- Folha de S. Paulo
Bolsonaro age para blindar os filhos e porque foi aconselhado por aliados
Surgiu um Jair Bolsonaro "paz e amor" nos últimos dias. Fez acenos de pacificação aos Poderes, prestou homenagem às vitimas do Covid-19, e escolheu um ministro da Educação fora do nocivo "olavismo", que afundou o MEC até agora.
O presidente tem ainda buscado um distanciamento dos extremistas que pedem intervenção militar e estimulam a crise com o STF.
Teria caído a sua ficha sobre o desastroso governo que conduz até aqui? Provavelmente, não.
Bolsonaro age para blindar os filhos e também porque foi aconselhado por aliados a baixar a temperatura diante dos recentes embates.
O entorno do presidente sabe do seu isolamento, hoje pendurado na estabilidade da aprovação por 32% da população.
Mas os sinais de enfraquecimento são evidentes, como diz a própria pesquisa: o apoio cai para 15% entre os que avaliam que ele sabia do esconderijo de Fabricio Queiroz.
Bolsonaro flerta com um armistício, faz gestos neste sentido, mas nada que leve a crer que suas convicções tenham mudado.
O presidente não diz publicamente, mas deve estar fora dos 75% dos brasileiros que, segundo registra o Datafolha, consideram a democracia o regime mais adequado.
Também não parece integrar os 68% que consideram uma ameaça à democracia os atos pelo fechamento do Congresso e do Supremo.
O mesmo Bolsonaro que pediu, em sua live semanal, Ave Maria na sanfona para lembrar as vítimas da pandemia promoveu aglomeração em uma cidade mineira dois dias depois.
Sem máscara, ignorou os protocolos sanitários, abraçou crianças e novamente deu um péssimo exemplo como chefe da República.
Ele protagonizou as cenas enquanto o Ministério da Saúde anunciava a boa notícia sobre o acordo para desenvolver uma vacina que pode chegar a 100 milhões de doses contra a Covid-19.
Não à toa, 54% dos brasileiros, diz o Datafolha, consideram o presidente um sujeito "pouco inteligente".
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