terça-feira, 31 de outubro de 2023

Defender a democracia, combater desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável

Cidadania - Resolução política:

O governo eleito em outubro passado, pelo esforço e cooperação de uma ampla frente política e partidária, está perto de completar um ano de exercício. É tempo de proceder a um balanço de suas ações, para identificar os ganhos obtidos, as dificuldades encontradas e as tarefas necessárias para a realização plena da agenda programática que unifica as forças democráticas no país.

A questão política central, que ainda domina a conjuntura, no Brasil e no mundo, é o embate entre as forças políticas democráticas e o autoritarismo, que aqui foram derrotadas na eleição de 2022 e na tentativa de golpe de 8 de janeiro, cujo fracasso teve como consequência o desbaratamento do grupo golpista, além do alinhamento dos Poderes da República em torno da defesa do Estado de direito democrático.

Está em curso o julgamento dos envolvidos diretamente nesse episódio, condenando-os a severas penas; a Comissão parlamentar Mista de Inquérito que investigou aqueles acontecimentos concluiu seu trabalho e indiciou 61 pessoas, entre as quais o ex-presidente Jair Bolsonaro, oito generais e um almirante, por participação, conivência ou omissão diante dos fatos. Seu relatório já foi incluindo no inquérito que investiga a tentativa de golpe.

No entanto, as forças políticas autoritárias mantêm sua força na opinião pública nacional, com suas lideranças à frente de governos estaduais e nas duas Casas do Congresso Nacional. A presença da extrema-direita na vida política nacional é resiliente e uma variável perene do processo político, com a qual teremos que lidar.

O embate eleitoral de 2024 será um campo de disputa de posições políticas entre as forças democráticas e também a extrema-direita, o que exigirá de todos os que têm compromisso com a democracia esforços redobrados no processo eleitoral para isolar os candidatos de extrema direita, sem ceder à tentação maniqueísta de restringir as alianças exclusivamente às forças progressistas. A defesa da democracia, o combate às desigualdades e o desenvolvimento sustentável exigem convergência de amplos setores democráticos e olhar atento aos interesses populares, à defesa da ética e o combate à corrupção.

Nessa conjuntura, permanece como nossa tarefa central a ampliação e consolidação da ampla frente democrática que se constituiu no segundo turno das eleições de 2022, responsável pela vitória do atual governo. Entretanto, nem sempre essas forças marcharão unidas nas disputas locais, o que exige do Cidadania muita flexibilidade na construção de alianças.

Coerente com seus posicionamentos de oposição ao governo passado, o Cidadania deu apoiou à candidatura do atual Presidente Lula no segundo turno e defende o governo nos projetos de interesse do povo brasileiro, sem subalternidade. Destacam-se, nesse programa, as políticas voltadas ao combate à exclusão e às desigualdades sociais, a implementação de projetos com o objetivo de assegurar o acesso de todos os cidadãos a serviços de educação e saúde de qualidade. E a diretriz de universalização do acesso a serviços públicos e ainda a transferência de renda aos mais necessitados.

Na questão da sustentabilidade, a reversão da situação de caos e retrocessos herdada do governo anterior está em curso. O combate ao desmatamento e a defesa das populações indígenas ganharam o estatuto de prioridade, após quatro anos de permissividade e até estímulo à destruição ambiental. A diretriz de substituição do carbono por fontes de energia limpa é uma prioridade, que exige estratégias eficazes para seu alcance e competência técnica e política para a execução dessa tarefa. Nesse aspecto, a questão da Amazônia é fundamental, porque exige a superação do velho modelo agro-exportador para novas cadeias produtivas mais responsáveis e sustentáveis, com ênfase na biotecnologia e indústrias voltadas para a nova economia.

No horizonte econômico, a gestão do ministro Fernando Haddad é positiva. Para além da aprovação de regras novas de controle do gasto público, acumulam-se evidências de um cenário consistentemente no curto prazo, particularmente no que se refere a expectativas inflacionárias. O grande desafio imediato é a aprovação da reforma tributária em curso, para a racionalização da atividade empresarial e a alavancagem do crescimento. A busca do equilíbrio fiscal é indispensável.

Quanto à política externa, verifica-se a reversão da situação de caos deixada pelo governo anterior nas relações com o mundo e a retomada dos grandes temas da tradição diplomática brasileira. Repúdio às soluções dos conflitos por meio da força, combate a todo tipo de hegemonismo das grandes potências, reforço do multilateralismo como instrumento relevante para o enfrentamento dos grandes problemas globais: a manutenção da paz, o combate à mudança climática, a superação das situações de fome, exclusão e desigualdade sociais que prevalecem ainda em amplas regiões do mundo, o avanço da democracia e do respeito aos direitos humanos.

