Governador de Pernambuco compara gestão de Dilma a momento ‘pré-Real’
Flavio Ilha
PORTO ALEGRE – O governador de Pernambuco e pré-candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos, disse em Porto Alegre que o governo está “vivendo de mágica” e que o Brasil precisa de um novo pacto político para “salvar as conquistas” econômicas e sociais dos últimos anos. No plano econômico, Campos classificou a situação como “pré-Real”, onde a inflação era mascarada mediante os preços administrados pelo governo. As declarações foram dadas um dia depois de Campos se encontrar com Aécio Neves, no Recife.
Durante o primeiro encontro regional da aliança PSB-Rede-PPS para discutir um plano de governo, Campos voltou a criticar, ao lado da virtual candidata a vice, Marina Silva, as concessões políticas da presidente Dilma Rousseff em nome da governabilidade, “que não botam agenda nenhuma para a frente”.
— Vivendo de mágica: arruma três bilhões ali, bota na companhia de energia. Desvia para cá, paga as contas. É como diz na linguagem popular: da mão para a boca, assando e comendo. Isso vai batendo na educação, vai batendo na segurança, nas estradas, na saúde, no saneamento. Isso vai dar aonde? – discursou Campos.
O encontro teve a presença do senador Pedro Simon (PMDB), tido como “padrinho” da aproximação entre Campos e Marina. Também participou do ato o presidente nacional do PPS, Roberto Freire. O governador pernambucano disse que o país está vivendo um ciclo preocupante de perda das conquistas econômicas e sociais obtidas desde a redemocratização.
— No padrão de governança da economia, voltamos a um estado pré-Real. Também estamos vivendo uma situação de recrudescimento do ciclo de violência em vários locais onde ela tinha sido reduzida. O que está acontecendo é em função de um pacto político que não serve mais ao país. Tem gente inclusive que, a essa altura, está vendo com muito interesse o que estamos fazendo porque está percebendo que aquilo ali (o governo) não vai adiante. A nova política no Brasil hoje é mudar esse governo que está aí – disse o pré-candidato.
Segundo Campos, as concessões políticas geraram um pacto de conveniência dentro do governo que está “constrangendo muita gente boa”. O pré-candidato também anunciou que deixa o governo de Pernambuco no dia 4 de abril, prazo final de desincompatibilização dos cargos executivos para quem quer ser candidato em 2014.
O encontro reuniu mais de mil filiados do PSB, da Rede e do PPS do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Outras quatro reuniões serão realizadas até 26 de abril, quando o ciclo de debates se encerra em Manaus (AM). Antes disso, no final de março, segundo Campos, a chapa majoritária da aliança deve ser oficializada.
A ex-senadora Maria Silva, que aparece com cerca de 20% das intenções de voto nas principais pesquisas de opinião, descartou a possibilidade de que possa ser indicada candidata à presidência pelo PSB.
— Quando aceitamos o desafio de integrar essa aliança (em outubro de 2013), sabíamos que o PSB tinha um candidato. Desde então, estamos dialogando com essa candidatura e não com outro cenário – disse.
Marina, que deve ser confirmada como candidata a vice-presidente pelo PSB, também engrossou o discurso anti-Dilma. Sem se referir diretamente à presidente, a ex-ministra do Meio Ambiente de Lula disse que o Brasil não precisa de um gerente, mas de visão e de planejamento estratégico.
A pré-candidata, que tem vetado algumas alianças regionais dos socialistas com siglas conservadoras, também afirmou que o objetivo da aliança entre PSB, Rede e PPS é obter acordos com partidos “compatíveis” com o programa de governo que será apresentado, que privilegia itens como sustentabilidade, respeito à diversidade social e radicalização da democracia participativa.
— Não queremos fazer literatura. Pode-se fazer um programa muito bonito no papel, mas se as pessoas que vão protagonizar esse programa não têm identidade com ele, obviamente que fica mais difícil de a sociedade sentir o peso das decisões que estamos tomando – justificou.
Fonte: O Globo
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