• Partido também cobra de Dilma posição contra terceirização
Tatiana Farah – O Globo
SÃO PAULO — O PT decidiu nesta sexta-feira que os seus diretórios não receberão mais doações de empresas. A resolução não atinge os candidatos da legenda, que poderão continuar se abastecendo de recursos de pessoas jurídicas.
A decisão é uma resposta ao escândalo de corrupção da Petrobras, revelado pela operação Lava-Jato. De acordo com os investigadores, as empresas que prestavam serviço para a estatal pagavam propina por meio de doações legais ao PT.
O partido lançará em maio um programa de doações de filiados e simpatizantes, cujos valores podem ir de R$ 15 a R$ 1 mil, e assim espera se financiar.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse rejeitar doações de empresas “não significa qualquer tipo de mácula” nas doações já feitas.
A nova medida deve vigorar ao menos até junho, quando será referendada pelo 5º Congresso do partido. O veto a doações de empresa atinge o diretório nacional e os diretórios estaduais e municipais.
“O partido revitalizará a contribuição voluntária, individual dos filiados, simpatizantes e amigos. Tais definições são coerentes com nosso estatuto, segundo o qual ‘arrecadação básica e permanente do partido é oriunda de seus filiados’”, diz trecho da resolução apresentada pelo diretório.
O PT acrescenta que a proposta de rejeitar as doações empresarias “condizem com a defesa de uma reforma política democrática que ponha fim à interferência do poder econômico nas decisões políticas”.
No mesmo documento, o partido cobra que a presidente Dilma Rousseff assuma a liderança na campanha contra a terceirização do trabalho e vete o projeto sobre o tema caso ele venha a ser aprovado pelo Congresso.
Também destaca que apoia o empenho da presidente para enfrentar os problemas fiscais, “mas considera vital que a política econômica esteja voltada para impedir que os efeitos desse ajuste recaiam sobre as costas dos trabalhadores e tenham caráter recessivo”.
Em outro trecho, o documento acusa as empresas de comunicação do país de “a partir de notícias distorcidas sobre investigações de corrupção na Petrobras” criarem um clima de “condenação moral contra o PT”. “Importantes empresas de comunicação, que efetivamente exercem o monopólio da produção e veiculação de informações, ocupam a linha de frente da empreitada restauradora”, afirma a resolução do partido.
Os petistas também afirmam no texto que a prisão do tesoureiro afastado João Vaccari Neto “demonstra que o clima de ódio e revanche (contra o partido) envolve fatias da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário”.
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