Blog do Noblat / Metrópoles
Conselheiros de Bolsonaro defendem uma
ampla reforma ministerial para tirar o governo do sufoco. Quem se habilita?
Se dependesse de Arthur Lira (PP-AL),
presidente da Câmara, seu colega de partido, Ricardo Barros (PP-PR), jamais
teria sido indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para líder do governo.
Uma vez que foi e que ainda é, já teria
sido obrigado a renunciar à função desde que seu nome apareceu na lista de
suspeitos de tentar embolsar grana com a compra da vacina Covaxin.
Bolsonaro sabe da posição de Lira a
respeito de Barros, e que o deputado Luis Miranda (DEM-DF), antes de revelar
sua conversa com o presidente da República, consultou Lira e obteve o seu ok.
Conselheiros de Bolsonaro, se é verdade que ele os tem, defendem uma ampla reforma ministerial para tirar o governo do sufoco em que se encontra. Como fez o presidente Collor antes de cair.
Ameaçado por um processo de impeachment,
Collor montou um ministério de notáveis e começou a respirar melhor. Aí
apareceu o motorista que o denunciou por corrupção, e ele caiu.
Que notáveis se disporiam, hoje, a servir
como ministros a Bolsonaro?
Contra perguntas incômodas, o silêncio ou
desaforos
Um presidente em apuros que só pode
circular em ambientes blindados por seus devotos ou seguranças
Se nada disse até hoje sobre os 89 mil
reais depositados por Fabrício Queiroz na conta da sua mulher, Michelle; se
nada disse sobre o fato do seu advogado Frederick Wassef ter escondido Queiroz
da justiça; por que Bolsonaro confirmará se citou o nome do deputado Ricardo
Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara?
Nem que o caminho dele cruze com o de uma
jornalista ciente do seu dever de fazer perguntas incômodas, Bolsonaro admitirá
que citou o nome de Barros em conversa com os irmãos Miranda sobre a compra
superfaturada da vacina indiana Covaxin. Ou negará. E, convenhamos, por razões
compreensíveis.
Se admitisse que citou, confessaria que
cometeu o crime de prevaricação, porque obrigado a mandar investigar Barros,
não mandou. Se negasse, se arriscaria a ser acusado de mentir ao país caso a
conversa com os Miranda tenha sido de fato gravada, algo que Miranda, o
deputado bolsonarista, insinua que foi.
Dizia-se à época em que Dilma Rousseff
presidia o país, que ela não se sentia à vontade para circular livremente com
medo de ouvir desaforos ou de ser vaiada por grupos organizados que se lhe opunham.
Bolsonaro já não pode mais dar-se a esse luxo, a não ser em ambientes sob o
estrito controle dos seus devotos.
Dilma ainda respondia, vez por outra, a
perguntas incômodas de jornalistas. Bolsonaro, cada vez menos. E quando o faz é
sempre para detratar os autores de perguntas que ele não gostaria de responder,
ou que não pode responder para não correr o risco de se complicar com a
justiça. Que final de governo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário