Queixa de peemedebistas é que petistas tentam obter hegemonia no Congresso às custas dos aliados
Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA - Além das demandas não atendidas na reforma ministerial e da falta de acordo para alianças nos estados nas disputas para governador, o projeto do PT de se tornar a maior bancada, tanto na Câmara quanto no Senado, assumindo assim o comando das duas Casas, é mais um motivo de irritação do PMDB, cuja força está baseada justamente no seu peso no Congresso. A meta dos petistas é crescer, nas eleições de outubro, de 87 para, no mínimo, 100 deputados federais, e de 13 para 20 senadores.
Peemedebistas reclamam que o PT tenta construir seu projeto de hegemonia às custas dos aliados, que sustentam o governo Dilma Rousseff:
- Se fosse natural, não tinha problema, era do processo democrático. O problema é o uso da coalizão com esse objetivo. Na hora de barrar a CPI da Petrobras, o governo vai em cima do PMDB, que fica com o ônus de barrar a investigação. Mas na hora de entregar máquina e dar notícia de criação de universidade, é o PT quem vai, é o PT quem leva - disse o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
Lideranças petistas tentam minimizar a revolta dos aliados, que cresce a cada dia, refletindo-se nas votações da Câmara:
- Que partido não quer aumentar sua bancada? - disse o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho (SP).
O PT já tem a maior bancada na Câmara, mas fechou, em 2007, um acordo com o PMDB para promover um rodízio na presidência da Casa, o que está em vigor até hoje. Já no Senado, o PT é a segunda maior bancada e os senadores peemedebistas nunca aceitaram fazer um revezamento nos moldes da Câmara. O resultado é que, na atual legislatura, o PMDB tem a presidência das duas Casas, o que torna a presidente Dilma refém do partido em momentos de crise. É isso que o PT quer evitar que se repita.
- A orientação é que onde não couber candidatura do PT (ao governo do estado), nossa prioridade é ter candidatos ao Senado - disse o líder petista no Senado, Humberto Costa (PE).
Atualmente o PT tem 13 senadores e o PMDB, a maior bancada, tem 20. Mas, nas eleições de outubro, quando o Senado vai renovar um terço da Casa, sete senadores do PMDB terminam o mandato e somente três do PT.
O PMDB queria aumentar sua participação no governo de cinco para seis ministérios, o que não foi aceito pela presidente Dilma. Revoltado, o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), formou um "blocão", já esvaziado pelo governo, com cerca de 250 deputados, e aprovou convocações e convites a dez ministros, além de travar a votação do marco civil da internet, que é prioridade do Palácio do Planalto.
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