“Fiz uma declaração no Facebook em que eu dizia: 'ou ela renuncia, ou ela assume a liderança, ou nós vamos ficar no ramerrão, que vai continuar sendo movido pela crise econômica e pela Lava Jato'. Como o poder está se esfarinhando, a maneira menos dolorosa de se fazer uma passagem seria ela entender que isso é necessário. Mas eu sei que é difícil, seria difícil para qualquer um. Dilma provavelmente não acha que está num beco sem saída, e eu também acho que ela ainda não está. Eu coloquei uma hipótese, coloquei um caminho: ou a renúncia ou fica tudo como está ou ela assume o comando. Eu não falei das saídas pelos tribunais. Ela está hesitante entre 'vou poder liderar' ou 'vou deixar que a coisa ande'. Para poder liderar, ela fez uma coisa complicada porque ela delegou o poder na economia a uma pessoa que pensa diferente dela, o ministro Joaquim Levy (Fazenda), e na política ao vice-presidente Michel Temer, que agora recuou e deixou a articulação. Nós continuamos nesse impasse. Não está claro qual vai ser o desdobramento disso. O motor que impele o processo não está sob o controle político. Ele é formado pela Lava Jato e pela crise econômica. Ele é que vai impelindo alguma saída. Agora, o que vem depois? É difícil de você dizer porque nós não sabemos quais atores políticos estarão em pé daqui a três meses.”
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Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente da República. Entrevista: O Estado de S. Paulo, 5 de setembro de 2015.
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