sexta-feira, 11 de julho de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Sempre fui muito reto nas minhas palavras, Copa do Mundo é uma coisa, eleição é outra. O governo da presidente Dilma é que, infelizmente, a cada momento, tem uma reação diferente. Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa dá certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que quem vai pegar o preço são aqueles que tentaram se apropriar de um evento que é de todos os brasileiros.

Aécio Neves, senador (MG), presidente nacional do PSDB e candidato a Presidência. O Globo, 11 de julho de 2014.

Aécio diz que quem tenta se apropriar da Copa vai ‘pagar o preço’

• Candidato cumpriu agenda de campanha no Espírito Santo e, à noite, estará no Rio

O Globo

SÃO PAULO - Em campanha no Espírito Santo nesta quinta-feira, o candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) voltou a criticar a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, pelas manifestações dela sobre a Copa do Mundo no Brasil. Sem mencionar a adversária, ele disse que "aqueles que tentaram se apropriar" do evento vão pagar o preço por isso.

- Sempre fui muito reto nas minhas palavras, Copa do Mundo é uma coisa, eleição é outra. O governo da presidente Dilma é que, infelizmente, a cada momento, tem uma reação diferente. Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa dá certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que quem vai pegar o preço são aqueles que tentaram se apropriar de um evento que é de todos os brasileiros - afirmou o tucano, em entrevista, segundo transcrição divulgada pela assessoria de imprensa do candidato.

Desde a derrota do Brasil para a Alemanha, integrantes das campanhas de Dilma e Aécio têm trocado ataques de uso político da Copa nas redes sociais. O PSDB acusa Dilma de tentar surfar na onda de popularidade da Copa depois que as pesquisas de intenção de voto sinalizaram que a maior parte da população aprovava a realização do Mundial. Por outro lado, o PT acusa Aécio de tentar usar a derrota para desgastar o governo de Dilma.

- Todos nós estamos tristes com o resultado. Estive lá, como torcedor, no Mineirão, atônito com aquele resultado, e nunca misturei as coisas. Mas aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como disse a presidente, uma belezura para influenciar nas eleições, vão se frustrar - afirmou Aécio.

O tucano participou de um ato político com lideranças do PMDB e do PSDB em Vila Velha e, depois, fez uma caminhada de rua em Vitória, acompanhado do ex-governador e candidato à sucessão estadual Paulo Hartung (PMDB). Nesta tarde, Aécio estará em Queimados, na Baixada fluminense, para outro evento com peemedebistas.

Governo Dilma pagará pela eliminação do Brasil, diz Aécio Neves

Diógenes Campanha – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), disse nesta quinta-feira (10) que o governo federal tentou se apropriar politicamente daCopa do Mundo e agora pagará o preço da eliminação.

Para o tucano, a presidente Dilma Rousseff (PT) reagiu ao evento de acordo com o humor dos brasileiros em relação ao Mundial.

"Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa dá certo, parecia até que era ela a artilheira da seleção. Acho que quem vai pagar o preço [da eliminação do Brasil] são aqueles que tentaram se apropriar de um evento que é de todos os brasileiros", disse Aécio, em Vila Velha (ES).

Vaiada e hostilizada por torcedores na abertura da Copa, a presidente passou a falar mais sobre o evento nas últimas semanas, após o aumento da aprovação popular ao torneio. Ela criticou os que previam um fracasso na organização do Mundial e divulgou uma mensagem ao atacante Neymar depois que ele ficou fora da competição por contusão.

Com a eliminação da seleção, goleada por 7 a 1 pela Alemanha na última terça (8), o governo busca agora minimizar o efeito negativo da derrota sobre o humor da população.

Aécio esteve no Mineirão assistindo ao jogo do Brasil, mas evitou divulgar sua presença no estádio, temendo vaias e críticas. Após a partida, divulgou nota em que disse compartilhar "como torcedor e como brasileiro" a frustração diante do resultado.

"Estive lá, como torcedor, no Mineirão, atônito com aquele resultado, e nunca misturei as coisas. Mas aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como disse a presidente, uma belezura para influenciar nas eleições, vão se frustrar", afirmou o tucano nesta quinta.

O termo "belezura" foi usado por Dilma na segunda-feira (7), véspera da eliminação do Brasil, em um bate-papo com internautas. Ao responder ao agradecimento de uma eleitora, que disse que a realização do Mundial é uma "belezura", contra "tanto urubu agourento no caminho", a presidente afirmou: "Belezura mesmo. Azar dos urubus".

Espírito Santo
Aécio viajou a Vila Velha para um ato de campanha do candidato do PMDB ao governo do Espírito Santo, Paulo Hartung. O PSDB ocupa o posto de vice na chapa do peemedebista, que não apoia Dilma apesar de seu partido fazer parte da coligação da presidente no plano nacional.

O tucano acusou o governo federal se ter sido "omisso" com o Estado e prometeu "refundar a federação no Brasil". Na semana passada, Dilma foi ao Espírito Santo pela segunda vez desde que iniciou o mandato, em 2011.

O senador voltou a criticar a política econômica e a dizer que cortará "pela metade" o número de ministérios. Ele comparou o número atual, de 39 pastas, a "uma bofetada na cara dos brasileiros".

No Maranhão, Campos afirma que Aécio e Dilma estarão aliados a Sarney

• Candidato do PSB disse em entrevista que é o único candidato em 50 anos a se posicionar contra o grupo do senador

Ana Fernandes - Agência Estado

SÃO PAULO - O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, voltou a dizer nesta quinta-feira, 10 , no Maranhão, que o grupo político do senador José Sarney (PMDB) será oposição num eventual governo seu e da candidata a vice-presidente Marina Silva. Campos disse ainda que seus dois principais adversários nas pesquisas, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB), pretendem manter esse grupo no governo.

"Quem quiser prestar uma homenagem ao Sarney vota na Dilma, quem quiser continuar com Sarney no governo pode votar também do Aécio. Todo mundo sabe que esse PMDB está com o pé em duas canoas. A única canoa em que ele não bota o pé é a nossa porque a nossa canoa é da renovação política", disse a jornalistas em São Luís, ressaltando ser ele o primeiro candidato "em 50 anos" a se posicionar dessa forma no Brasil.

Sobre o palanque duplo no Estado - os candidatos ao governo maranhense Flávio Dino (PCdoB) e Zé Luís Lago (PPL) -, Campos evitou se posicionar e não respondeu em quem votaria se fosse eleitor maranhense. O pessebista reforçou apenas que o Estado vive um ciclo de mudança, com a saída do grupo de poder de Sarney, e que por isso tem um valor simbólico para sua campanha e de Marina. "Estamos aqui em sinal de respeito à luta da oposição no Maranhão", disse explicando porque a campanha dos dois no Nordeste se iniciava ali.

Viagens. Depois de fazer o primeiro ato de campanha no domingo ao lado de Marina na comunidade do Sol Nascente, em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, Campos partiu para o Nordeste. Na quarta-feira iria para Fortaleza, mas desistiu após a derrota acachapante de 7 a 1 da seleção brasileira para a Alemanha na terça. Nesta quinta seguiu então para o Maranhão e, na sexta, vai para o Rio Grande do Norte.

Campos destacou que a presidente Dilma teve votações expressivas no Norte e no Nordeste, regiões de onde vêm Marina e ele, respectivamente, mas que cresce nos Estados dessas regiões o desejo por mudança. Segundo Campos, o Norte e Nordeste não receberam a atenção que esperavam, a economia desacelerou e municípios quebraram por causa das políticas federais de desoneração fiscal.

Proximidade com Aécio. Questionado sobre as declarações de Aécio Neves, simpáticas à sua pessoa, Campos afirmou haver diferenças políticas entre ele e o senador tucano. "Desde 1984, nas Diretas-Já, que eu e Aécio não compartilhamos o mesmo projeto nacional", disse, e apontou que Aécio foi da base de apoio de José Sarney (PMDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando ele foi oposição, e que ele e Marina fizeram parte do governo Lula enquanto Aécio fez oposição.

