quinta-feira, 24 de julho de 2025

Boicote quem lucra com genocídio em Gaza - Thiago Amparo

Folha de S. Paulo

Prefeituras e governos estaduais no Brasil devem imediatamente suspender a compra de armamentos de Israel

O genocídio israelense em Gaza continua porque é lucrativo. A princípio, a afirmação pode soar contraintuitiva: como pode ser lucrativo explodir 120 civis atacando escolas usadas como abrigos, ou matar 93 palestinos em centros de ajuda humanitária, ou usar a fome como tática de guerra, como Israel fez na última segunda-feira (21) ao atacar armazéns da OMS (Organização Mundial da Saúde)? Genocídio palestino é lucrativo, porque a economia israelense —em particular os setores militar, tecnológico, financeiro e fundiário— está atrelada umbilicalmente à máquina de moer carne palestina.

É o que diz o relatório da especialista das Nações Unidas sobre os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, publicado neste mês. De acordo com o relatório, Microsoft, Alphabet, Palantir, Amazon e IBM proveem a base tecnológica para o controle que o regime de apartheid de Israel exerce na Palestina. A americana Lockheed Martin, a italiana Leonardo S.p.A e a japonesa Fanuc, entre outras, fornecem vigilância e robôs para o genocídio.

Os vídeos feitos por inteligência artificial em que Gaza se tornaria a "Riviera do Oriente Médio" nada mais são do que a versão TikTok das rádios ruandenses em que inimigos eram retratados como baratas: neles palestinos mortos ou deslocados dão lugar a uma distopia turística em que crianças palestinas são substituídas por cosmopolitans à beira de uma piscina de sangue. Albanese revela como Hyundai e Volvo fornecem o maquinário para demolições e como Booking e Airbnb listam propriedades em territórios ocupados. Empresas dos setores agro e financeiro também são listadas.

Brasil deve imediatamente suspender a venda de petróleo a Israel, fomos em 2024 o quarto maior fornecedor de petróleo cru a Israel. Prefeituras e governos estaduais no Brasil devem imediatamente suspender a compra de armamentos de Israel: parte do genocídio negro na Bahia é feito com 200 fuzis que a PM comprou dos israelenses. Não basta dizer que é genocídio, deve-se cortar o lucro que o genocídio gera.

 

Nenhum comentário: