Deputados revogam prisão por 39 a 19
Batalha agora será por mandatos
A conversa com Cabral na cadeia
Durou menos de 24 horas a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, e dos deputados Paulo Melo e Edson Albertassi. A Alerj teve a reação que já era esperada e, por 39 votos a 19, revogou a preventiva dos três peemedebistas, que tinha sido decretada por unanimidade pelos cinco desembargadores do Tribunal Federal da 2ª Região. Agora, a disputa vai ser para afastá-los de novo do mandato, decisão da Justiça que os deputados também reverteram. Picciani, que não teve o cabelo raspado, contou ao repórter Antônio Werneck que, na cadeia, conversou com o ex-governador Sérgio Cabral, com quem se encontrou no corredor. Embora diga que foi bem tratado pelos guardas, Picciani se queixou: “Não é uma situação agradável. É muito triste. O sistema carcerário é muito degradante.”
Cadeia breve
Alerj escolhe corporativismo, liberta Picciani, Melo e Albertassi e confronta a Lava-Jato
Chico Otavio, Fernanda Krakovics, Juliana Castro, Marco Grillo e Miguel Caballero / O Globo
RIO DE JANEIRO - A Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj) seguiu à risca ontem a missão corporativista que dela já se esperava: revogou a prisão preventiva dos deputados Jorge Picciani, presidente da Casa, Paulo Melo, ex-presidente, e Edson Albertassi , líder do governo de Luiz Fernando Pezão, todos eles do PMDB. Não foi a primeira vez que uma decisão desse tipo ocorreu na Alerj — o ex-deputado e ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins já havia sido libertado da cadeia pelos pares em 2008 —, mas o contexto histórico da sessão de ontem é, sob vários ângulos, inédito: não sensibilizaram os deputados os avanços das investigações da Lava-Jato, a crise financeira do Rio ou mesmo manifestações contra os parlamentares acusados, inclusive na porta da Alerj. Prevaleceram o espírito de proteção aos mandatos dos colegas e a oportunidade de impor limites ao tsunami que já levou à cadeia, no Rio, o exgovernador Sérgio Cabral, vários ex-secretários e conselheiros do Tribunal de Contas.
— Não tenho vocação de urubu para trepar na carniça de ninguém — disse, na tribuna, André Corrêa (DEM), escalado para defender a aprovação do parecer que livrava os colegas da prisão.
Foram 39 votos a favor da libertação, 19 contrários e uma abstenção, de Bruno Dauaire (PR). Rafael Picciani (PMDB), filho de Jorge Picciani, estava presente, mas não votou.