Folha de S. Paulo
Da fraude na vacina de Bolsonaro ao desvio de
maconha, tudo se resolve no jeitinho
Em mais um capítulo de sua delação premiada,
o tenente-coronel Mauro Cid acusou
Bolsonaro de ter dado ordem para fraudar os cartões de vacinação de Covid –o
dele e o da filha, Laura, de 13 anos. Espanto nenhum. Na inversão de valores
que virou marca do Brasil, há quem defenda que ele tinha esse direito.
Como não causa surpresa a maneira pela qual o faz-tudo do ex-presidente levou a cabo a missão. As investigações mostram que a fraude teve origem em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Servidores da prefeitura inseriram no ConectSUS os dados falsos não só dos Bolsonaro como de dois assessores. A exclusão dos dados, sob alegação de erro, para tentar encobrir o esquema, envolveu uma funcionária do município –feudo político de Washington Reis, supersecretário do governador Cláudio Castro.
Em outras épocas refúgio de nove entre dez
golpistas de Hollywood, o Rio é hoje o paraíso de todos os arranjos, desde que
criminosos na essência. Na semana passada, a PF prendeu quatro policiais civis
enrolados na apreensão e, depois da conversa mediada por um advogado, na venda
de 16 toneladas de maconha para traficantes. A pistola Glock do miliciano
Faustão –cuja morte motivou o caos de fogo na zona oeste da capital– estava
registrada no nome de um PM do Batalhão de Choque.
A Alerj –na qual age um grupo denominado
"novo cangaço"– aprovou projeto enviado por Castro que altera regras
de fundos especiais, alguns destinados à segurança pública, para uso "em
qualquer despesa". A injeção de grana poderá chegar a R$ 3,5 bilhões.
Em troca, o governador –aquele que não
"dá trégua à bandidagem"– mudou pela terceira vez o secretário de
Polícia Civil, nomeando Marcus Amim,
delegado e influenciador digital cujo padrinho é um deputado ligado a milícias
da Baixada. Não por acaso o lugar onde se falsificam cartões de vacina para o
presidente da República.
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