domingo, 11 de agosto de 2024

Eliane Cantanhêde – Dor e tristeza

O Estado de S. Paulo

Acidentes aéreos horrorizam, mas os aviões são o meio de transporte mais seguro

Acidentes como o desta sexta-feira, com 62 mortos, mudam a vida de parentes e amores, causam enorme tristeza em amigos e colegas e abalam o País, mas é importante lembrar que aviões são o meio de transporte mais seguro e é muitíssimo mais perigoso viajar por terra, de motocicleta, carro ou ônibus, do que voar numa aeronave -- de fabricante, empresa, tripulações, equipes técnicas, documentação e manutenção garantidas.

Em 2023, morreram 72 pessoas no Brasil em acidentes aéreos e quase 30 mil no trânsito, sem contar o rastro de lesões e graves sequelas pelo resto da vida. Logo, não há porque ter medo de avião (e isso vale mesmo que, um dia, espero que não, eu seja uma vítima). Aviões, especialmente os maiores, para voos de longo alcance, são seguros, rápidos e eficientes.

O ATR 72-500 que caiu em Vinhedo é um turboélice de médio porte usado em voos regionais, produzido pela empresa ATR, da França, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, e considerado seguro por quem é do ramo. A documentação estava em dia, a tripulação era experiente. Portanto, muito cuidado com conclusões apressadas.

Uma das dúvidas é que a aeronave decolou em Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) e, pouco antes do pouso, deu uma guinada à esquerda rumo a Vinhedo (SP). Por quê? Pode não ser nada, mas é importante esclarecer. Até agora, o foco está nas condições climáticas e no risco de gelo nas asas, um dos fatores decisivos para a queda do Airbus que caiu entre Rio e Paris em 2009, matando 228 pessoas.

Segundo a FAB, a perda de contato do ATR foi minutos antes da queda, sem qualquer comunicação de emergência para a torre de controle. Logo, as duas caixas pretas, uma de voz, outra de dados, já tão importantes em qualquer investigação de acidentes aeronáuticas, são particularmente fundamentais neste caso.

São muitos os fatores para quedas de aviões, agrupados em materiais, operacionais e humanos. As falhas humanas são consideradas responsáveis por 80%, ou mais, dos acidentes e vão desde cansaço e más condições psicológicas a inexperiência e mau uso dos protocolos... Mas uma aeronave raramente cai por um único fator e sim por um conjunto de fatores encadeados.

As investigações do acidente em Vinhedo já começaram, lembrando que as da polícia buscam responsabilidades e culpados, mas as do Cenipa, da FAB, têm o objetivo de identificar causas e sugerir protocolos de prevenção de novos acidentes. O mais importante neste momento, porém, é fazer o reconhecimento e chorar os mortos, acolher suas famílias e amores e manter a onda de solidariedade.

 

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Parece que o caso em questão,a ''manutenção'' não estava em dia.