Apesar de marcar as diferenças políticas, Campos afirmou ter capacidade de diálogo com pessoas que pensam de forma diferente da dele. O pessebista repetiu o mantra de sua pré-campanha de que o País está cansado da polarização entre PT e PSDB e que, se eleito, fará uma composição de quadros competentes para governar o Brasil.

Chuva forte adia evento da chapa 'Aezão' na Baixada Fluminense

  • Peemedebistas fizeram jingle para o presidenciável e Pezão
Juliana Castro e Marcelo Remígio – O Globo

RIO - O primeiro evento de campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, no Rio foi adiado para o próximo dia 18. O ato em Queimados, na Baixada Fluminense, foi cancelado por conta da chuva que cai no estado nesta quinta-feira.

Aécio fez campanha mais cedo no Espírito Santo e pousou pouco antes das 17h no Aeroporto Santos Dumont, mas não havia condições metereológicas de o helicóptero levantar voo até Queimados.

Esse era o primeiro evento de campanha do movimento "Aezão", de apoio às candidaturas de Aécio e do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), lançado por peemedebistas descontentes com a aliança com o PT e por partidos aliados ao PSDB.

O tucano vinha acompanhado do candidato a vice na chapa de Pezão, senador Francisco Dornelles, do vereador Cesar Maia (DEM), que disputa o Senado, e do presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani.

Pezão não ia comparecer ao evento. O governador tomou café cedo com pedetistas, que informalmente apoiam sua campanha. Numa agenda não divulgada pela assessoria, almoçou com Dornelles e, depois, se reuniu com o arcebispo de Rio, Dom Orani Tempesta. Adversário de Pezão, o senador Lindbergh Farias (PT) também esteve mais cedo com o arcebispo.

Toda a estrutura já estava montada na cidade para receber o presidenciável tucano. Os carros de som tocavam o jingle do "Aezão".

"Aécio presidente, governador é o Pezão, unidos pelo Rio, eu vou votar no Aezão" é um trecho da música de campanha.

Os cabos eleitorais estavam posicionados com as bandeiras e o local onde Aécio faria o discurso já estava arrumado.

Petista vai ‘pagar o preço’ por ‘usar’ a Copa, afirma Aécio

• Tucano diz que Dilma tenta ‘se apropriar’ de um evento que ‘é de todos os brasileiros’; ministro classifica declaração de ‘desprezível’

Débora Bergamasco e Felipe Werneck - O Estado de S. Paulo

O candidato a presidente do PSDB, Aécio Neves, afirmou nesta quinta-feira, 10, que a presidente Dilma Rousseff vai “pagar o preço” nas eleições por tentar “se apropriar” da Copa do Mundo. Para ele, a postura da petista sobre o Mundial sediado no Brasil variou de acordo com o humor dos eleitores em relação ao torneio.

“Quando vieram as manifestações, ela não tinha nada a ver com Copa do Mundo. Quando a Copa quis dar certo, parecia até que ela era a artilheira da seleção. Acho que quem vai pagar o preço são aqueles que tentarem se apropriar do evento que é de todos os brasileiros”, afirmou o candidato tucano durante agenda pública no Espírito Santo.

Aécio não quis responder se a derrota do Brasil por 7 a 1 poderia afetar o desempenho dos candidatos na eleição. “Todos nós estamos tristes com o resultado. Eu estive lá, como torcedor, no Mineirão, atônito com o resultado e nunca misturei as coisas”, afirmou, insistindo que o governo tenta explorar o torneio politicamente. “Aqueles que esperavam fazer da Copa do Mundo, como diz a presidente, né, ‘uma belezura’ para influenciar nas eleições, vão se frustrar.”

Seguindo à risca a estratégia traçada por ele e sua equipe de campanha, Aécio não se estendeu nos comentários sobre a Copa e já mudou de assunto: “Agora é hora de pensar no futuro do Brasil, vamos debater as propostas que os candidatos têm para o País sair desse marasmo. Somos o País que menos cresce na nossa região, temos de novo uma das inflações mais altas do mundo”, disse. “No campo da infraestrutura e da gestão do Estado, nos legará um Brasil transformado em um cemitério de obras inacabadas e com sobrepreços por toda parte”, completou o tucano.

Existe uma corrente dentro da equipe da campanha de Aécio defendendo que temas relacionados à Copa do Mundo devam ser “resfriados”. Outra sustenta que é preciso explorar o fato de nem todas as obras prometidas terem sido entregues pelo governo Dilma.

O Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação doutrinária do PSDB, publicou na terça um artigo que aborda o tema Copa: “O sucesso ocasional visto em vários aspectos da Copa só ressalta a constatação de que o País pode ir muito mais longe. Se fez bem durante 30 dias para não fazer feio para o mundo, por que não faz sempre assim para fazer bonito para os brasileiros?”

Resposta. O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, rebateu as declarações de Aécio sobre a “apropriação” da Copa. Em entrevista no Rio, Carvalho afirmou que considera “totalmente desprezível esse tipo de fala, própria de quem precisa arrumar uma linha por dia para aparecer na imprensa”.

Em seguida, Carvalho ironizou o tucano. “É natural. Eu compreendo a situação dele. É uma situação difícil. Ele está vendo que aquilo que eles apostaram que não daria certo deu certo. Então, começa a ter certa criatividade, a fazer frases de efeito.”. De acordo com o ministro, o que a presidente Dilma fez foi “apoiar a seleção no momento em que ela estava bem e, agora, da mesma forma que fez ontem, manifestar a sua solidariedade”.

“No sábado eu vou ao Mané Garrincha (estádio de Brasília) apoiar a nossa seleção. Não é porque houve esse desastre que os meninos perderam a sua qualidade e seu amor pelo País. Não se trata disso. Eu não vejo, sinceramente, sentido nenhum (na declaração de Aécio), nem merece resposta esse tipo de afirmação”, disse Carvalho.

Carvalho sustentou que o governo federal sempre defendeu, desde o início do Mundial, que “não fazia sentido fazer uma vinculação entre Copa e eleições”. “Qualquer estudo da história do Brasil mostra que essa relação, essa tese, não se sustenta. Eu vi Copa em que o Brasil ganhou e a oposição venceu, em que o Brasil perdeu e a situação ganhou. É bobagem.”

De acordo com o ministro, o governo “quebraria a cara” se tentasse tirar proveito eleitoral da Copa, “da mesma forma que vai se dar mal quem acha que, agora, por conta de uma derrota, isso muda a eleição”.

Após vexame, governo quer intervir no futebol

• Na esteira da eliminação na Copa, ministro defende uma mobilização do Estado para reerguer o esporte. Em outra frente, projetos adormecidos no Congresso devem voltar à pauta. Especialistas dizem que apoio oficial não deve ser restrito a uma modalidade

Paulo de Tarso Lyra, André Shalders e Marcos Paulo Lima – Correio Braziliense

BRASÍLIA e RIO DE JANEIRO — Ainda em busca de explicações para o vexame na semifinal da Copa do Mundo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu ontem que o Estado deve promover uma intervenção, ainda que de maneira indireta, para a ajudar na reconstrução do futebol brasileiro. Segundo ele, não é momento de caça às bruxas, mas de mudanças com eficiência. "Eu sempre defendi que o Estado não fosse excluído por completo do futebol. Portanto, nós precisamos de uma intervenção indireta. Necessitamos de uma reforma na lei que dê ao Estado a atribuição de regular", disse o ministro. Especialistas, entretanto, afirmam que o apoio estatal deve ser para todos os esportes, não apenas ao futebol.

Aldo criticou um dos antecessores na pasta, ainda durante o governo Collor: Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. "A Lei Pelé tirou do Estado qualquer tipo de poder de atribuição e poder de intervenção", lamentou. "Se dependesse de mim, não teríamos tirado o Estado completamente dessa atribuição e, no que depender de mim, parte dessa atribuição voltará". O ministro não deixou claro qual seria o limite dessa estatização.

