Folha de S. Paulo
Já se fala com desenvoltura que 2026 pode ser
a última eleição sob influência de Lula e Bolsonaro
Com alguma distância, a sombra do ocaso ronda
os dois chefes das torcidas mais estridentes da cena política atual.
Luiz Inácio da Silva (PT), enroscado
na baixa
aprovação de seu governo, pode não concorrer ou até perder a
reeleição. Jair
Bolsonaro (PL),
inelegível e réu
no Supremo Tribunal Federal, ainda corre o risco de ser preso.
Entre a população, a situação tampouco é boa: 62% acham que o presidente não deveria concorrer à reeleição e 67% consideram que o antecessor deveria se recolher à inelegibilidade.
Na política já se fala com desenvoltura na
hipótese de a próxima eleição ser a última em que ambos galvanizam as atenções.
À direita a sucessão é mais fácil: circulam pretendentes cujo compromisso com o
ex-presidente é tênue; a liderança dele nesse campo é relativamente recente.
Com Lula é
diferente. Lidera a esquerda sem concorrência há cerca de 40 anos e por ora não
há quem ouse se apresentar para substituí-lo. Ainda que a base social do PT não
seja a de outros tempos, está presente. A da direita está em construção e se
divide entre vários partidos.
O traço comum é que nenhum dos dois sinaliza
vontade de ceder o lugar. É de se perguntar para onde e até quando querem ir os
valentes. Por enquanto, a resposta é: à resistência. Nisso, Lula e Bolsonaro
parecem dispostos, na predileção por confrontarem-se mutuamente.
A questão é a chance de sucesso. Lula
desponta em vantagem, pois sua recuperação depende da capacidade de manejar as
circunstâncias adversas, enquanto a reversão da adversidade do adversário está
nas mãos da Justiça, em cenário de graves acusações.
Embora o presidente tenha a seu favor a
potência pessoal e a consistência partidária, são forças em trajetória
descendente que vêm perdendo terreno para uma direita cheia de gás e mais bem
adaptada às demandas e ferramentas da atualidade.
As previsões sobre o ocaso podem não se
concretizar em 2026,
mas estarão mais próximas da inevitável renovação geracional cuja realidade já
se põe à espreita.
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