exemplo a medida de incentivo à compra de automóveis, que custou R$ 650 milhões e vendeu 125 mil veículos. O papel do BNDES também é parte de uma visão mais contida, principalmente se confrontado com o que foi feito no segundo mandato de Lula, quando o Tesouro Nacional se endividou para repassar somas bilionárias para o BNDES emprestar a taxas de juros favorecidas.

A agência avalia que o governo Lula defende um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores. Mas, mesmo assim, espera-se que “o pragmatismo e contrapesos institucionais evitem desvios radicais de políticas macro ou micro”, diz a Fitch em seu comunicado divulgado na quarta-feira, a pouco mais de um mês após a Standard and Poor’s, outra agência de classificação de risco, ter melhorado a perspectiva da nota do país.

Eliane Cantanhêde - Vídeos não mentem

O Estado de S. Paulo

Vídeo de Roma confirma a agressão, só falta chegar oficialmente

Atenção! O vídeo do aeroporto de Roma confirma a versão de Alexandre de Moraes à PF: o empresário Roberto Mantovani atacou o ministro do STF, sua mulher e filho, com insultos e grosserias, não uma, mas duas vezes. Depois do primeiro ataque, Mantovani voltou e, ao se deparar com o filho de Moraes gravando a cena com um celular, deu-lhe um tapa, derrubando seus óculos.

Contra fatos e vídeos (sem edição), não há argumentos. O vídeo, porém, não chegou oficialmente ao Brasil e não pode ser anexado às investigações e ao processo, sob risco de ser embargado depois. Você acha que a burocracia no Brasil é infernal? Pois a da Itália é igual ou pior...

Almir Pazzianotto Pinto* - Democracia relativa ou ditadura?

O Estado de S. Paulo

As palavras democracia, justiça, direito e liberdade são indefiníveis. Não passam de aspirações que o cidadão comum alimenta, imagina e pacientemente aguarda

Em rasgo de sinceridade – atitude que lhe é incomum –, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o regime democrático se caracteriza pela relatividade.

Examinando os fatos da nossa história e a afirmação feita pelo presidente Lula, devemos concluir que o regime militar (1964-1985) foi ditadura relativa, ou, em sentido contrário, democracia relativa.

Lendo o Ato Institucional de 9 de abril de 1964, a conclusão não poderia ser outra. Afinal, no documento determinavam os integrantes do Comando Supremo da Revolução que mantinham a Constituição de 1946, limitando-se “a modificá-la, apenas na parte relativa aos poderes do presidente da República, a fim de que este possa cumprir a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas no sentido de drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do governo, como nas suas dependências administrativas”. Já ferida de morte, congelava-se o cadáver da Constituição, instituindo-se o modelo da democracia relativa.

Marcelo de Azevedo Granato* - Líderes do futuro incerto

O Estado de S. Paulo

Sem Bolsonaro e, eventualmente, sem Lula, quem conseguiria liderar um projeto político de repercussão na sociedade brasileira?

Desde antes do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que definiu a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, analistas políticos têm refletido sobre o futuro do cenário político (ou especificamente da direita) nacional nos próximos anos, sem Bolsonaro.

A pergunta é pertinente e pode ser levada para o lado esquerdo do espectro político. Seu grande líder, o presidente Lula, já tem 77 anos. Além disso, sem Bolsonaro no páreo, uma nova candidatura Lula não se ancoraria, como em 2022, na garantia do regime democrático. Poderia até ser vista, ao contrário, como um obstáculo à renovação dos quadros políticos da (centro-)esquerda.

Sem Bolsonaro e, eventualmente, sem Lula, quem conseguiria liderar um projeto político de repercussão na sociedade brasileira?

"Terei o maior prazer de atender pedido do presidente Lula", diz Tebet sobre troca no IBGE

Por Estevão Taiar / Valor Econômico

Ministra afirmou que já tinha sido avisada que Lula “gostaria de fazer uma escolha pessoal” para o IBGE

ministra do Planejamento e OrçamentoSimone Tebet, afirmou nesta quinta-feira que, embora a indicação do economista Marcio Pochmann para a presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não seja “oficial”, foi um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por isso, a nomeação de Pochmann, quando for oficializada, será atendida com “o maior prazer”, segundo ela.