Segundo Aldo, durante o regime militar, houve pressão para que o governo se afastasse do esporte. "Surgiu um clamor para que o Estado deixasse de influenciar o futebol, mas esporte, futebol, é um tema de interesse público. Nós precisamos resgatar o protagonismo. Não é o nosso papel apontar quem deve ser o presidente da CBF, mas podemos colaborar nessa reconstrução", afirmou.

No entanto, algum movimento do gênero pode ter consequências além do gramado doméstico. No início da semana, a Fifa suspendeu a seleção e qualquer time da Nigéria de todas as competições internacionais após o presidente do país destituir o chefe da confederação de futebol por conta da greve dos jogadores durante a Copa.

Até a presidente da República entrou no debate. Em entrevista à rede norte-americana CNN, Dilma Rousseff defendeu a renovação do futebol brasileiro, embora não tenha mencionado o aumento da presença do Estado no esporte. "Quando eu falei que o futebol brasileiro deveria ser renovado, o que eu quis dizer é que o Brasil não pode mais ser apenas exportador de jogadores. Exportar jogadores significa que estamos abrindo mão de nossa principal atração, que pode ajudar a lotar os estádios."

Commodities
Especialistas ouvidos pelo Correio defendem o diagnóstico, mas discordam das medidas propostas para sanar os problemas. Cientista político e professor da PUC do Rio de Janeiro, Cesar Romero Jacob afirma que o futebol brasileiro se assemelha ao modelo econômico do país, que "ainda depende da exportação de commodities e não de produtos manufaturados". "Exportamos os jogadores, muitos ainda nas divisões de base, e importamos os pacotes televisivos dos campeonatos espanhol, italiano, francês e alemão", comparou.

O coordenador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol da Universidade Federal de Viçosa, Israel Teoldo, admite que o futebol é um bem público e que merece receber atenção especial. Mas, na opinião dele, não adianta a repetição do modelo atual de injeção de recursos ou de isenções fiscais para minimizar as dívidas dos clubes. "Deveríamos reproduzir os modelos alemão e norte-americano, pelos quais as universidades contribuem com a formação de atletas, de gestores e de treinadores. Esse deveria ser o papel do Estado: promover a interação entre escola, academia e esporte." Ele ressalta, contudo, que essa parceria deve acontecer em todos os esportes, principalmente nos amadores.

Legislação
O debate sobre mudanças na gestão do esporte, que voltou à tona com a eliminação brasileira na Copa, também deve ser retomado no Congresso. Na Câmara, vários projetos sobre futebol aguardam a entrada na pauta de votações. A maioria das propostas visa melhorar a gestão dos clubes, em grande parte atolados em graves crises financeiras. A iniciativa mais avançada atualmente é o PL n° 5.201/ 2013, anteriormente conhecido como Programa de Fortalecimento do Esporte (Proforte), e que previa o cancelamento das dívidas dos clubes. No substitutivo aprovado em comissão especial, o perdão foi substituído pelo parcelamento dos débitos trabalhistas e previdenciários, que seria concedido aos clubes que fizessem mudanças na gestão.

Segundo o autor do substitutivo, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), o texto "trata de vários problemas que afetam hoje o nosso futebol, a começar pela crise de gestão pela irresponsabilidade administrativa". Para o tucano, a derrota histórica pode acelerar a tramitação dos projetos sobre o tema no Congresso. "O governo tem maioria na Casa, vamos ver se eles aceleram a votação."

Almoço pré-final
A presidente Dilma Rousseff almoçará no domingo, no Rio de Janeiro, com cerca de 15 chefes de Estado que estarão no Brasil para assistir ao jogo entre Alemanha e Argentina, na final da Copa do Mundo. Entre as autoridades que confirmaram presença até ontem, estavam os presidentes da África do Sul, Jacob Zuma; da Rússia, Vladimir Putin; do Congo, Denis Sassou-Nguesso; da República Democrática do Congo, Joseph Kabila; da Hungria, János Áder; do Haiti, Michel Martelly; e a chanceler alemã, Angela Merkel.

"O papel do Estado deveria ser promover a interação entre escola, academia e esporte"
Israel Teoldo, coordenador do Núcleo de Pesquisa e Estudos em Futebol da Universidade Federal de Viçosa

A bola no papel/ Confira seis projetos sobre futebol que tramitam na Câmara

Dívidas dos clubes
» Dá prazo maior e condições diferenciadas para o pagamento das dívidas tributárias e trabalhistas dos clubes mediante mudanças de gestão. O PL n° 5.201/2013 também cria um fundo para o fomento da iniciação esportiva. É o principal projeto sobre o tema no Congresso neste momento e está pronto para ser votado no plenário da Câmara.
Mais impostos sobre a CBF

» O PL n° 5.593/2013 aumenta a tributação sobre os lucros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e destina o dinheiro ao pagamento de pensões para ex-atletas e para a formação de jogadores. De autoria do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), está parado na Comissão de Esportes.

Direitos de transmissão
» Apresentado pelo líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), para tornar mais equânime entre os clubes a distribuição da renda da transmissão televisiva dos jogos, o PL n° 2.019/2011 acabou retirado após resistências, mas deve ser reapresentado em breve.

Futebol feminino
» O PL n° 5.307/2013 estabelece que pelo menos 5% dos patrocínios oferecidos por empresas públicas a times de futebol sejam repassados às equipes femininas dos clubes. O projeto é de autoria de José Stédile (PSB-RS) e está pronto para votação na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).

Fim dos portões fechados
» De autoria do deputado Marcelo Matos (PDT-RJ), o PL n° 5.351/2013 estabelece que somente os torcedores envolvidos diretamente em atos de violência fiquem impedidos de acessar os estádios nos jogos seguintes, acabando com a prática de punir clubes com a proibição de presença de torcedores, o que afeta a renda.

Benefícios para treinadores
» O PL n° 7.560/2014, apresentado pelo deputado José Rocha (PR-BA), cria benefícios para treinadores de futebol. Os profissionais teriam direito, por exemplo, a uma duração mínima de seis meses nos contratos com os clubes. Apresentado em maio, o projeto ainda aguarda a escolha do relator na CTASP.

Governo cobra CBF para descolar derrota da seleção de petista

Ricardo Galhardo e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo

Diante do temor de que o vexame da seleção brasileira diante da Alemanha na semifinal da Copa contamine a disputa eleitoral, o governo e o comando da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição partiram para cima da CBF e dos clubes de futebol.

Ontem Dilma e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defenderam a modernização da estrutura do futebol brasileiro. Petistas lembram que a estratégia não pode ser acusada de oportunista já que a proposta faz parte do programa de governo apresentada pela campanha ao TSE no dia 5, ou seja, dois dias antes do vexame do Mineirão.

"É urgente modernizar a organização e as relações do futebol, por exemplo, nosso esporte mais popular", diz o texto.

Dilma quer aproveitar a proposta de renegociação das dívidas dos clubes para exigir uma contrapartida, estabelecida em lei aprovada pelo Congresso.

Entre as exigências aos clubes deverão ser incluídas maior transparência em suas contas, com determinação de publicação de balanços periódicos, e punição ao clube, com rebaixamento automático da primeira para a segunda divisão, do time que atrasar o pagamento de salário dos jogadores.

Na semana que vem, a presidente deve se reunir com integrantes do Bom Senso F.C. Será o segundo encontro com o grupo que representa os interesses dos jogadores em menos de dois meses.

O site Muda Mais, que apoia a candidatura de Dilma, publicou um texto com críticas ao presidente da CBF, José Maria Marin, e aos ex-presidentes da entidade João Havelange e Ricardo Teixeira. O texto vincula Havelange e Marin à ditadura militar e aponta possíveis brechas legais para a interferência do governo em assuntos da CBF, uma entidade privada.

