sábado, 15 de setembro de 2018

Haddad atribui ao PSDB recessão do fim do governo Dilma Rousseff

Por Fabio Murakawa | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em uma tensa entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o candidato à Presidência da República pelo PT, Fernando Haddad, atribuiu ao PSDB a crise econômica vivenciada pelo Brasil no fim do governo Dilma Rousseff, cassada em 2016 em um processo de impeachment. Haddad embasou sua argumentação nas recentes declarações à imprensa dadas pelo senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), ex-presidente da legenda, que afirmou que seu partido errou ao contestar o resultado da eleição presidencial de 2014 e aprovar pautas bombas no Congresso Nacional ao fim do mandato da petista.

Questionado sobre se a recessão que o país atravessou em 2015 e 2016 não se repetiria em um novo governo petista, ele afirmou que não por ter "certeza de que o PSDB não vai sabotar o governo eleito como sabotou em 2014".

"O ex-presidente do PSDB assumiu a culpa ontem em entrevista", disse Haddad. "O Tasso Jereissatti disse: 'nós questionamos o resultado eleitoral no Brasil, aprovamos uma pauta em que não acreditávamos para prejudicar o PT, nós embarcamos no governo Michel Temer, nós embarcamos em Aécio Neves", relatou Haddad. "Eu estou dizendo que a sabotagem do PSDB teve mais peso na recessão do que eventuais erros [cometidos pelo governo Dilma Rousseff]. Sabotaram o governo que precisava fazer um ajuste."

Haddad também foi questionado sobre os escândalos de corrupção que marcaram os governos petistas, como o mensalão e o petrolão. Defendeu-se dizendo que o PT fortaleceu as instituições que combatem a corrupção e que os desvios na Petrobras "remontam à época da ditadura".

A respeito das delações premiadas, aprovadas durante o governo Dilma, ele afirmou: "A delação virou uma indústria em que todo mundo, para diminuir 80% da pena, fala o que quer sem apresentar provas". "Isso em nenhum lugar do mundo funciona assim", afirmou.

Disse ainda que as condenações impostas a petistas por juízes nomeados durante os governos de Lula e Dilma comprovam que "nós nunca partidarizamos o Judiciário". "Lula jamais indicou um integrante do Judiciário pensando na decisão que ele iria tomar", afirmou. "Isso não significa que o Judiciário não possa errar. Tanto pode errar, que os recursos são previstos na nossa Constituição. Se fosse infalível, bastava um juiz de primeira instância."

Haddad também teve que se defender na entrevista da denúncia oferecida contra ele à Justiça pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha por supostamente haver pedido R$ 2,6 milhões à construtora UTC para pagamento de dívidas de campanha.

Ele afirmou ter sido retaliado pela empresa por haver cancelado uma obra da construtora dois meses depois de haver assumido o mandato de prefeito de São Paulo, em 2013. E lembrou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu nesta semana um expediente para apurar a conduta dos procuradores que o denunciaram.

Haddad, que perdeu a reeleição em 2016 ainda no primeiro turno, atribuiu o resultado a um clima contrário ao PT que, segundo ele, foi criado naquele ano.

"2016 foi um ano muito atípico na cidade de São Paulo. O clima que se criou em 2016 foi de antipetismo porque se represaram informações de outros partidos", disse, referindo-se à Operação Lava-Jato.

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