“Terei o maior prazer de atender pedido do presidente Lula”, disse a jornalistas ao chegar no Ministério da Fazenda para reunião com o titular da pasta, Fernando Haddad.

Reinaldo Azevedo - Jornalismo só de oposição é partido

Folha de S. Paulo

Marcio Pochmann no IBGE não me entusiasma, mas calma lá!

Já sou velho o bastante para exigir que governos façam tudo o que quero, ou, então, porrada! —eventualmente engatando a máxima de Millôr Fernandes, segundo a qual "imprensa é oposição; o resto é armazém de secos & molhados". Sem contexto, a divisa é uma tolice. Quem, por "dever de oposição", atacou a recriação de programas sociais na gestão Lula comportou-se como cliente da... vendinha bolsonarista. Pode? Mesmo no terreno das coisas lícitas (na hipótese de que sejam), "nem tudo me convém", como escreveu um certo Paulo.

Não sei em que ano Millôr fez tal afirmação, mas é provável que falte um regime militar, ou sua herança, para lhe conferir o sentido original. Se jornalismo for só oposição, então é partido. Imprensa há de ser apego aos fatos, sempre considerando que o viés ideológico é imanente à atividade já na definição da pauta. E o jornalismo fotográfico? Lembro as reflexões de Roland Barthes em "A Câmara Clara", seu último livro. Ele chama a atenção para o "punctum" — o ponto, o pedaço de um todo —, que o fotógrafo não viu e que só ganha sentido pelos olhos do "spectator", do "contemplador". Também no caso de um texto, é impossível saber exatamente o que lê um leitor.

Hélio Schwartsman - Dividir para conquistar

Folha de S. Paulo

Indicação de Pochmann para o IBGE segue lógica política, mas gera ruído sobre credibilidade do órgão

"Diuide et impera", dividir para conquistar. A ideia de que dá para obter ganhos políticos estimulando o dissenso, seja entre os inimigos, seja entre aliados, vem sendo utilizada desde a Antiguidade. A interpretação cínica (ou ultrapragmática) do princípio se impõe quase automaticamente, mas não é a única possível. Também dá para fazer uma leitura mais benigna, segundo a qual o bom governante procura cercar-se de conselheiros de todas as facções para promover o choque de ideias e ter a oportunidade de escolher as melhores.

Lula se valeu dessa estratégia em sua primeira passagem pelo poder. Pôs na Fazenda o neo-ortodoxo Antonio Palocci e no Planejamento o heterodoxo Guido Mantega. E Lula não estava inovando muito, já que repetia FHC, que colocara o liberal Pedro Malan na Fazenda e o desenvolvimentista José Serra no Planejamento.

Bruno Boghossian - Lula negocia cargos, mas ainda tenta trocar centrão por varejo

Folha de S. Paulo

Presidente prefere desbaratar bloco e aumentar influência direta do Planalto sobre cada partido

A campanha nem tinha começado quando Lula procurou as primeiras fendas no grupo que manda no Congresso. "A imprensa nos induz ao erro quando diz que o centrão está todo com o Bolsonaro", disse. Era maio de 2021, e o petista se recusava a reconhecer a turma como um bloco só. "Vamos conversar individualmente com cada partido político."

Lula levou a teoria para o Planalto. Ainda que negocie a adesão em massa desse grupo ao governo, o presidente sentenciou na última terça (27) que "o centrão não existe". "Eu não quero conversar com o centrão como organização. Eu quero conversar com o PP, eu quero conversar com o Republicanos…", declarou.

J. B. Pontes* - Brasil, país das desigualdades

Já não somos campeões mundiais de futebol. Mas, em outros temas, somos imbatíveis e, ao que tudo indica, continuaremos assim sendo: nas desigualdades sociais; na injustiça tributária (pobres pagam mais impostos do que os ricos); nos privilégios concedidos a algumas verdadeiras castas de agentes públicos (os parlamentares, os juízes, os generais); na sonegação de impostos pelos ricos; e na exclusão do povo da democracia.

Recentemente, foi aprovada na Câmara dos Deputados uma reforma tributária, que dizem ser a primeira parte da reforma do governo Lula. Essa reforma objetivou apenas tornar o sistema mais eficiente e transparente, mas não mais justo e igualitário. Facilitará apenas o processo de cobrança de impostos indiretos, incidente sobre o consumo e na produção de bens e serviços.