Segundo um integrante do comando da campanha petista, a ideia é culpar a falta de organização e a estrutura arcaica do futebol brasileiro pela derrota da seleção diante da Alemanha e, assim, descolar Dilma do resultado ruim do Brasil em campo. A presidente quer adicionar a reestruturação do futebol brasileiro aos legados da Copa.

A campanha de Dilma ainda vai explorar os atritos da presidente com a Fifa durante a organização do torneio.

A desarticulação de uma quadrilha internacional que vendia ingressos ilegalmente há quatro Copas também será usada pela campanha petista. Embora o trabalho seja da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o PT enxerga na operação um argumento importante para a tentativa do partido de retomar o discurso do combate à corrupção.

Propaganda eleitoral de Dilma terá 11 minutos, contra 4 para Aécio e 1 para Eduardo Campos

• Minuta de resolução do TSE divide os 25 minutos do horário gratuito eleitoral entre os presidenciáveis

Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA – A coligação de partidos que apoia a candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais deste ano terá 11 minutos e 48 segundos em cada bloco de 25 minutos da propaganda eleitoral de rádio e televisão ao dia. O tempo é quase três vezes maior que o reservado à coligação de partidos do candidato Aécio Neves (PSDB), que terá direito a 4 minutos e 31 segundos. Terceiro colocado nas últimas pesquisas de intenção de votos, o candidato do PSB, Eduardo Campos, se apresentará com 1 minuto e 49 segundos. Os tempos foram estabelecidos em minuta de resolução que ainda terá que ser aprovada pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os cálculos foram feito pelo presidente do tribunal e relator da resolução, ministro Dias Toffoli, e ainda precisa ser aprovada.

A propaganda eleitoral começará a ser veiculada a partir do dia 19 de agosto e se estenderá até o dia 2 de outubro, três dias antes do primeiro turno das eleições deste ano. Os candidatos à presidência da República veiculam seus programas às terças, quintas e sábados, em dois blocos de 25 minutos por dia. Eles também dividem seis minutos diários, inclusive aos domingos, para veiculação de inserções durante a programação que podem variar de 15 segundos a 60 segundos. O TSE recebeu o pedido de registro de 11 candidatos à presidência para as eleições deste ano.

Um terço do tempo da propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV é dividido igualmente entre todos os candidatos e dois terços de acordo com as bancadas de deputados federais dos partidos ou coligações de partidos que se unem em torno de uma candidatura. Sorteio a ser realizado no próximo dia 5 de agosto definirá a ordem em que os programas dos candidatos serão veiculados. Quem começa no primeiro dia, vai para o final no dia seguinte de veiculação, garantindo o rodízio de todos os candidatos na apresentação dos programas

A coligação de Dilma (Força do Povo) é composta pelo PT, PMDB, PSD, PP, PR, PROS, PDT, PCdoB e PRB. A coligação do tucano Aécio Neves (Muda Brasil), pelo PSDB/ PMN/ SD/ DEM/ PEN/ PTN/ PTB/ PTC/ PTdoB. A de Eduardo Campos (Unidos Pelo Brasil), pelos seguintes partidos: PSB/ PHS/ PRP/ PPS/ PPL/PSL).

Os outros oito candidatos terão tempo menor em cada bloco de 25 minutos. O candidato do PSC, Pastor Everaldo, 1 minuto e 8 segundos; Eduardo Jorge, do PV, 1 minuto e 1 segundo, Luciana Genro, do PSOL, 51 segundos, o candidato do PSDC, José Maria Eymael, 47 segundos. Os candidatos do PSTU(Zé Maria), do PRTB (Levy Fidelix), do PCB (Mauro Iasi) e do PCO (Rui Pimenta) terão, cada um, 45 segundos em cada um dos blocos.

Ministro do TSE determina suspensão imediata de propaganda da Petrobras

• Decisão atende pedido da coligação de Aécio; mérito ainda será julgado pelo plenário do tribunal

Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA — Liminar concedida nesta quinta-feira pelo ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a imediata suspensão de propagandas da Petrobras que foram veiculadas na televisão nos dias 7 e 8 de julho. A decisão atende à ação proposta pela coligação de Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência. Para o ministro do TSE, a propaganda não teve finalidade de divulgar o produto (gasolina), mas autopromover a empresa. O mérito da ação ainda será julgado pelo plenário do TSE, mas, até segunda ordem, a empresa não pode reexibir o anúncio.

O ministro Admar Gonzaga destacou que a lei proíbe a veiculação de propaganda eleitoral nos três meses que antecedem a eleição, abrindo exceção apenas para propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência e em caso de grave e urgente necessidade pública, autorizada exclusivamente pela Justiça eleitoral.

“No caso em exame, muito embora a nova publicidade faça referência ao refino de gasolina com menor teor de enxofre, sua exposição não é dirigida ao consumidor final. Ou seja, trata-se de autopromoção da empresa e não de publicidade visando concorrência de produto no mercado, porquanto sequer é nominado”, justificou o ministro em sua decisão. Segundo ele, como não está entre as ressalvas previstas na lei eleitoral, tem “considerável risco de desequilíbrio na disputa eleitoral”.

Representação contra Dilma e Temer
De acordo com a ação do candidato tucano, a propaganda da Petrobras foi veiculada nos dias 7 e 8 de julho. Em 32 segundos, ela dizia: “A gente faz tudo para evoluir sempre. Por isso, modernizamos nossas refinarias e hoje estamos fazendo uma gasolina com menos teor de enxofre. Um combustível com padrão internacional que já está nos postos do Brasil inteiro. Para levar o melhor para quem conta com a gente todos os dias: você”.

A coligação que apoia o candidato tucano representou contra a presidente Dilma Rousseff, o candidato a vice, Michel Temer, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Thomas Traumann, acusando-os de conduta vedada pela legislação eleitoral. A ação enfatiza que a propaganda da Petrobras suprimiu o símbolo identificador do governo federal. Esta semana, em outra decisão, o ministro Tarcísio Vieira já havia suspendido, liminarmente, outra propaganda da Petrobras veiculada no dia 5 de julho. A ação do candidato do PSDB pede que os responsáveis pela propaganda e os beneficiados por ela sejam punidos como prevê a legislação eleitoral.

Emprego na indústria cai 2,6% na comparação anual, calcula IBGE

• Queda de maio de 2014 em relação a maio de 2013 foi a mais intensa na comparação anual desde novembro de 2009; em relação a abril, emprego industrial recuou 0,7%

Daniela Amorim - Agência Estado

RIO - A desaceleração da atividade pela qual passa a economia já afeta os empregos na indústria. Em maio, o total do pessoal ocupado assalariado na indústria recuou 0,7%, segundo a Pesquisa Industrial Mensal: Emprego e Salário divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na leitura anterior, o emprego no setor já tinha encolhido 0,4%.

Em relação a maio do ano passado, o emprego industrial teve queda de 2,6% em maio deste ano, o 32º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde novembro de 2009, quando caiu 3,7%.

No acumulado de 2014, o total do pessoal ocupado na indústria já diminuiu 2,2%. Nos últimos 12 meses, o emprego industrial encolheu 1,7%.

Horas pagas. O número de horas pagas aos trabalhadores da indústria teve redução de 0,8% em maio ante abril. Na leitura anterior, as horas pagas tinham registrado ligeiro aumento de 0,1%, interrompendo dois meses seguidos de taxas negativas, período em que acumularam perda de 0,5%.
Na comparação com maio do ano passado, o número de horas pagas aos trabalhadores da indústria recuou 3,3%, a 12ª taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto e a mais intensa desde outubro de 2009 (-5,3%).

No acumulado do ano, o número de horas pagas na indústria teve retração de 2,7%, enquanto a taxa em 12 meses registra queda de 2,0%.