Tanto na Ucrânia quanto na Faixa de Gaza urge um cessar-fogo imediato e uma saída pacífica e duradoura para esses conflitos territoriais. Nesse aspecto, reiteramos nossa posição contrária ao regime “iliberal” de Nícolas Maduro e à invasão da Ucrânia pela Rússia. Repudiamos o ataque do Hamas a Israel, uma organização terrorista, e também condenamos o massacre de palestinos, sobretudo crianças, mulheres e idosos, nos bombardeios indiscriminados e na invasão da Faixa de Gaza por Israel.

Nossas tarefas

Temos um governo de frente democrática. Esse governo implementa uma agenda coincidente com as tarefas da democracia, no Brasil e no mundo. O balanço do seu desempenho representa uma mudança de qualidade no processo político e econômico, que pode inaugurar um novo ciclo de crescimento e melhoria das condições de vida da população. Trata-se de um cenário benéfico para o fortalecimento da democracia, o combate às ameaças climáticas, o resgate social da população em situação de miséria absoluta e ampliação da classe média, e uma projeção da política externa focada no combate às ameaças climáticas, na busca da paz e no multilateralismo para solução dos conflitos e disputas comerciais.

Nossa prioridade, em linha com o Diretório Nacional, é enfrentar o desafio das eleições municipais de 2024, de maneira a eleger o maior número possível de vereadores, vice-prefeitos e prefeitos. Para isso, precisamos dialogar com o PSDB em todos os níveis e estruturar a federação nos estados e municípios, de acordo com as regras estabelecidas nos seus estatutos. Um bom relacionamento político possibilita sempre o benefício mútuo.

Urge também restabelecer o funcionamento regular do partido, com a realização obrigatória das reuniões de seus diretórios e executivas, em todos os níveis, nos prazos previstos estatutariamente, de acordo com os princípios da direção coletiva; e atrair novos filiados e candidatos competitivos, bem como estabelecer com o PSDB uma estratégia de atuação comum, que facilite a construção de “nominatas” competitivas, com objetivo de eleger o maior número possível de vereadores e construir candidaturas majoritárias robustas.

Como é nossa tradição e cultura política, nosso esforço de diálogo deve abarcar também os demais partidos democráticos, em busca de convergência política na estruturação de candidaturas majoritárias, principalmente no segundo turno, onde houver. O bom relacionamento com os demais partidos do campo democrático é relevante tanto para as eleições municipais de 2024 quanto para o futuro do Cidadania, pois as eleições de 2026 também estão no horizonte. Do ponto de vista programático, devemos destacar a centralidade da educação de qualidade, da assistência à saúde e do combate à violência nas eleições municipais.

Brasília, 30 de outubro de 2023

A Comissão Executiva Nacional

 

6 comentários:

EdsonLuiz disse...

■Se estudos criteriosos estão apontando que, junto com violência, a corrupção é a principal causa de ameaça à democracia, então Lula e o PT nada têm de compromisso com democracia e apenas a usam e, quando aqui no Brasil se conduzem nos marcos da democracia nos seus aspectos formais e normativos, politicamente não são os valores da democracia e de suas essencialidades que Lula e o PT seguem.

E basta esticar os sentidos um pouquinho para verificar o papel a que se prestam Lula e o PT na articulação e difusão dos interesses do autoritário Xi Jiping, que é um Mao tsé-Tung redivivo, dos interesses do "comunista de ultra-direita" Vladimir Putin, dos interesses do ditador Nicolás Maduro e antes esta cumplicidade na Venezuela era com Hugo Chaves...

E assim seguem Lula e o PT.

Com o PT, coitados dos brasileiros pobres, coitados dos brasileiros verdadeiramente democratas, coitada da ciência iluminista, especialmente na área de economia, coitada da Ucrânia e dos países que querem afirmar soberania democrática, coitada da autodeterminação dos povos quando esta autodeterminação contrariar os ditadores a que Lula e o PT se prestam a apoiar, coitadas das minorias, mulheres, LGBT+, ambientalistas, ativistas de modo geral de países como o Irã, países africanos liderados por populistas amigos do PT e de Lula e coisas assim.

Com Lula e o PT, coitada da democracia!

Edson Luiz Pianca.
edsonmaverick@yahoo.com.br

EdsonLuiz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
EdsonLuiz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
EdsonLuiz disse...

■Agora, este manifesto, aqui acima publicado pela atual executiva do Partido Cidadania23, após terem afastado o anterior presidente do partido, Roberto Freire.

■Sério! É realmente a sério este manifesto e ele expressa o atual posicionamento do Cidadania23 para além de sua atual executiva?
▪Eu não creio!

▪Cada linha que eu li nesta nota de resolução reflete o posicionamento hoje do Partido Cidadania23? Ou, como eu estou inferindo, está nota representa apenas um grupo que hoje consegue controlar a executiva do Cidadania23 e está emprestando a imagem do Cidadania23 ao governo de Lula?

■Lula e o PT operam suas políticas internamente ao Brasil nos limites do marco legal de nossa legislação, é certo. Mas Lula e o PT, nas suas práticas políticas, nenhum compromisso demonstram ter com uma verdadeira democracia.