No entanto, a criação do IVA, uma inovação necessária, deve ser comemorada com cautela, vez que ela contempla, sobretudo, os interesses de empresários. Além disso, a reforma criará três alíquotas: uma geral, uma reduzida e outra zero, destinada a itens como medicamentos e produtos da cesta básica.

ONU pede que Israel ‘leve em conta’ o protesto de manifestantes contra a reforma do Judiciário

Por O Globo com agências internacionais

Alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, defendeu israelenses que confiaram ' nos valores duradouros de uma independência judicial'

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu, nesta quinta-feira, que o governo israelense “leve em conta” os protestos de manifestantes contra a reforma do Judiciário que tomam as ruas do país há meses e ameaçam parar setores da economia e das Forças Armadas.

 “Insto aos que estão no poder a levarem em conta os clamores das pessoas que participam desse movimento, gente que confiou nos valores duradouros de uma independência judicial”, disse Türk em um comunicado.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Emperradas as negociações para enfrentar questões climáticas

Valor Econômico

O Brasil defende, corretamente, a posição de responsabilidades comuns, porém diferenciadas

Este mês de julho foi marcante no processo de mudanças climáticas do planeta, com recordes de temperatura e eventos extremos. Mas essa situação parece longe de sensibilizar boa parte dos governos. O debate sobre o enfrentamento da crise climática atravessa um momento delicado. Enquanto o clima no mundo está esquentando, a política global está esfriando. Não é um sinal positivo.

Este mês bateu ao menos quatro marcas mundiais: o dia mais quente já registrado (em 4 de julho), a semana mais quente (3 a 10 de julho), a perda recorde de gelo na Antártida e a maior temperatura média dos oceanos. Possivelmente julho será ainda o mês mais quente desde que há registros.

Poesia | Manuel Bandeira - Poética

 

Música | Seu Jorge - 'Zé do Caroço'

 

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Merval Pereira - Fogo amigo

O Globo

Simone Tebet, representante do suposto projeto de governo de centro democrático, acaba de receber um torpedo pela proa com o anúncio de que o economista Marcio Pochmann será o novo presidente do IBGE

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está se saindo um político melhor do que a encomenda. Dividir a melhoria da avaliação da economia brasileira pela agência Fitch com os presidentes da Câmara e do Senado, pelo apoio às reformas, além de justo, é um gesto de quem tem o entendimento do real sentido da proposta de governo de centro democrático escolhido pelas urnas.

Da mesma maneira, ao repetir várias vezes que o presidente Lula é o candidato do PT para a reeleição em 2026, o ministro da Fazenda procura afastar as intrigas internas que o apontam como o presumível candidato petista caso Lula não queira ou não possa disputar a reeleição. Nada mais natural que o nome de Haddad surja na lista de possíveis candidatos, já que ele disputou o cargo em 2018 e hoje é o quadro do PT mais em evidência com o sucesso inicial da política econômica.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, representante desse suposto projeto de governo de centro democrático, acaba de receber, porém, um torpedo pela proa com o anúncio de que o economista Marcio Pochmann será o novo presidente do IBGE. Uma briga interna silenciosa contra Haddad, o verdadeiro alvo desse torpedo, acabou encontrando uma brecha na equipe econômica por uma ingenuidade política de Tebet.

Míriam Leitão - A visão de Tebet da economia à política

O Globo

A ministra lembra que o governo ganhou a eleição por ‘milésimos’ e, por isso, tem sim de negociar com outras forças políticas

A ministra Simone Tebet, do Planejamento, define como “decepcionante” a campanha feita por integrantes do governo de recondução de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República. Conta que os partidos do centro democrático que apoiaram o presidente Lula precisam ter altruísmo em 2024 na construção de alianças. “Sabemos que o embate de 2026 começa em 2024.”

Ao mesmo tempo que está de olho na política, Tebet prepara o Orçamento, que, este ano, será difícil tecnicamente. A meta é de déficit zero, mas as receitas não estão garantidas. Ela, contudo, acha que “o desafio é factível”.

