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No lugar errado e na hora errada
Está aberta a contagem regressiva para a renúncia ou afastamento de Fabio Schvartsman do cargo de presidente da Vale. Fosse o Brasil o Japão, ele já teria anunciado a renúncia, pedido desculpas ao distinto público e se dito pronto para arcar com as consequências do caso. Ou cometido o suicídio.
Mas, não. Depois de ter assumido o cargo sob a invocação de “Mariana nunca mais”, Schvartsman por enquanto ainda fala em criar “um colchão de segurança” para que nunca mais algo de parecido se repita. É pouco, quase nada.
Ex-presidente da Klabin, a maior produtora e exportadora de papéis do país, ele está certo ao dizer que não é engenheiro, não tem obrigação de entender sobre segurança de barragens, e que fora informado por seus colegas de diretoria que estava tudo bem lá pelas bandas de Brumadinho.
De fato, Schvartsman é um financista, e por isso foi trabalhar na Vale depois que a tragédia de Mariana derrubou seu antecessor. Teve um excepcional desempenho. Este ano, a Vale deverá pagar aos acionistas os maiores dividendos de sua história.
O que não faz sentido é que Schvartsman continue a garantir que pareceres e auditorias contratadas a várias empresas especializadas, algumas até internacionais, tenham assegurado que não havia o menor risco de rompimento da barragem de Brumadinho.
Salvo se o rompimento tivesse sido provocado por um terremoto ou pela erupção de um vulcão só agora descoberto em Minas Gerais, não há hipótese de uma obra de engenharia implodir sem fornecer antes sinais de que inspira cuidados. Ou não ligaram para os sinais ou os avaliaram mal.
A imagem da Vale foi emporcalhada pela segunda vez em pouco mais de três anos. Pode até ser possível que os acionistas abram mão de receber o lhes é devido por lucros passados. Mas alguém terá que pagar por isso. O problema de Schvartsman é que ele está no lugar errado e na hora errada.
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