▪A busca arrivista de Lula e do PT para terem hegemonia nos processos políticos ;
▪A instrumentalização que fazem Lula e o PT do movimento social e cooptação de suas lideranças ;
▪Aarticulação de Lula com a fisiologia política do Congresso e sem o menor esforço para construir um bloco de apoio baseado nos deputados e senadores que tenham um pouco mais de compromisso com a democracia e suas essencialidades ;
▪O ódio escancarado que Lula e o PT manifestam e espalham levianamente contra qualquer um que manifeste devergências às suas políticas e delinquências, inclusive contra jornalistas, politicos e funcionários públicos, e mesmo o ódio que Lula e o PT manifestam contra forças políticas verdadeiramente democráticas...

Tudo isto e mais não corroboram com o que afirma esta nota da atual executiva do Partido Cidadania23 sobre este ser um governo de defesa da democracia.

■A defesa da democracia no Brasil está toda por ser feita e nunca passará por fortalecer o bolsonarismo, que todos os dias faz juras democráticas, mas de democrático o bolsonarismo nada tem ; só que, do mesmo modo, Lula e o PT também nada têm de democráticos além da repetição retórica vazia e incoerente de se dizerem democráticos, como também faz Bolsonaro.

Lula e o PT até terroristas normalizam!

■Votar na Câmara dos Deputados a favor de eventuais propostas que possam ser boas para o Brasil o Partido Cidadania sempre votou, independentemente de qual seja o governo. Mesmo no Governo Bolsonaro, quando por pressão aquele governo adotou alguma política necessária ao Brasil, o Partido Cidadania não negou o voto e esteve sempre certo nesta sua postura. Mas isto foi pelo Brasil e por nossa democracia e não por cumplicidade política com Bolsonaro, como agora, no atual governo de Lula, vejo os parlamentares do Cidadania23 darem votos em eventuais propostas do governo que sejam necessárias ao Brasil e não por cumplicidade política com Lula e com o PT.

■Ontem este blog publicou um texto do cientista político Marcus André Melo que cita um estudo mostrando que as maiores ameaças à democracia são a VIOLÊNCIA e...a CORRUPÇÃO.

É a corrupção, somada à violência, uma das duas maiores ameaças à democracia, diz o estudo citado por Marcus André!

■Será que a atual executiva do Partido Cidadania23 não viu, nas duas últimas décadas, como houve a fermentação da violência no Brasil?

E se a executiva do Cidadania23 verificar, no Brasil das duas últimas décadas aumentou em 18 milhões o número de miseráveis necessitados de complementação de renda para sobreviverem:: 18 Milhões de miseráveis a mais no Brasil nas duas últimas décadas, é não menos!

O que se poderia esperar de governos repetidamente demagógicos, corruptos, fisiológicos, aristocráticos e que gestaram a MAIOR recessão econômica da história deste país, que foi a recessão econômica que aflorou em 2014?

No entanto, o que mais eu estranho nesta nota partidária é esta atual executiva do Partido Cidadania23 não ter visto no Brasil de Lula, PT e seus aliados prioritários os escândalos MENSALÃO, PETROLÃO e coisas assemelhadas, que têm subtraído recursos do orçamento que seriam aplicados na educação, saúde, segurança, geração de empregos e renda.

■Lula, PT e democracia?
=》Nada a ver!

marcos disse...

"condenamos o massacre de palestinos, sobretudo crianças, mulheres e idosos, nos bombardeios indiscriminados e na invasão da Faixa de Gaza por Israel."

Se fossem bombardeios indiscriminados não teríamos 8 mil mortos na contagem dos desonestos e assassinos, mas 80 mil. Não invadir Gaza é manter o Hamas inteiro.

PT e democracia? Prefiro Papai Noel.

MAM

EdsonLuiz disse...

■Ok! PT e Democracia é missa que não se reza junto porque o PT nada ou muito pouco tem a ver com democracia, apesar de no PT haver, talvez, gente verdadeiramente democrática que ainda está ali no PT porque também não vê democracia em outra organização política.

O fato é que o Brasil repete sempre nas pesquisas a preferência por democracia, mas quando procuramos práticas democráticas no Brasil não temos tanta facilidade de encontrar, isto em Escolas, Condomínios, reunião de Timinho de Bolinha de Gude...

O brasileiro se declara democrático mas nunca cede nada por mais justiça social, pouco luta contra discriminação de minorias e de maiorias discriminadas, pouco luta contra corrupção, contra violência em geral, incluindo violência policial... Isso quando o brasileiro não se cumplicia a estes abusos e ao apoio a farsantes e ao mesmo tempo, cinicamente, fica se dizendo democrata.

Temos que tomar cuidado e prestar atenção::
▪O PT pouco tem a ver com democracia...
...Porém, é bom prestar atenção porque uma das coisas que vários autoritários brasileiros costumam fazer é se dizerem antipetistas para parecerem democratas, mas quando observamos com cuidado nós vemos que eles também não são.