Luiz Carlos Azedo - Reforma ministerial vira jogo de intrigas na Esplanada

Correio Braziliense

O caminho crítico das negociações é a escolha dos ministérios a serem ocupados, ou seja, dos ministros que serão defenestrados no novo desenho político da Esplanada

É certa a entrada do Centrão no governo Lula, não se sabe ainda em quais ministérios. As conversas de bastidor com os caciques do PP e do PR estão praticamente concluídas, de maneira a garantir uma maioria governista segura na Câmara, onde a governabilidade do país tem seu ponto mais vulnerável. As pressões para acelerar a mudança refletem as contradições entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e os caciques do MDB e do União Brasil no Senado, principalmente os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Davi Alcolumbre (União-AP).

As indicações de Lira estão consolidadas, fazem parte de seu acordo com os presidentes do PP, Ciro Nogueira (PI), e do Republicanos, Marcos Pereira (SP). Cotados para a Esplanada, os deputados Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA) têm como características boas relações com o PT nos seus estados. O aval de Lira e suas bancadas, porém, não garante que os 49 votos do PP e os 41 do Republicanos sejam carreados automaticamente para as propostas do governo. Os dois ministros são políticos muito jovens e terão que exercer uma liderança compartilhada.

Bruno Carazza - Até quando valerá a pena para Simone Tebet continuar no governo?

Valor Econômico

Nomeação a contragosto de Pochmann para o IBGE colocará ministra num dilema

Nunca saberemos quantos dos 4.915.423 eleitores de Simone Tebet decidiram votar em Lula no segundo turno depois que a ex-senadora do MDB declarou seu apoio ao petista. No entanto, levando-se em conta que a vitória sobre Bolsonaro se deu pela margem apertadíssima de 2.139.645 votos (1,8% do total), é justo atribuir a Tebet o papel de fiel da balança nas eleições presidenciais de 2022.

A adesão de Simone Tebet à campanha lulista fez com que seu nome fosse tido como certo nas bolsas de apostas para a composição do governo durante a transição. Só não se sabia qual seria o prédio da Esplanada que ela comandaria. Pela sua importância na votação, Tebet pleiteava um cargo de peso, e cogitou-se o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família, ou outra pasta de impacto social e orçamento robusto, como Saúde e Educação.

Malu Gaspar - Marielle e uma fissura no crime organizado

O Globo

As revelações do ex-PM Élcio Queiroz sobre o assassinato de Marielle Franco, tornadas públicas nos últimos dias, impressionam pela quantidade de detalhes. Lacunas importantes foram preenchidas a respeito do que se passou antes e depois da noite de 14 de março de 2018, quando a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, morreram. Soube-se, por exemplo, que os assassinos passaram meses planejando o homicídio, que a placa do carro usado na ação foi “picotada”, com os pedaços espalhados numa linha férrea, e que o matador, Ronnie Lessa, foi tomar cerveja num bar logo depois de executar Marielle. Também veio à tona que o intermediário utilizado pelo mandante era outro matador, executado em 2021 num episódio até hoje sem solução. Para quem conhece o submundo do crime no Rio de Janeiro, porém, o enredo tem um quê de flashback, que só reforça o simbolismo do caso para a história do combate ao crime organizado no Brasil.

Maria Cristina Fernandes - Com artrose, Lula dribla Centrão

Valor Econômico

Ciclo federativo que espraia PPPs com garantia da União prejudica o negócio do Congresso

O crédito adquirido pelo Centrão com a aprovação da reforma tributária se desvaloriza na mesma velocidade com a qual se produzem boas notícias na economia. O país registra deflação, o câmbio mantém-se aquém de R$ 4,80, o PIB de 2023 foi revisado de 1,9% para 2,5%, e finalmente, registre-se a segunda elevação da nota de crédito de uma agência internacional.

Quando o governo, por fim, se sentar com o Centrão para fechar os cargos terá deflacionado seu preço. Celso Sabino (União-PA), por exemplo, confirmado no Turismo, nem posse tomou. E já faz 20 dias que a reforma tributária, passe da nomeação, foi aprovada na Câmara.

Não é uma circunstância pontual que impulsiona a deflação do Centrão. No lançamento do “ciclo de cooperação federativa” ficou claro que está em curso o resgate da União como eixo da relação com Estados e municípios que havia sido transferido ao Congresso. Dois ministros, Fernando Haddad e Rui Costa, se revezaram para mostrar como as PPPs podem se transformar num instrumento para reformular a relação ineficiente e promíscua entre o Orçamento e a execução de obras públicas.