Folha de pagamento. O valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria aumentou 1,9% em maio. A folha já tinha aumentado 0,5% no mês anterior.

Em maio, houve taxas positivas tanto na indústria de transformação (0,6%) quanto no setor extrativo (34,3%), puxado pelo pagamento de participação nos lucros e resultados em importante empresa do setor, ressaltou o IBGE.

Na comparação com maio do ano anterior, o valor da folha de pagamento da indústria teve expansão de 1,4%, o quinto resultado positivo consecutivo nesse tipo de confronto. No ano, a folha de pagamento aumenta 1,7%. Em 12 meses, houve crescimento de 0,9%, confirmando perda de ritmo em relação aos resultados verificados em janeiro (1,6%), fevereiro (1,5%), março (1,4%) e abril (1,2%).

Merval Pereira: Até o futebol?

- O Globo

O governo petista chegou à conclusão de que é preciso estatizar o futebol brasileiro para que ele volte a ser competitivo, uma ideia estapafúrdia que o coloca em pé de igualdade com o governo da Nigéria, onde o presidente John Goodluck demitiu todos os dirigentes da CBF de lá devido à eliminação da sua seleção nas oitavas de final do Mundial.

Em consequência, a Fifa suspendeu a Federação de Futebol da Nigéria de todas as suas atividades, proibindo-a de participar de competições internacionais e até mesmo de organizar campeonatos locais.

Mas, apesar de saber que a Fifa proíbe qualquer ingerência estatal no futebol, para mantê-lo como uma atividade privada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu ontem “a volta da presença do Estado” brasileiro na organização do futebol, o que é expressamente proibido pela Lei Pelé.

Mas não foi só. Um site ligado à campanha da presidente, de nome “Muda Mais”, pediu uma completa reformulação na CBF — no que estamos de acordo —, e a própria presidente Dilma, em entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, pronunciou-se sobre a necessidade de manter no Brasil os seus principais jogadores — no que tem razão —, mas atribuiu essa tarefa não ao mercado futebolístico, mas à ação do governo:

“O Brasil não pode mais ser apenas exportador de jogadores. Exportar jogadores significa que estamos abrindo mão de nossa principal atração, que pode ajudar a lotar os estádios. Até porque, qual é a maior atração que os estádios no Brasil podem oferecer? Deixar a torcida ver os craques. Há anos, muitos jogadores brasileiros têm ido jogar fora, então renovar o futebol no Brasil depende da iniciativa de um país que é tão apaixonado por futebol”.

As inúmeras denúncias de corrupção envolvendo a Fifa e a própria CBF, e o histórico das entidades de se envolverem em maracutaias diversas, não falam bem da atividade empresarial privada na gestão do futebol.

Mas o único caminho para restabelecer a capacidade brasileira de produzir bons times e jogadores é reduzir a interferência política na gestão dos clubes e da CBF, e seguir o caminho de federações vitoriosas como a Alemanha, a Espanha, a Itália, onde o futebol tornou-se um negócio altamente rentável e que produz grandes times e seleções.

Ficha suja
O caso do ex-governado José Roberto Arruda, de Brasília, que, mesmo condenado em segunda instância pelo TJ-DF, manteve sua candidatura ao governo, pode ser emblemático para o sucesso da Lei da Ficha Limpa.

A alegação da defesa é a de que o prazo para não aceitar a candidatura teria sido 5 de julho, dia em que se encerraram as inscrições dos candidatos. E a jurisprudência eleitoral diz que nenhum fato superveniente pode atingir uma candidatura.

Mas há questões que estão sendo discutidas. Esse caso será o primeiro para aplicação da Lei da Ficha Limpa em que questões de prazo serão discutidas, e há um entendimento do Supremo Tribunal Federal de que, para os casos da Lei da Ficha Limpa, condenações posteriores também valem.

Além disso, o caso de Arruda estava para ser julgado antes do dia 5 de julho, mas ele, numa manobra, conseguiu uma liminar suspendendo o julgamento.

Há outras interpretações mais favoráveis ainda à impugnação de sua candidatura. O juiz Marlon Reis, um dos artífices da Lei da Ficha Limpa, diz que o registro de uma candidatura não está concluído quando o candidato o pede ao Tribunal Regional Eleitoral, mas quando o Tribunal defere o pedido.

O pedido seria apenas o primeiro dos vários passos até que a candidatura se torne realidade. O segundo é a publicação do edital com a lista das candidaturas deferidas pela Justiça Eleitoral; em seguida, é aberto o prazo para pedidos de impugnação, há a produção de provas e, finalmente, o julgamento, cujo prazo se encerra em 5 de agosto.

Portanto, a candidatura de José Roberto Arruda ainda está em tempo de ser barrada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal. O caso deve parar no STF, que terá chances, então, de esclarecer a questão da Lei da Ficha Limpa.

Dora Kramer: Traço de união

- O Estado de S. Paulo

Diante da cena, o paralelo foi inevitável: Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira na entrevista do dia seguinte à débâcle da seleção atuavam à maneira de determinados políticos e governantes que brigam com os fatos como se a negação tivesse o poder de mudar a realidade.

Na ojeriza à autocrítica que nesse episódio ressaltou a proximidade entre os condutores de times e de partidos, estiveram presentes as incongruências, os malabarismos verbais, a socialização do prejuízo, a invocação ao imponderável e até o recurso à pieguice.

Tudo muito parecido. A começar pelo pano de fundo: a arrogância que no semblante e nas palavras teimava em desobedecer ao tom da fala mansa de estudada humildade.

Cheio de estatísticas, ao molde daqueles números que candidatos despejam para impressionar o eleitorado, o técnico mostrava papéis para provar que a prancheta indicava o caminho certo. Ao lado, seu auxiliar corroborava incisivo: "Foi perfeito. Faríamos tudo de novo". Pela versão dos dois, nada saiu errado. Ou seja, tirando a goleada de 7 a 1, foi tudo bem.

Sabe como é? Descontada a demonstração exaustiva do ocorrido e da condenação por maioria no Supremo Tribunal Federal, o julgamento de certa ação penal foi obra de perseguição insidiosa do ministro Joaquim Barbosa.

Nada como uma narrativa virtual para substituir os fatos reais. Estes, no entanto, costumam atropelar o narrador. Assim foi com Scolari. Momentos depois da exibição dos números probatórios do sucesso veio o ato falho: "Cometemos um erro fatal. Uma vergonha".

A falta de compromisso com a coerência é recorrente na política. Aquela coisa, uma hora a pessoa diz que foi traída por gente envolvida em escândalos a fim de marcar distância dos acusados, outra hora a mesma pessoa afirma que os aludidos traidores são vítimas e que vai se dedicar a provar a inocência dos companheiros. Não só não o faz como segue a vida repetindo "não sei de nada".

Luiz Felipe Scolari disse não saber o que aconteceu na terça-feira. Não precisa entender de futebol para saber: o Brasil jogou inacreditavelmente mal e não deve ter sido porque o time estava no "caminho certo".

Assim como os políticos gostam de atribuir os problemas ao "sistema" do qual seriam todos reféns - um exemplo é o uso do caixa dois no financiamento de campanhas -, o técnico da seleção recorreu à figura da "pane geral" para dar um nome de fantasia ao que teria uma denominação correta na forma de autocrítica.

Note-se que num primeiro momento ele chamou a responsabilidade a si, mas no dia seguinte falou nos "seis minutos" de abalo coletivo dando um sentido fantasmagórico ao desastre que, no dizer dos especialistas no tema, tem razões objetivas. Políticos quando em situações adversas também tergiversam.

E quando se esgotam todos os recursos, fazem como Carlos Alberto Parreira e apelam à "força do povo". Entre "centenas de e-mails" de apoio escolheu a mensagem endereçada a Scolari pela torcedora Lucia para ler ao final da entrevista.

"Desejo-lhe boa sorte nos próximos jogos. E tenho certeza de que o senhor os comandará com sua inquestionável competência." Inocente útil, dona Lucia não tem parte no efeito constrangedor do uso de sua singela manifestação.

