sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Eliane Cantanhêde - Pablo Marçal, o ‘russo’

O Estado de S. Paulo

Marçal bagunça o coreto da eleição e da própria direita em São Paulo

Estrategistas do pós-Bolsonaro já têm um cronograma político prontinho para São Paulo. Pablo Marçal vai definhar naturalmente, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos irão para o segundo turno, Nunes será reeleito e o caminho estará livre para o “grande salto”: a metamorfose do governador Tarcísio de Freitas para “tucano”. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas falta combinar com os “russos” – e com as pesquisas.

A primeira fase desse cronograma, ou estratégia, já sofreu um solavanco com Marçal disparando para o segundo lugar no Datafolha, empatado tecnicamente com Boulos, em primeiro, e com Nunes, que deslizou para o terceiro. Logo, a eleição paulistana se transforma em todos contra Marçal, alvo direto de bolsonaristas, petistas e do centro, todos aturdidos.

Reportagens do Estadão nos apresentam um Marçal ficha-suja, com patrimônio estonteante e filiado a um partido, o PRTB, recheado de alvos da polícia por ligações com o PCC. Não bastasse, Marçal também avacalha os debates e a campanha com fake news.

Líderes da direita em São Paulo descartam uma cassação da chapa pela Justiça Eleitoral e apostam numa solução política. A cúpula e a família bolsonarista estão em guerra contra Marçal e a esperança é de que o tempo de TV de Nunes

seja devastador para ele e os demais. O prefeito terá 55 comerciais por dia na TV aberta, enquanto o candidato do PRTB terá... zero.

Jair Bolsonaro deu corda para o ex-coach, sem perceber que estava dando corda para se enforcar na eleição paulistana, ou melhor, enforcar o seu candidato preferencial. É hora de se desgarrarem, porque Marçal e Nunes racham os votos bolsonaristas. Apesar disso, somados, eles confirmam a força da direita na capital e os riscos de Boulos no segundo turno.

A tendência é de que os eleitores de ambos se unam contra Boulos e PT, enquanto os de Tabata Amaral e de Datena se dividam entre esquerda e direita. Detalhe: há tantos anos Datena é tido como um potencial fenômeno eleitoral, mas ele não se preparou e é outra “vítima do coach”. Logo, logo larga a campanha e deixa o PSDB na mão.

Diante da perplexidade geral, setores da esquerda, inclusive do PT, já se perguntam se não seria melhor para Boulos disputar contra a aventura Pablo Marçal do que contra a caneta de Nunes. Memória muito curta, porque foi assim que o “inadmissível”, “absurdo” e “aventureiro” Jair Bolsonaro chegou à Presidência. Depois dessa, só nos falta um tipo como Pablo Marçal na Prefeitura de São Paulo.

 

2 comentários:

Anônimo disse...

Bolos queridinho da esquerda e dos jornalistas só tem no seu currículo invasão de prédio , de terra, baderna e três prisões por invasão de propriedade privada
Ah é claro conta com apoio do Lula por isso que todo mundo baba o ovo

ADEMAR AMANCIO disse...

A extrema direita perdeu em São Paulo na última eleição.