William Waack - A força do ajuntamento

O Estado de S. Paulo

Lula ainda não digeriu totalmente a natureza do Centrão

Lula assim definiu o Centrão: não existe como organização. Não possui endereço ou um gerente. Trata-se, segundo o presidente, de um “ajuntamento de partidos”, dependendo da situação.

A definição de Lula ignora, porém, a natureza desse ajuntamento. Consiste, como se sabe há décadas, em manter esses agrupamentos privados (chamados de partidos) o mais próximo possível dos cofres e da máquina pública.

O Centrão precede Lula em muitos anos, mas ambos ostentam trajetórias opostas. A de Lula, enquanto chefe do Executivo, é a da perda de poder relativo. A trajetória do Centrão exibe a conquista, pelo Legislativo, de poderes inéditos na história política brasileira.

Lula já havia se convencido 20 anos atrás de que não governaria sem o Centrão. Mas se encontra hoje na situação de ter de governar pelo Centrão. É notória a “continuidade” desse ajuntamento de partidos, não importa a alternância no poder de dois personagens tão distintos como Bolsonaro e Lula.

José Serra* - A sombra da estagnação

O Estado de S. Paulo

Para inserirmos de forma positiva nossa economia nas transformações mundiais, precisamos reinventar o Estado brasileiro

O Banco Central do Brasil apresentou, na semana passada, sua projeção do PIB para maio deste ano com a divulgação do IBC-Br, que é considerado a prévia para o Produto Interno Bruto. A estimativa foi uma queda de 2% ante o mês anterior. O pior resultado para maio registrado nos últimos cinco anos – atrás apenas de 2018, quando caiu 3,08%. Trata-se também do pior desempenho mensal desde março de 2021, quando a prévia do PIB despencou 3,5%.

Os comentários lacônicos da instituição monetária nacional caíram como um balde de água fria sobre o otimismo acerca do desempenho da economia brasileira, embora o mercado esperasse uma certa queda nos resultados. As explicações apontaram como razão o fim da supersafra de grãos e seus efeitos sobre a renda e o consumo da economia. Mas o varejo também registrou resultado negativo.

Celso Ming – A Fitch melhora a nota do Brasil

O Estado de S. Paulo

A Fitch foi nesta quarta-feira a primeira das três grandes agências de classificação de risco a reconhecer a melhora da qualidade da economia brasileira desde 2018. Aumentou em um degrau a nota da economia do Brasil, de BB-, para BB.

As mais importantes agências de avaliação de risco, além da Fitch, são a Standard & Poor’s e a Moody’s. Elas existem para avaliar o grau de confiança de um título de dívida, ou seja, o tamanho do risco de calote que um devedor pode passar no mercado. Quando ganha reputação de altamente confiável, um título obtém grau de investimento. Quando não, é considerado título especulativo.

Os títulos do Tesouro do Brasil ainda são considerados especulativos, embora entre 2008 e 2015, tivessem mantido grau de investimento. Essas classificações se tornaram necessárias porque grande número de instituições e de fundos exige que suas carteiras de aplicações financeiras sejam carregadas apenas com títulos altamente confiáveis. A referência é o título do Tesouro dos Estados Unidos, o T-bond. Quanto mais confiável um título, maior a procura dos investidores por ele. Por isso, pode pagar juros mais baixos.

Bruno Boghossian - Uma visita ao submundo

Folha de S. Paulo

Para achar mandantes, investigação terá que ir fundo numa estrutura embrenhada em regiões inteiras do Rio

A etapa mais recente da investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes ajudou a completar o desenho da cena do crime, mas não foi só isso. A delação que detalhou a execução dos assassinatos também ofereceu uma visita ao submundo em que será preciso mergulhar para encerrar o caso.

O ex-PM Élcio Queiroz narrou com naturalidade a conexão entre os responsáveis pelos assassinatos e as atividades de milícias do Rio. Descontado o espírito de propaganda, foi isso que levou o ministro Flávio Dino a dizer que "é indiscutível" o vínculo entre esses grupos e as mortes.

Maria Hermínia Tavares* - Democracia? Tanto faz

Folha de S. Paulo

Nada de novo na existência de um número de brasileiros indiferentes quanto ao tipo de regime político

Com o sombrio título "A recessão democrática na América Latina", o Latinobarómetro acaba de publicar seu informe de 2023. A cada ano, desde 1995, o instituto chileno, dirigido pela economista Marta Lagos, toma o pulso político da opinião pública em 18 países da região. A ideia é aferir as atitudes em relação à democracia, suas instituições e aos governos que dão ou deixam de dar vida a seus princípios e regras.