Paradoxo. A população reclama da qualidade dos políticos. Repudia a corrupção. Entretanto, na hora de votar deixa para lá a oportunidade de fazer a sua parte.

José Roberto Arruda foi condenado em 2.ª instância por um colegiado. Poderia por isso ter ficado inelegível, mas como seu registro de candidatura foi pedido cinco dias antes da condenação, em princípio pode seguir candidato.

O Ministério Público vai recorrer, mas ele pode ganhar na Justiça e vencer. E por quê? Porque a despeito de ser reincidente está em primeiro lugar nas pesquisas.

Eliane Cantanhêde: Os campeões

- Folha de S. Paulo

Final de Copa do Mundo é como um segundo turno de eleições presidenciais. Quem já apoiava um dos dois finalistas costuma (não obrigatoriamente) seguir em frente. E quem torcia por um terceiro time, ou um terceiro candidato, fica observando, refletindo, até decidir se vai lavar as mãos e votar branco/nulo ou optar pelo "menos pior" do seu ponto de vista.

O que será menos pior no domingão do Maracanã para nós, torcedores brasileiros: uma vitória da Alemanha, que liquidou a seleção do Felipão e o hexa, ou da Argentina, nosso adversário direto e visceral?

Seria uma típica "escolha de Sofia" às avessas, não fosse um fato inquestionável: a Alemanha já é de fato, e tem tudo para ser também de direito, a grande campeã da Copa.

É doído ter de torcer pelo time que massacrou o Brasil a céu aberto, ao vivo e em cores para bilhões de pessoas mundo afora. Mas é uma questão de justiça. Campeões não são só os que fazem mais gols --e nós vimos como a Alemanha sabe fazer gols!--, mas também os que se comportam como ídolos: dão exemplo, trabalham duro, têm disciplina, cultivam o espírito de equipe e, de quebra, demonstram humildade e simpatia com o anfitrião. Esses são os alemães nesta Copa 2014 no Brasil.

Não vai aí, porém, nenhuma patriotada ridícula, uma pinimba rasteira contra nossos "hermanos", que têm o papa Francisco, o Maradona e o Messi, mas, coitados, afundam junto com a inacreditável Cristina Kirchner. Quantos de nós amamos Buenos Aires? Quantos de nós temos bons amigos argentinos? E, afinal, quantos de nós adoraríamos trazer a taça para a América do Sul?

Trata-se, pois, de uma torcida desapaixonada e diferente do cálculo político dos comitês dos candidatos. Dilma entra na onda de empurrar a tragédia para o colo da CBF, tendo pesadelos com vaias e acendendo velas para a vitória da Alemanha. Logo, Aécio e Campos devem estar torcendo pela Argentina...

Fernando Filgueiras: Eleição em estado de latência

• Pesquisa mostra pouco interesse na corrida eleitoral

- Valor Econômico

A corrida eleitoral começou no contexto de uma vexatória derrota da seleção brasileira na Copa. No governo ou na oposição a expectativa é de uma grande politização do evento, na tentativa de atribuir a este ou aquele a responsabilidade pela maior goleada sofrida pela seleção em plena semifinal, em um campeonato organizado no Brasil. Natural esta politização da Copa, visto que os protestos de junho passado já apontavam nessa direção. Alhures, o problema não foi o desempenho no futebol, mas o conjunto dos acontecimentos ao longo da preparação do evento.

Difícil dizer se esta derrota impactará as escolhas eleitorais. Aos mais insatisfeitos com o governo da presidente Dilma, certamente essa derrota impulsionará a insatisfação. Ou seja, para aqueles que já estavam insatisfeitos com o governo, esta derrota aumentará ainda mais a insatisfação, sendo o governo o culpado natural pela goleada imposta à seleção brasileira. Nesse sentido, a inferência de que o resultado do futebol afeta a eleição para presidente é falsa, porque apenas impulsiona uma insatisfação que já existia em um estrato da população. Futebol à parte, a corrida eleitoral começa com um dado bastante interessante, na última pesquisa Ibope.

Conforme os dados da pesquisa, apenas 16% dos entrevistados apresentam muito interesse na próxima eleição. Na amostra da mesma pesquisa, 55% revelam pouco ou nenhum interesse na próxima eleição. Este interesse pela próxima eleição diminui entre os estratos de menor renda e escolaridade. Este dado, por si, não revela um desinteresse do cidadão pela política. Revela mais um contexto da conjuntura política em que a eleição, por si mesma, não ressalta diferenças significativas entre candidatos ou partidos. Por efeito de governos sucessivos que conseguiram implantar uma agenda de desenvolvimento, seja com o controle da inflação, no governo de Fernando Henrique Cardoso, seja com as políticas sociais, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil parece ter entrado no rumo. As desigualdades diminuíram, ampliou-se o bem-estar e os fundamentos econômicos funcionam razoavelmente bem. Contudo, isso não diminui os desafios impostos aos próximos governos.

Engana-se quem pensar que esse dado revela indiferença dos eleitores com a política. Revela mais um estado de espírito, em que candidatos já escalados pelos partidos e o próprio debate público não conseguem especificar uma clara agenda para os próximos anos, a qual sinalize para os eleitores quais os rumos e as estratégias que serão adotados pelos governos. Num contexto de relativa prosperidade, o interesse pela política diminui uma vez que as necessidades batem menos à porta. Aumenta, contudo, a atenção para a qualidade dos governos. Desde as manifestações de junho de 2013 este problema está posto. Como melhorar a qualidade do serviço público prestado por governos aos cidadãos por meio de políticas públicas mais eficientes e eficazes para enfrentar os problemas sociais?

Nesse contexto, as dificuldades dos partidos e dos candidatos para convencer os eleitores são maiores. Exige deles clareza nos objetivos e nas estratégias, visando a manter em movimento a rota de mudanças sociais. Ou seja, a pergunta fundamental que circundará a próxima eleição é: como manter o desenvolvimento sinalizando mudanças de rumo e enfrentar os problemas da qualidade do governo? Responder a esta pergunta de forma clara ao eleitor será a chave para alavancar a sucessão. Esta conjuntura de pouco interesse pela próxima eleição aponta mais um estado de latência do que indiferença do eleitor. E será esse estado de latência o determinante da corrida eleitoral. Não bastarão afirmações abstratas para repensar o Brasil sem esclarecer a direção, ou soluções mágicas tiradas da cartola de marqueteiros. A conjuntura revela que esse estado de latência precisa ser considerado por partidos e candidatos no processo de sucessão presidencial.

Sendo assim, a conjuntura imporá aos candidatos a manutenção do movimento inaugurado no processo de democratização com mudanças de rumo na direção. Ou seja, há claramente a necessidade de uma nova agenda política que indique a continuidade do movimento com maior prumo do governo para vencer questões estratégicas. Dentre estas questões estratégicas, algumas se impõem de modo contundente. Em primeiro lugar, como conter e vencer o rentismo do setor financeiro, fazendo ampliar o crédito e o investimento do setor produtivo? Em segundo lugar, como assegurar que os ganhos de bem-estar resultem em redução das desigualdades econômicas e sociais mais efetivas, assegurando ampliação da justiça social? Em terceiro lugar, como assegurar novos patamares de investimento em educação que resultem em avanços significativos em tecnologia e serviços? Em quarto lugar, como reformular o serviço público de forma a apresentar ganhos de eficiência sem prejuízo dos investimentos sociais realizados?

Manter o movimento com mudanças claras na direção. Eis a questão. A realidade é bem mais dura e complexa do que uma derrota sofrida por sete gols. Do contrário, a latência poderá dar lugar à inércia, criando a sensação de que tudo está indo muito bem. O problema será se o movimento começar a ir para trás.

