Por Adriana Mattos, Cibelle Bouças e Thais Carrança | Valor Econômico
SÃO PAULO - Após dois anos de retração, o grande varejo viveu um primeiro trimestre de crescimento de vendas e rentabilidade, tendência que se acentuou em março e continuou em abril e maio. O Valor Data analisou os balanços de nove grandes companhias de capital aberto do setor e apurou que a receita líquida conjunta aumentou 14,8% de janeiro a março quando comparada com a do mesmo período do ano passado.
Esse grupo de nove companhias - Pão de Açúcar, Via Varejo, Raia Drogasil, Magazine Luiza, Lojas Renner, Profarma, Hering, Restoque e Multiplan - registrou faturamento conjunto de R$ 25,76 bilhões no trimestre. O lucro líquido subiu de R$ 78,8 milhões no primeiro trimestre do ano passado para R$ 595 milhões no início deste ano.
"Os números de 2017 não refletem mais aquela catástrofe de 2016" diz Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Ele destaca reações em setores como vestuário, material de construção e eletroeletrônicos.
Relatórios de analistas de bancos indicam que os saques de recursos das contas inativas do FGTS foram um dos principais fatores que impulsionaram o varejo. Até 3 de maio, segundo dados divulgados ontem, a Caixa Econômica Federal liberou R$ 16,6 bilhões dessas contas, valores sacados por 10,6 milhões de trabalhadores nascidos entre janeiro e maio. A partir de sexta-feira, começa a liberação de recursos para os nascidos nos meses de junho, julho e agosto.
Paola Mello, analista do Citibank, lembra que o início deste ano foi difícil para os varejistas, mas em março houve uma inflexão. A tendência foi mantida em abril e Paola observa, em relatório, que "agora a recuperação do consumo doméstico tem um impulso real".
Para este mês, a expectativa de continuidade na tendência de aumento das vendas advém das previsões para o Dia das Mães, a ser comemorado no domingo. No ano passado, as vendas que antecederam a data caíram 8,5% na comparação anual. Neste ano, a Confederação Nacional do Comércio prevê crescimento de 3,8%.
Varejo volta a crescer, com lucro
Os primeiros meses deste ano mostram um cenário mais positivo para o comércio, após dois anos consecutivos de retração. Grandes empresas que dependem dos gastos do consumidor apresentaram aumento de receita e de lucro de janeiro a março.
Um grupo de nove companhias de capital aberto - Grupo Pão de Açúcar, Via Varejo, Raia Drogasil e Magazine Luiza, Lojas Renner, Hering, Restoque, a empresa de shoppings Multiplan e atacadista de medicamentos Profarma - teve aumento de 14,8% na receita líquida no primeiro trimestre do ano, em relação a igual período de 2016, alcançando R$ 25,76 bilhões. O lucro líquido pulou de R$ 78,8 milhões para R$ 595 milhões (o lucro líquido dos controladores subiu 175%, para R$ 506,1 milhões), segundo levantamento do Valor Data.
A reação não foi sentida apenas por grandes companhias com ações em bolsa. As vendas do setor de varejo óptico, que encolherem 7% no ano passado, para R$ 16,9 bilhões, voltaram a crescer no primeiro trimestre deste ano, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Ópticas (Abióptica). "Foi o melhor trimestre dos últimos cinco anos", disse Ronaldo Pereira, presidente da Óticas Carol.
"Os números de 2017 não refletem mais aquela catástrofe de 2016. Começamos a ver reação em vestuário e material de construção, por exemplo. Também há sinais mais positivos em eletroeletrônicos", disse Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Analistas de bancos observam que a liberação do saldo das contas inativas do FGTS tem impactado positivamente as vendas. Entre os dias 10 de março e 3 de maio, a Caixa Econômica Federal (CEF) registrou o pagamento de mais de R$ 16,6 bilhões relativos às contas inativas do FGTS. E a partir desta sexta-feira, segundo a CEF, mais 7,6 milhões de pessoas terão direito a sacar mais de R$ 10,8 bilhões.
A analista do Citi Paola Mello, que conversou com gerências de grandes varejistas, relatou que depois de um duro início de ano (janeiro e fevereiro), março foi um grande ponto de inflexão no crescimento da receita. "Abril parece estar seguindo o mesmo caminho, o que nos faz acreditar que a recuperação do consumo doméstico no Brasil agora tem um impulso real", escreveu ela, em um relatório.
Para maio, o BB Investimentos espera uma tendência ascendentes de resultados entre as varejistas, impulsionada por uma possibilidade de perspectivas melhores para o Dia Das Mães, que acontece no domingo. A Confederação Nacional do Comércio prevê que as vendas relacionadas a esse dia, um dos mais importantes para o varejo, cresçam 3,8% neste ano. Em 2016, caíram 8,5%, diz o Serasa.
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