Trata-se de um acervo precioso que proporciona uma visão comparada de como evoluíram as percepções dos cidadãos de cada país nas três décadas do grande experimento democrático fora dos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental.

A pesquisa confirma esperadas variações por países. Mas, na média, aponta declínio do apreço pela democracia, em quaisquer circunstâncias; insatisfação com seu funcionamento no país do entrevistado; aumento da indiferença pela forma do regime. Também mostra a percepção de que os partidos funcionam mal, podendo ser dispensados sem grande prejuízo para o sistema.

Ruy Castro - Queridas Leny e Doris

Folha de S. Paulo

Elas nunca puseram uma palavra ou nota no papel. Contentavam-se em ser fabulosas intérpretes

Esta coluna não quer ser uma seção de obituários. Com frequência deixo de escrever sobre alguém que morreu, mesmo tendo o que dizer a respeito. Mas a bruxa está voando baixo. João Donato se foi no dia 17, Tony Bennett no dia 21 e, nesta segunda (24), com diferença de horas, Leny Andrade e Doris Monteiro.

Os artigos na imprensa disseram tudo: eram artistas insubstituíveis, únicos em seus gêneros e deixaram uma obra que ficará para sempre. Eu só acrescentaria: desde que, nesse para sempre, não se torne de vez proibido associar a música à beleza.

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Lula deveria zelar por seu próprio decreto sobre armas

O Globo

É um exagero defender o fechamento de clubes de tiro, o que a nova legislação não prevê

O governo precisa calibrar seu discurso antiarmamentista. Na última terça-feira, numa transmissão ao vivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ter pedido ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para fechar “quase todos” os clubes de tiro do país, deixando abertos apenas “aqueles que são da Polícia Militar, do Exército e da Polícia Civil”. Para Lula, é a polícia que necessita de lugar para treinar tiro, não a sociedade. “Não estamos preparando uma revolução”, justificou.

A declaração pegou de surpresa até o próprio ministro da Justiça, que vinha dialogando com representantes do setor e garantindo que o objetivo do governo não era acabar com os clubes de tiro. Às vésperas da publicação do novo decreto sobre armas, Dino reiterou a meta: “A orientação do presidente foi de que não é para fechar o negócio. Tanto que os clubes de tiro e as lojas de armas vão continuar existindo”, disse.

É sabido que os clubes de tiro tiveram forte expansão durante o governo Jair Bolsonaro, acompanhando os inúmeros decretos que ampliaram o acesso a armas e munições, inclusive algumas de uso restrito. Entre 2019 e 2022, o Exército autorizou 1.483 clubes de tiro, o que representa em média um por dia. Em 2018, último ano do governo Michel Temer, haviam sido concedidas 165 licenças. Em 2022, foram 475. Aumentar a fiscalização sobre as autorizações é dever do governo. Decretar o cancelamento de todas é um exagero.

Poesia | Fernando Pessoa - Se eu pudesse

 

Música | Fafá de Belém - Coração do Agreste

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Vera Magalhães - Desarmar é preciso, mas não é simples

O Globo

Lobby no Congresso a favor da permanência da autorização para acesso a determinadas armas por civis é gigante e tem patronos de peso

O pacote de projetos e decretos na área de Segurança e Justiça lançado pelo governo na semana passada mira duas das mais nefastas heranças do bolsonarismo: o armamentismo sem freios promovido pelo ex-presidente e as ameaças à democracia por ele incentivadas e que levaram a atos como os do 8 de Janeiro. Nos dois casos, será necessário um encontro de contas nada simples entre o governo eleito com a promessa de literalmente desarmar essas bombas e um Congresso cuja disposição para tal agenda ainda não está clara.

A reação aos dois Projetos de Lei que mexem em penas para crimes contra agentes públicos e o próprio Estado Democrático de Direito e ao decreto que estabelece regras mais duras para o porte e a posse de armas, o funcionamento dos clubes de tiros e as normas para colecionadores, atiradores desportivos e caçadores ainda está sendo construída nos bastidores, dado o período de recesso parlamentar.

