Bloco quer mudar a imagem do pré-candidato, considerado tucano demais, com aliados jovens à frente da campanha
Thais Bilenky | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Com a aliança fechada na última quinta (19), o centrão quer nacionalizar a imagem de Geraldo Alckmin (PSDB), considerado paulista e tucana demais.
A intenção dos líderes do blocão, formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade, é pressionar o pré-candidato a presidente a pôr rostos jovens na linha de frente da campanha como articuladores e formuladores do programa de governo.
Dizem querer também afrouxar a raiz de Alckmin, 65, em São Paul o e arrefecer o protagonismo do PSDB e de seus quadros tradicionais, que já compuseram campanhas tucanas anteriores.
Os agora aliados afirmam que, desde o início das negociações, colocam como urgente uma mudança nos discursos do presidenciável, considerados pouco cativantes.
A primeira fileira do centrão hoje é formada pela geração do baiano ACM Neto, 39, presidente do DEM, o fluminense Rodrigo Maia (DEM), 48, presidente da Câmara, e o piauiense Ciro Nogueira, 49, presidente do PP.
As pretensões de renovação esbarram no envolvimento em escândalos da velha política como o mensalão, que levou à cadeia Valdemar Costa Neto, 68, chefe do PR, e fraudes no Ministério do Trabalho, que motivam investigações de Paulinho da Força, 62, presidente do Solidariedade.
No total, os líderes partidários do centrão são investigados em 13 inquéritos por suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes.
Alckmin, com 40 anos na política, já se comprometeu com o pleito. Prometeu dar ares de movimento suprapartidário à sua campanha depois da convenção, em 4 de agosto.
Choques de geração, contudo, foram inevitáveis ao longo das últimas semanas de negociações políticas.
Em um dos encontros com o centrão em Brasília, o presidenciável tucano deu, segundo relatos, uma bronca em Maia, que chegara atrasado e insistia em desacreditar suas chances de vitória.
Depois, seguindo conselhos de interlocutores no grupo, viajou ao Rio para encontrá-lo a sós com o pai, o ex-prefeito Cesar Maia, para conversar.
Reservadamente, líderes do bloco afirmam que a demora inédita na formação de alianças que impuseram a Alckmin era uma rebeldia contra a adesão automática da geração anterior ao PSDB.
Os novos nomes do Democratas se recusaram a repetir o papel que consideram ter sido de coadjuvante que os caciques do PFL tiveram nas campanhas presidenciais anteriores. Queriam ver Alckmin descer do salto.
Mas o tucano não se mostrou orgulhoso, na observação dos articuladores do centrão. Sempre que demandado a resolver focos de tensão, o pré-candidato agiu: reuniu-se com Nogueira, telefonou para Valdemar, adiou uma viagem para conversar com ACM Neto em Brasília tarde da noite.
Durante as negociações, aliados do tucano chegaram a reclamar do que viam como irresponsabilidade da nova geração com o país, por colocar seus interesses locais acima da aliança nacional.
Sobre ACM Neto, por exemplo, disseram que seu maior objetivo era enfraquecer o PT na Bahia. Sobre Nogueira, que sua preferência por Ciro Gomes (PDT) era para facilitar sua reeleição ao Senado, já que o Nordeste vota tradicionalmente em candidatos ligados à esquerda.
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