Momento da economia mundial requer muita atenção, tanto de analistas quanto de políticos
A economia americana, observada da superfície, ostenta indicadores invejáveis. Inflação sob controle, pouco acima dos 2%; crescimento em bom ritmo (3%) e, como consequência, taxa de desemprego historicamente muito baixa (aquém dos 4%). Por isso mesmo, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, vem elevando aos poucos os juros.
O cenário, como se vê, parece benigno. Mas, no início da semana, o mercado de ações — sensível sismógrafo do que acontece no subsolo das economias — caiu de forma pouco usual. Houve razões pontuais: papéis da Apple mergulharam 4%, puxados por más previsões de vendas; ações de outros gigantes da tecnologia foram atrás; pessimismo com o embate comercial entre China e EUA. Tudo somado com outros fatores degradou o humor do mercado.
Aqueda em Wall Street se propagou pelo mundo e um turbilhão de análises preocupantes fluiu pela rede digital. Há outros sinais pelo mundo nada animadores. Um deles, aquedado preço do petróleo —30% desde o início de outubro. Trata-se de um indicador valioso do nível de atividade econômica. Deve haver relação com o esfriamento, no último trimestre, de economias de peso como China e Japão, a segunda e a terceira maiores do mundo, e a Alemanha, também entre as dez mais poderosas.
Quem sabe que as economias cumprem ciclos antevê alguma desaceleração nos EUA, o que se reflete nos mercados, antecipadores de tendências.
Há mesmo entre analistas quem não descarte recessão no horizonte. É certo que tudo dependerá muito da maneira como o Fed administra alenta e anunciada elevação dos juros básicos.
O presidente Trump, como todo ocupante da Casa Branca, não gosta de quando o Fed exerce seu mandato de moderador das tendências da economia. Reclama publicamente de Jerome Powell, presidente do Fed. Em vão, porque o banco é independente.
O momento da economia mundial, porém, requer muita atenção dos analistas, tanto quanto dos políticos com responsabilidade de governo. Jair Bolsonaro também precisará de Paulo Guedes para entender o que significam os sinais que estão sendo emitidos pelos mercados. Não há dúvida de que o Brasil tem de fazer a reforma da Previdência antes de qualquer tempestade.
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