Elio Gaspari - O Cristo de Lula volta ao palácio

O Globo

A imagem conta uma história de tempos estranhos

Lula recolocou em seu gabinete a imagem do Cristo Crucificado de 1,50m com a qual conviveu por oito anos. A história da peça fala dos tempos estranhos que o Brasil viveu.

Ela foi presenteada a Lula pelo empresário José Alberto de Camargo, que a havia comprado por R$ 60 mil ao bispo de Caxias (RJ), Dom Mauro Morelli. Estava bastante maltratada e em 2003 foi para os cuidados de Antonio Fernando Batista, do Iphan mineiro, coautor do catálogo da obra do Aleijadinho. Durante três meses, as peritas Lucienne Elias e Alessandra Riosado devolveram-lhe a beleza e estabeleceram sua origem ibérica, do final do século XVI.

Foi a primeira vez que uma imagem de Cristo entrou no gabinete presidencial. Fernando Collor havia levado uma Virgem Maria, e José Sarney um São José. (Getúlio Vargas e Ernesto Geisel eram agnósticos.) À época, a imagem valia cerca de US$ 30 mil. Lula havia prometido doá-la à Arquidiocese de Brasília.

Fernando Exman - Processo de reequilíbrio de poder na capital

Valor Econômico

Seja qual for o desfecho da reforma ministerial, o recado de Lira é que a pauta da Câmara será conduzida por ele até fevereiro de 2025

O relógio marcava quase 13h quando Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede da transição, no dia 29 de dezembro de 2022. Ladeado por algumas das ministras que hoje correm risco de demissão, anunciou o que restava do primeiro escalão do governo que tomaria posse em menos de 72 horas. Estava concluída, enfim, uma construção repleta de impasses. No período da redemocratização, aliás, ela só não foi mais demorada que a conduzida pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello. E sete meses depois já apresenta fadiga de material e rachaduras.

Para repará-las, deu-se início a um processo de reequilíbrio de poderes: Planalto e Centrão medem forças, em uma dinâmica na qual a reacomodação das peças será determinante para a estabilidade do governo daqui em diante. Lula quer impor limites e o ritmo das conversas. Se possível, ampliar os canais de diálogo com o grupo para além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Zeina Latif - A inflação de serviços não assusta mais

O Globo

As engrenagens da política monetária estão funcionando, e o índice recua, mais aqui do que em boa parte do mundo

Quando um banco central faz a avaliação dos riscos inflacionários para decidir a estratégia de política monetária, seu trabalho envolve um amplo conjunto de informações. Dentre elas, as trajetórias da inflação dos diferentes grupos de despesas que compõem a cesta do consumidor. Aqui, também, os detalhes importam. Se, por exemplo, a desinflação decorre de fator pontual — como o corte de tributos sobre combustíveis em 2020 ou as condições climáticas favoráveis derrubando os preços de alimentos in natura, como agora —, a notícia não é tão boa.

A inflação de serviços é um recorte bastante analisado, por ser particularmente impactada pelas condições do mercado de trabalho, onde a política monetária tem maior importância. Os serviços não são facilmente substituídos pela oferta externa e envolvem atividades que fazem uso mais intensivo de mão de obra, o que resulta em uma inflação mais rígida — no Brasil, a indexação de contratos é agravante.

Luiz Carlos Azedo - Censo pode alterar representação de estados na Câmara

Correio Braziliense

A “vida banal” sofre com a captura das políticas públicas pelos interesses privados. O levantamento é uma oportunidade de calibrar melhor o uso dos recursos públicos para mitigar essa situação

O Projeto de Lei Complementar 148/23, apresentado pelo deputado Rafael Pezenti (MDB-SC), propõe a alteração do tamanho das bancadas dos estados, de acordo com os resultados do Censo Demográfico 2022. É uma repercussão política dos números apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que oferecem um quadro muito mais atualizado da sociedade brasileira. Passamos por uma nova transição demográfica. Os fatos mais relevantes são baixo crescimento da população e sua redistribuição no território brasileiro.

Hoje, somos pouco mais de 203 milhões de pessoas. Houve um crescimento de 6,5% no número de habitantes — pouco mais de 203 milhões de pessoas —, numa taxa de crescimento de 0,52% ao ano — cerca de 4,7 milhões de pessoas a menos que o projetado pelo próprio IBGE. É a menor taxa da série histórica, iniciada em 1872, por iniciativa do imperador Pedro II.