Fernando Filgueiras é professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenador e pesquisador do Centro de Referência do Interesse Público (Crip)

* Washington Novaes: A lógica eleitoral em cada lugar

- O Estado de S. Paulo

Há mais de uma década, quando preparava um documentário para a televisão, o autor destas linhas foi à cidade de Guelph, no Canadá, então com pouco mais de 100 mil habitantes. E pôde ver ali como a cidade legislara e aplicava leis para impedir um crescimento vertical e horizontal que não desejava: nenhuma construção poderia ser mais alta que o campanário da singela Igreja de Nossa Senhora Imaculada; e nada poderia ser feito - sem autorização específica local - para expandir horizontalmente a cidade e criar problemas de infraestruturas, de recursos públicos e outros. Assim continua.

Neste momento em que se inicia a campanha eleitoral no País, embora a votação seja para cargos federais e estaduais, o episódio é mencionado para ressaltar que existem soluções para nossos dramas. Mas que não bastam enunciados e promessas vagas, que em nada de concreto se traduzirão. Os eleitores precisam exigir caminhos e projetos viáveis, com recursos específicos disponíveis, que saiam do papel. Como, por exemplo, em Portland, nos Estados Unidos, onde a legislação impede a expansão horizontal e exige que cada empreendedor demonstre onde ficarão seus empregados na zona urbana, sem criar novas necessidades. Ou como em Oslo, na Suécia, onde os moradores têm de separar o lixo sólido do orgânico e levá-lo para contêineres nas ruas, de onde são trasladados para usinas, que compostam todos os resíduos orgânicos e dão a destinação adequada aos demais (reaproveitamento, reciclagem, produção de biogás).

Aqui, quanto maior a cidade, maior a dificuldade. Pode-se começar pelo exemplo de São Paulo - chamada pelo colunista Luís Francisco Carvalho Filho (Folha de S.Paulo, 5/7) de cidade de "aparência horrorosa" -, onde está em discussão o novo Plano Diretor. Ele tenta disciplinar o crescimento urbano, contendo-o ao longo dos eixos de transporte e restringindo a "verticalização dispersa", numa região metropolitana que já se aproxima de 20 milhões de pessoas.

Em seguida, saber o que se fará, em todas as cidades do País, com a "mobilidade urbana". Porque, ao mesmo tempo que o ex-governador do Paraná Jaime Lerner chama o automóvel de "cigarro do futuro" e articulistas já o mencionam como protagonista de "uma paixão que declina" (Folha de S.Paulo, 29/6), a começar pelos Estados Unidos, nestas bandas os governos continuam a estimular mais produção de veículos, com mais isenção de impostos. Por isso mesmo já temos 83 milhões deles (Plurale, fevereiro de 2014). Rodízios ampliados, como se propõe para São Paulo, resolverão? Ou tudo se ampliará ainda mais com a recente exigência de que mais motoqueiros passem a ganhar 30% mais - eles que, na maioria, não respeitam leis de trânsito e são os mais envolvidos em acidentes? Por que não nos lembramos de que Estados Unidos, Itália e outros países já ampliam o uso de ônibus elétricos e híbridos, em lugar de automóveis? Quem admitirá que não se pode seguir insensatamente impermeabilizando todo o solo urbano com pistas de rolamento e construções - e que isso tem alto preço em dramas com as inundações, o aumento da temperatura urbana?

Que proporão os candidatos em matéria de saneamento básico, seja para os 40% da população nacional que ainda não têm suas casas ligadas a redes de coleta, seja para os que já têm a ligação, mas veem seus resíduos ser despejados in natura em rios e no mar e se transformar na maior causa de poluição da água no País? E que se vai exigir dos candidatos em matéria de água em geral, se ainda temos quase 10% da população sem a receber em suas casas?

Que se pensa em matéria de futuro com a atual crise de abastecimento de água em parte do Sudeste, principalmente na capital paulista e adjacências? E se não chover o necessário nos próximos meses?

Vai-se buscar - e em quanto tempo - mais água na região litorânea? A que custos? Com que conflitos pelo uso, com os habitantes dali e de outras regiões? Não se vai dar prioridade à recuperação das redes urbanas de distribuição (57 mil quilômetros de extensão em São Paulo), quando a perda média no País (por causa de furos e vazamentos) é de 40% do que sai das estações de tratamento? Na cidade de São Paulo essa perda já caiu 9,8% e chegou a 31,2% (20,3% em residências, 10,9% em indústrias).
O que se ganhou equivale ao consumo em Curitiba, com seus 2 milhões de habitantes (Sabesp, 1.º/6).

E por enquanto o abastecimento em São Paulo ainda depende de 12 mil poços subterrâneos, 60% dos quais não licenciados. Mas contrariar a lógica atual exige contrariar também as grandes empreiteiras, às quais só interessam - e deixam sair do papel - obras de grande porte, não remendos aqui e ali.

Chega-se ao drama nacional do lixo, com o despejo de resíduos em lixões continuando em metade dos municípios, o País gerando mais de 1 kg de resíduos por dia por pessoa (fora resíduos de construção e industriais), a reciclagem não chegando nem a 2%. Que candidatos vão ter coragem de contrariar a maior parte do eleitorado, que não aceita que cada pessoa tenha de contribuir financeiramente para a solução com uma taxa proporcional ao lixo que cada uma gera - como se faz em tantos países, na Suécia, por exemplo, como já foi mostrado neste espaço? Até por aqui começamos a ter bons exemplos, como o de Minas Gerais, onde foi vetada por lei a incineração de resíduos para gerar energia, que leva ao desperdício de materiais e a altíssimos custos para evitar a emissão de poluentes cancerígenos. Mas são casos raros, exceções à regra.

Também é indispensável que nas discussões eleitorais não se elidam problemas. É preciso que tudo esteja claro em todos os lugares. E as discussões não podem ser genéricas, têm de ser específicas em cada lugar - tal como as propostas de soluções.

Se não for assim, nada mudará. E o País continuará mergulhado em conflitos e dramas.

*Jornalista

Eduardo Giannetti: Dilma x Dilma

- Folha de S. Paulo

O passado não pode ser mudado --é lenha calcinada. O futuro será o que fizermos dele --é promessa de combustão. Daí que todas as nossas escolhas na vida prática, como ensina George Shackle, "se dão sempre entre pensamentos, pois será sempre tarde demais para escolher sobre os fatos".

O início formal da campanha convida a refletir sobre o caminho trilhado e as opções em jogo. Ao término do mandato, há duas formas básicas de se avaliar um governo.

A primeira é interna: o governo realizou o que se propôs a fazer? Trata-se de medir a gestão por sua própria régua: o hiato entre propósitos declarados e resultados obtidos. Já a avaliação externa questiona o teor da visão estratégica --ou a falta dela-- que norteou a ação do governo. O exame recai sobre o projeto perseguido: a pertinência dos valores e prioridades revelados pelas políticas implementadas.

Como o espaço é exíguo, atenho-me neste artigo a uma avaliação interna do governo Dilma na área de atuação em que o hiato entre o almejado e o obtido foi mais gritante --a economia.

Três grandes paradoxos marcam a atual gestão.

Dilma elegeu-se e governou sob o signo da aceleração do crescimento. Ultrapassado o impacto da crise global, a intenção era dar sequência à vigorosa recuperação de 2010 e superar os 4% de média anual dos governos Lula. Apesar de todo o empenho sincero --e em boa parte por causa dele, na medida em que a adoção de uma pletora de medidas "ad hoc" gerou grave incerteza sobre as regras da economia-- o resultado foi justamente o contrário do pretendido.

O governo Dilma encerra o mandato com a menor taxa de crescimento de toda a era republicana, excetuados os governos Floriano Peixoto e Collor. No acumulado de 2011 a 2014, nosso crescimento deverá ficar em 61% do verificado na América Latina.

O segundo paradoxo decorre do voluntarismo na política monetária. Movido pela intenção louvável de reduzir o custo dos investimentos, o governo Dilma fez da queda da taxa Selic sua grande bandeira. Só que em vez de criar condições reais para isso, forçou uma redução prematura e viu a inflação extrapolar o teto da meta.

