Representantes do Ministério Público Federal avaliam que caso é uma continuidade do processo do mensalão
Júnia Gama
ECOS DO MENSALÃO
BRASÍLIA - Enquanto petistas lançam uma contraofensiva para blindar o ex-presidente Lula das acusações de Marcos Valério, no Ministério Público alguns procuradores defendem que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dê início a investigações contra Lula assim que acabar o julgamento do mensalão. A ordem do procurador-geral é que ninguém da instituição se manifeste oficialmente sobre o assunto, por enquanto. Ele tem dito a pessoas próximas que trazer o tema agora somente serviria para atrapalhar o julgamento do mensalão.
Gurgel sinalizou, no entanto, que, logo que se encerre o processo no Supremo Tribunal Federal (STF), deverá analisar o material contendo o depoimento de Marcos Valério, para pedir diligências ou arquivá-lo. Esses procuradores afirmam que Gurgel deve consultar o STF sobre a instância em que esse possível processo será analisado. Isso porque, além de Lula, o senador Humberto Costa (PT-PE) também é citado no depoimento de Valério, e a prerrogativa de foro do parlamentar obrigaria a manutenção do inquérito em órgão superior. Por outro lado, se somente o ex-presidente Lula for investigado, o caso passaria a ser competência da primeira instância.
Membros do Ministério Público defendem que, mesmo que as investigações sejam circunscritas à atuação de Lula, devem ser tocadas por Gurgel, por tratar-se de uma continuidade do processo do mensalão. "Seria o mais coerente, mas quem vai deliberar sobre isso no momento oportuno é o procurador-geral", aponta um procurador.
A PGR reconhece uma "pesada ofensiva" petista contra Gurgel e a instituição. O procurador-geral disse a colegas que não vai se intimidar. Na quarta-feira, o PT protocolou na corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) pedido de instauração de reclamação disciplinar contra a mulher de Gurgel, a subprocuradora-geral Cláudia Sampaio, e contra a procuradora da República Raquel Branquinho, por suposto vazamento do depoimento de Valério.
Fonte: O Globo
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