Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é mais aquele. Quando deixou o governo, em 2010, ostentava 83% de aprovação popular e meros 4% de reprovação; nada menos que 71% dos brasileiros o consideravam o melhor presidente da história do país. Parecia imbatível.
O noticiário dos últimos dias atesta o quanto o cenário mudou. Contaminado pelo desgaste da presidente Dilma Rousseff (PT) e pressionado pelos avanços da Operação Lava Jato, Lula fez sua sucessora saber que a defesa do Planalto está em segundo plano.
O padrinho já não pode proteger sua afilhada porque precisa proteger a si próprio e ao partido que ajudou a fundar 36 anos atrás.
Do ponto de vista do PT, isso implica criticar medidas sensatas que o governo Dilma começa a adotar na área da economia. A proposta de reforma da Previdência e o apoio ao projeto que diminui o peso da Petrobras na exploração do pré-sal são dois exemplos recentes.
De um ângulo pessoal, Lula quer tempo para lidar com as investigações de que é alvo. Suspeita-se que a Odebrecht e a OAS, empreiteiras ligadas ao escândalo de corrupção na Petrobras, tenham buscado beneficiar o ex-presidente por meio de melhorias num sítio em Atibaia e num tríplex no Guarujá, ambos no Estado de São Paulo.
De acordo com pesquisa Datafolha publicada no final de semana, cerca de 60% dos brasileiros dizem acreditar que tenha havido favorecimento –entre os simpatizantes do PT, um terço afirma o mesmo.
A corrosão da imagem do ex-presidente não termina aí. Lula ainda é o mais citado como melhor mandatário da história, mas agora por 37% dos entrevistados –desde 2010, perdeu quase a metade de sua força nesse quesito.
O petista, ademais, não aparece numericamente em primeiro lugar em nenhum dos quatro cenários eleitorais pesquisados com vistas à disputa presidencial de 2018.
Ou seja, ainda que se dispusesse a estender a mão para Dilma Rousseff, dificilmente Lula poderia fazer muita coisa em prol de um governo considerado ruim ou péssimo por 64% da população e ótimo ou bom por apenas 11%.
Dilma e seus aliados, de todo modo, podem ver com bons olhos alguns dados da pesquisa: o índice dos que defendem o impeachment e o dos querem a renúncia da presidente permanecem estáveis, na casa dos 60%.
Aumentou bastante, por outro lado, o já elevado percentual dos que apoiam a renúncia do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e adversário declarado de Dilma: se eram 65% em dezembro, agora são 76%.
Segundo na linha de sucessão presidencial, Cunha sem dúvida macula o processo de impeachment a que deu início em dezembro. Por ironia, tornou-se o melhor apoio de quem pretendia derrubar.
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