O Estado de S. Paulo
A Câmara apertou, e o Senado deve apertar mais um pouquinho para deixar sua marca na regra fiscal
Ao final da semana da aprovação do projeto
do arcabouço fiscal pela Câmara, as telas dos computadores dos analistas do
mercado financeiro apontavam taxas de juros para setembro de 2024 em 9,89%.
Praticamente quatro pontos porcentuais de corte em pouco mais de um ano.
O otimismo tomou conta do mercado porque o
projeto foi aprovado com surpresas de última hora que apertaram os botões,
dando mais instrumentos para obrigar o governo a segurar a fome política por
elevar os gastos.
A “surpresa” garantiu ganho a valor presente do impacto da votação da nova regra para os preços do mercado. E ela veio pela votação dos deputados com o placar elevado de 372 votos.
No final de março, antes mesmo de o projeto
ter sido apresentado pelo Ministério da Fazenda, a coluna informou o
diagnóstico de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, iria conduzir um
movimento de aperto nas regras. Não era previsão, era apuração.
Na época, foram muitos emails e mensagens
pelo WhatsApp e comentários de leitores nas redes sociais com ironias do tipo:
“Em que mundo vive a colunista? Quando é que parlamentares vão querer gastar
menos?” As razões políticas foram descritas na coluna publicada no dia 24 de
março.
Economistas também apontavam ceticismo com
essa análise. Não deu outra. A Câmara apertou, e o Senado deve apertar mais um
pouquinho para deixar sua marca, como sugerem economistas ouvidos pelo Estadão,
como o ex-secretário do Tesouro e Orçamento Bruno Funchal, CEO da Bradesco
Asset.
A redução dos juros futuros foi enfatizada
pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o secretário executivo do
Ministério da Fazenda, G abri elGalípo lo. Indicado pelo presidente Lula para a
diretoria de política monetária do BC, Galípo lotem ajudado a puxar oco rode
que ascon dições técnicas estão abertas para aquedados juros.
O secretário apontou esta semana que a
reoneração dos combustíveis e o arcabouço fiscal têm feito com que o ceticismo
do mercado venha sendo gradativamente vencido.
A ida do braço direito do ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, para o coração do Copom já vem produzindo mudanças na
comunicação do BC. Isso já vem acontecendo e, com Galípolo, esse modelo deve se
acentuar.
No debate da queda de juros, a definição
sobre a meta de inflação daqui para frente é central para o início do corte da
taxa Selic. Isso se o governo não estragar antes os ganhos que teve até agora,
como políticas de incentivos para baratear os preços dos carros populares, na
contramão do discurso de redução de benefícios de Haddad, e que coloca ainda
mais o rico no Orçamento da União. O oposto do que prometeu o presidente Lula, de
botar o pobre no Orçamento.
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