Blog do Noblat / Metrópoles
Os representantes da chamada “terceira via”
precisam entender que este não é um tempo de Nem Nem, mas de Não
Nesta semana, a terceira via apresentou seu
12º candidato à presidência da república, com poucas intenções de voto e sem
apresentar narrativas do que propõem para seus governos. Não se vê a construção
de um nome que possa enfrentar os dois polos e nenhum projeto que possibilite
minimamente conduzir o país à partir de 2023. Tampouco se percebe estratégia no
sentido de uma composição entre todos que se opõem a reeleição do atual
desgoverno, e tudo que isto representaria para o futuro do país.
A sensação é que o quadro político se
divide em três sectarismos: petistas, bolsonaristas e nem-nemistas, estes
fragmentados, até aqui, em 12 partes. A divisão e recusa dos nem-nemistas para
dialogar com o PT só se explica pela possibilidade de Bolsonaro ser excluído do
segundo turno. Alternativa que parece pouco provável. Contar com isto é uma
irresponsabilidade que precisa ser evitada.
Dificilmente qualquer dos 12 fragmentos da terceira via chegará ao segundo turno sem apoio do PT, e outra vez poderá ser difícil ao PT ganhar no segundo turno sem apoio explícito dos candidatos contrários ao Bolsonaro. Além disto, não será bom para o Brasil ser governado pelo PT sem apoio das demais forças democráticas responsáveis. Mas o silêncio do PT em relação à unidade no primeiro turno e à coalizão depois da eleição leva os democratas brasileiros temerem que 2022 repita 2018, e o PT perca a eleição por falta de apoio das demais forças, ou repita 2014, e o governo do PT se perca por falta das correções de rumo que permitam governar. Em 2018 o PT perdeu por falta de apoio, em 2014 por falta de coalizão responsável. O clima de antagonismo que se está vivendo e vai se agravar durante o primeiro turno pode inviabilizar aliança no segundo turno, levando à continuação da tragédia do atual desgoverno, e ao risco de um governo do PT fragilizado e radicalizado.
O Brasil precisa de uma unidade já no
primeiro turno contra a tragédia da continuação do atual desgoverno que nos
desarticula, degrada e envergonha; e de uma coalizão responsável contra as
dificuldades do risco de um governo puro sangue do PT.
Apesar de sua incontestável força, o PT
erra ao manter-se arrogante e esnobar a terceira via, correndo o risco de
repetir 2018 e ser responsável por reeleger o desgoverno atual. Precisa
Lembrar também do risco de ganhar e
preferir governar sem uma coalizão responsável. Por arrogância perder ou se
perder e assistir nossa crise politica, econômica e social se transformar em
decadência histórica e civilizatória.
Por sua vez, os representantes da chamada “terceira via” precisam entender que este não é um tempo de Nem Nem, mas de Não, identificarem quem é o inimigo do Brasil, superarem preconceitos contra o PT, e se disporem a uma aliança patriótica e uma coalizão responsável. Provavelmente isto não vai acontecer: o PT vai continuar arrogante e a terceira via preconceituosa, e o Brasil ao sabor dos interesses eleitorais dos partidos e candidatos.
*Cristovam Buarque foi senador, governador e ministro
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