Folha de S. Paulo
Ligação política com família de miliciano
não é trivial e aumenta custo de nomeação
Daniela
Carneiro se tornou ministra do Turismo num acerto de última hora. Nos
dias finais da montagem do governo, dois parlamentares da União Brasil
recusaram cargos na Esplanada. A fila andou, e o partido indicou a deputada
para a pasta.
A ministra leva uma bagagem pesada para o
primeiro escalão. O grupo de Daniela na Baixada Fluminense tem ligações
políticas com a família de um ex-policial condenado por chefiar uma milícia na
região, como revelou a Folha.
Para se eleger deputada em 2022, ela fez campanha ao lado da mulher do ex-PM.
A equipe de Lula tirou a máquina de calcular do bolso quando a história veio à tona. Concluiu que, com o que se sabe até aqui, o desgaste de demitir Daniela na primeira semana de mandato seria maior que o prejuízo de mantê-la no cargo. O núcleo do governo considerou um mau precedente derrubar uma ministra antes da depuração do caso.
Daniela foi indicada como uma recompensa
ao prefeito de Belford Roxo, marido da nova ministra, que ajudou Lula na
campanha. Agora, o preço da nomeação ficou mais alto.
Aceitar indicações partidárias faz parte da
formação de uma coalizão, mas o próprio PT sabe que não vale tudo para
construir uma base aliada.
A equipe de Lula vetou
a nomeação de Elmar Nascimento, também da União Brasil, porque o deputado
era crítico dos petistas, e barrou a indicação de Pedro Paulo (PSD) para o
Turismo porque ele havia sido alvo de um inquérito por agressão à ex-mulher,
arquivado pelo STF.
O caso atiçou árbitros da falsa
equivalência. Mas quem tem no currículo uma longa carreira com homenagens a
milicianos e cargos em seus gabinetes é
a família Bolsonaro.
Não há fatos que liguem Daniela a ações
criminosas, e ela diz que não
compactua com atos do ex-PM.
Ainda assim, a existência de uma relação política não é algo trivial. Em 2008,
o relatório da CPI das Milícias no Rio descreveu a infiltração
desses grupos na administração pública e mostrou como eles faziam
acordos com candidatos em época de campanha.
O relator da CPI foi o então deputado
estadual Marcelo Freixo, que combate as milícias no estado. No governo Lula,
ele foi convidado por Daniela para presidir a Embratur.
Um comentário:
Nada grave em comparação ao outro...
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