segunda-feira, 28 de junho de 2021

Ricardo Noblat - Lira quer mais é ver seu colega Ricardo Barros pelas costas

Blog do Noblat / Metrópoles

Conselheiros de Bolsonaro defendem uma ampla reforma ministerial para tirar o governo do sufoco. Quem se habilita?

Se dependesse de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, seu colega de partido, Ricardo Barros (PP-PR), jamais teria sido indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para líder do governo.

Uma vez que foi e que ainda é, já teria sido obrigado a renunciar à função desde que seu nome apareceu na lista de suspeitos de tentar embolsar grana com a compra da vacina Covaxin.

Bolsonaro sabe da posição de Lira a respeito de Barros, e que o deputado Luis Miranda (DEM-DF), antes de revelar sua conversa com o presidente da República, consultou Lira e obteve o seu ok.

Conselheiros de Bolsonaro, se é verdade que ele os tem, defendem uma ampla reforma ministerial para tirar o governo do sufoco em que se encontra. Como fez o presidente Collor antes de cair.

Ameaçado por um processo de impeachment, Collor montou um ministério de notáveis e começou a respirar melhor. Aí apareceu o motorista que o denunciou por corrupção, e ele caiu.

Que notáveis se disporiam, hoje, a servir como ministros a Bolsonaro?

Contra perguntas incômodas, o silêncio ou desaforos

Um presidente em apuros que só pode circular em ambientes blindados por seus devotos ou seguranças

Se nada disse até hoje sobre os 89 mil reais depositados por Fabrício Queiroz na conta da sua mulher, Michelle; se nada disse sobre o fato do seu advogado Frederick Wassef ter escondido Queiroz da justiça; por que Bolsonaro confirmará se citou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara?

Nem que o caminho dele cruze com o de uma jornalista ciente do seu dever de fazer perguntas incômodas, Bolsonaro admitirá que citou o nome de Barros em conversa com os irmãos Miranda sobre a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. Ou negará. E, convenhamos, por razões compreensíveis.

Se admitisse que citou, confessaria que cometeu o crime de prevaricação, porque obrigado a mandar investigar Barros, não mandou. Se negasse, se arriscaria a ser acusado de mentir ao país caso a conversa com os Miranda tenha sido de fato gravada, algo que Miranda, o deputado bolsonarista, insinua que foi.

 

Dizia-se à época em que Dilma Rousseff presidia o país, que ela não se sentia à vontade para circular livremente com medo de ouvir desaforos ou de ser vaiada por grupos organizados que se lhe opunham. Bolsonaro já não pode mais dar-se a esse luxo, a não ser em ambientes sob o estrito controle dos seus devotos.

Dilma ainda respondia, vez por outra, a perguntas incômodas de jornalistas. Bolsonaro, cada vez menos. E quando o faz é sempre para detratar os autores de perguntas que ele não gostaria de responder, ou que não pode responder para não correr o risco de se complicar com a justiça. Que final de governo!

 

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