• Adversários apontam falta de lógica nas transformações. aliados a defendem
Júnia Gama e Catarina Alencastro – O Globo
BRASÍLIA - Candidata que tenta ganhar a confiança do mercado financeiro, Marina Silva começou sua trajetória como militante de ala dissidente do partido comunista, nos anos 1980. Hoje, a ex-senadora se reúne com banqueiros e ruralistas para discutir seus projetos para o país. As "metamorfoses" de Marina em diversos setores são encaradas por pessoas que a conheceram nos tempos de liderança seringueira no Acre como uma evolução natural de alguém aberto a novas experiências. Adversários, no entanto, falam em incoerência.
Para o cientista político da UNB José Luciano Dias, é natural os políticos mudarem de posição. Segundo ele, Marina faz agora exatamente o que Lula fez, em 2002, ao se apresentar de forma menos radical.
- É natural que, a medida que você evolua para uma posição de maior relevância, passe a transigir mais e abandone posições mais radicais. Posições radicais servem para colocar o tema na agenda. A política, por definição, é oportunista. O objetivo é chegar ao poder. Se você fica restrito ao radicalismo, fica restrito a ocupar aquele espaço restrito sempre - afirma.
A primeira mudança na trajetória de Marina foi pelas mãos do então bispo de Rio Branco, dom Moacyr Grecchi, quando ela passou de aspirante a freira a ativista nas Comunidades Eclesiais de Base. Em seguida, veio o encontro com o ambientalista Chico Mendes, seu mentor político, que a levou para o papel de líder sindical rural e para o combate ao lado dos seringueiros.
Analfabeta até os 16 anos, Marina ingressou na faculdade de História , onde flertou com a corrente "Caminhando", uma tendência do PCdoB. Filiou-se ao PT em 1985 para concorrer com o objetivo de ajudar a eleger Chico Mendes.
Hoje, Marina tem ao seu lado figuras que sempre foram vistas como adversários da esquerda, como a herdeira do Itaú, Neca Setúbal, e o ex-deputado tucano Walter Feldman.
De sua saída do PT, em 2008, até a filiação ao PSB, no ano passado, Marina teve intervalos "apartidários" e uma passagem pelo PV, pelo qual se candidatou à Presidência em 2010.
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