Simone Iglesias – O Globo
Fogo amigo no ajuste fiscal
Na esteira de Marta Suplicy (PT-SP), outro senador petista, Paulo Paim (RS), está ameaçando deixar o partido. Paim se reuniu segunda-feira, em São Paulo, com o ex-presidente Lula e disse que não tem condições de votar a favor das MPs 664 e 665, do ajuste fiscal, que restringem a concessão de benefícios trabalhistas. Ouviu de Lula que não deve trair sua consciência e que "em nenhum lugar está escrito que ele tem que votar como quer o governo". Na reunião, da qual participou também o presidente da CUT, Vagner Freitas, foi feita avaliação de que a presidente Dilma precisa ceder e flexibilizar as mudanças nas regras do seguro-desemprego e do abono salarial.
Paim disse que a iminente saída de Marta Suplicy do PT não é um movimento isolado e que há "mais ruídos do que o partido imagina". Segundo ele, Lula defendeu que o governo se abra a um grande acordo em torno das MPs, unindo posições da equipe econômica, dos sindicalistas e do Congresso.
Paim disse ao GLOBO que se não houver alterações, votará contra o ajuste e sairá do PT.
- Não tenho como votar a favor dessas medidas, o governo está propondo um arrocho social. Há muito descontentamento interno, outros senadores também estão reclamando. A situação é de constrangimento, não sou só eu que penso assim. Decidi que entre votar contra o trabalhador e o aposentado, prefiro voltar para casa - disse Paim, há 29 anos no Parlamento.
Paim disse que as conversas com ministros não avançam, mostrando que o governo está ouvindo as ponderações, mas não as atenderá.
Paim afirmou que se soma às MPs sua frustração com os escândalos de corrupção envolvendo petistas e governos do partido. Paim disse que ainda vai esperar as votações das MPs, mas que já está conversando com outras legendas, entre elas PMDB, PDT e PSB, e se aconselhando sobre ação para não perder o mandato.
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