O Estado de S. Paulo
Por que foi ao Planalto? Por que caminhava
sem escolta? São perguntas a que G. Dias deve responder
As imagens de agentes do Gabinete de
Segurança Institucional (GSI) deixando o Palácio do Planalto à mercê dos
vândalos que o invadiram no 8 de janeiro contrastam com as cenas registradas da
reação da Polícia Legislativa, que enfrentou os criminosos para impedir danos
maiores ao Congresso. Elas trazem novos indícios que complicam a situação dos
militares que então compunham o GSI, em larga medida nomeados na gestão do
general Augusto Heleno, bem como a do general Marco Edson Gonçalves Dias, o G.
Dias.
Ao pedir exoneração, G. Dias não evita ser chamado para dar explicações à Polícia Federal e ao Congresso sobre sua conduta. Em 2012, ele perdeu o comando da 6.ª Região Militar (Bahia) após ser flagrado confraternizando com manifestantes durante greve da PM. Desta vez, as imagens do general caminhando por volta das 16h30 pelos andares superiores do Planalto mostram um ministro de Estado sem escolta em uma área conflagrada e ocupada por golpistas.
Esta é a primeira pergunta a que ele deve
responder: por que foi ao Planalto? E por que caminhava sem escolta? Não seria
uma temeridade? O ex-chefe do GSI deve aproveitar para dizer se confiava na
equipe de militares que então comandava.
Deve aproveitar para esclarecer de quem foi
a ordem para dispensar no dia 7 de janeiro o reforço do Batalhão da Guarda
Presidencial, enviado no dia 6 pelo então comandante militar do Planalto,
general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, para proteger a sede do Executivo.
G. Dias deve dizer se determinou apurar a conduta dos militares sob seu comando
que estavam de plantão no Planalto, assim como fez o general Dutra no CMP. Terá
ainda de informar se tomou conhecimento de que subordinado seu deu até água
mineral aos vândalos.
Por fim, o general terá de responder por
que não determinou a prisão de quem se omitiu na proteção do palácio, o que
permitiu a invasão do prédio quase sem resistência. Ou por que optou por
esvaziar primeiro os andares superiores do Planalto em vez de prender
imediatamente os bandidos que destruíam o patrimônio público. A indignação que
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou ao conversar na noite do dia
8 com o general Dutra parece não ter movido o chefe do GSI em sua caminhada
vespertina pelo Planalto.
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