Deu no que deu: o Brasil volta a ostentar a maior taxa de juros real planetária e a Selic deverá terminar o atual mandato acima do patamar inicial --fato inédito desde a adoção do regime de metas em 1999.

E, por fim, a joia da coroa. Um governo de claro perfil estatizante mas que, graças a barbeiragens e gambiarras em série, logrou a proeza de prejudicar seriamente nossas duas maiores estatais, Petrobras e Eletrobras, deprimindo seu valor patrimonial e tolhendo sua capacidade de investimento. Os resultados, outra vez, tripudiam das intenções. Obra de rara alquimia.

Nelson Motta: Fechando a tampa

• A escolha do técnico da seleção brasileira deveria ser feita em eleições diretas por todos os brasileiros maiores de 14 anos

- O Globo

Para qualquer brasileiro louco por futebol, era como estar em Nova York no 11 de Setembro, com o espetáculo de horror e grandiosidade da História diante dos nossos olhos, em tempo real. Apesar de tudo, foi um privilégio testemunhar o melhor do pior, sem mortos nem feridos: só humilhados.

Em qualquer clube-empresa, uma derrota dessas derrubaria toda a diretoria e até a presidência, por pressão dos acionistas. Mas os que escolheram a comissão técnica, os arquitetos do fracasso, como o presidente da CBF, José Maria Marin, dizem que o nosso futebol precisa de grandes mudanças, fingindo que não sabem que são eles a raiz dos problemas que nos levaram a essa humilhação histórica. Só falta culparem a imprensa golpista… rsrs.

Se essa sucessão de arrogâncias, negociatas, cinismos e incompetências que resultaram nessa épica derrota do futebol brasileiro — não de um time, mas como um todo — não for motivo para uma CPI suprapartidária, o que seria? Se 70% dos brasileiros exigem mudanças na política e na economia, imaginem no futebol. Mas com a “bancada da bola” investigando, em vez de ser investigada, nem esse, que seria o maior legado da Copa, teremos.

Se, como filosofava Neném Prancha, “pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube”, a escolha do técnico da seleção brasileira deveria ser feita em eleições diretas por todos os brasileiros maiores de 14 anos. E não por um cartola eleito por outros cartolas que dominam federações estaduais como políticos dominam currais e que vivem de vampirizar a paixão popular. Agora o sangue ferveu.

Mas Deus teve compaixão por Neymar e Thiago Silva, poupando-os de sofrer o vexame de corpo presente. E também por Lula, que não foi ao estádio para não ser vaiado e escapou do pior: ser acusado de pé-frio. E por nós, que escapamos de levar uma “zapatada” da Argentina na final no Maracanã. Deus é mesmo brasileiro.

Como sabem os grandes artistas, políticos, empresários e atletas vitoriosos, o sucesso não ensina nada, só infla o ego e subestima os limites, é nos fracassos que se aprendem as lições que levam a conquistas maiores.

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Campanha judicial
Foram-se os tempos em que a figura mais importante de uma campanha política era o marqueteiro. Agora, a vez é dos advogados. Desde a Lei da Ficha Limpa e adjacências, o que bomba nas campanhas são as áreas jurídicas, capazes de travar as disputas nos tribunais e garantir a posse daqueles que, condenados, insistem em mandatos eletivos.

No momento, o caso que atrai os holofotes nessa área é o do registro da candidatura do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda e a tentativa de um único deputado estadual em São Paulo de anular a convenção do PT paulista, deixando o candidato a governador, Alexandre Padilha, pendurado em ações judiciais. Há outros e mais virão.

Na Paraíba...
Lá a largada da eleição já está "judicializada" — para usar a expressão que os candidatos paraibanos repetem a todo instante. Há ações contra o tucano Cássio Cunha Lima, que manterá a campanha com parte da energia voltada aos tribunais. O mesmo vale para os petistas que brigam contra a direção nacional do partido na Justiça para seguir ao lado do governador-candidato, Ricardo Coutinho, do PSB. Por essas e outras é que tem muita gente achando que a Justiça Eleitoral é quem vai ditar as emoções na campanha pós-Copa.

Atenção, internautas!
Em tempo de eleição, o cidadão tem que redobrar a atenção com certas atitudes, uma vez que não é apenas o papel, mas a tela de um computador também aceita tudo. O ministro Henrique Neves, do TSE, deixa um alerta a quem costuma simplesmente compartilhar ou repassar ofensas graves que circulam na rede: "Responde por crime contra honra também quem reproduz algo ofensivo", diz ele.

Hora de apertar os laços
Quem observou a agenda do senador Aécio Neves nos últimos dias percebeu que a ordem foi sacramentar acordos que poderiam balançar ao longo da campanha. No Rio de Janeiro, ele não esperou nem o fim da Copa do Mundo para encontrar com os mentores do Aezão (Aécio-Pezão). O mesmo valeu ontem para o Espírito Santo, onde reforçou os laços com Paulo Hartung, candidato a governador do estado. A hora é de segurar o PMDB, um partido que invariavelmente dança conforme a música.

Bate-rebate
Em seus primeiros movimentos de campanha, o candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, tem feito tudo o que pode para chamar a cúpula nacional do PT ao debate. O partido, entretanto, escalou a presidente do PT pernambucano,
Tereza Leitão, para responder a Eduardo. É a forma de tentar manter o ex-governador restrito ao plano estadual.

Mão Santa, o pobre
Quem tiver a curiosidade de ver os bens do ex-senador Mão Santa, que é médico, ficará impressionado. Seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral é de R$ 19.755,40. O mais valioso é uma casa de R$ 19.317,63, além de R$ 360 em quotas da Rádio Igaraçu.

Oferta imperdível / Se o senador Delcídio Amaral (foto) resolver vender seu Mini Cooper 2011/2012 pelos R$ 27.212,50 que declarou à Justiça Eleitoral, certamente terá fila na porta. Ontem, na internet, os modelos 2011 variavam de R$ 79,9 mil a R$ 115 mil. Os 2012 aparecem todos acima de R$ 90 mil.

Do campo para a campanha / A expressão de Neymar "derrota praticamente histórica", ao se referir aos 7 x 1 da última terça-feira, vai passar para os anais da política. Ontem, no fim do dia, candidatos esperavam uma campanha "praticamente" limpa, uma nação "praticamente" sem problemas. É, pois é.

E por falar em Neymar... / A aposta ontem era a de que seria bem capaz que a turma da CBF ainda tentasse colocar o jogador em campo amanhã, ainda que esteja em fase inicial de recuperação. Quanta irresponsabilidade, Batman!

Plataforma pronta / Ao falar da falência do futebol brasileiro em sua página, contando sua guerra contra
a CBF e a "bancada da bola" ou "bancada da CBF", o deputado Romário (PSB-RJ) não para de receber elogios. Há quem diga que poderá fazer sua campanha ao Senado praticamente sem sair de casa.

Painel - Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Leite derramado
Depois do vexame da seleção, o Planalto agora promete usar sua força política no Congresso para aprovar medidas de "modernização" do futebol. A ideia é aceitar um novo parcelamento das dívidas de clubes e federações, reivindicação da bancada da bola. Em troca, exigir a criação de mecanismos para punir dirigentes e clubes que se endividarem ou não pagarem os jogadores em dia. Apesar das promessas, o governo não apoiará a instalação de uma CPI para investigar a CBF.

Escalado Dilma Rousseff pedirá ao ministro Aldo Rebelo (Esporte) que se reúna com cartolas e representantes de atletas para negociar um pacote de consenso. Ontem ela sinalizou que voltará a receber o grupo Bom Senso FC.

Entalado Além da derrota para a Alemanha, a presidente ainda não engoliu dois gols contra: a vaia no Itaquerão, na abertura da Copa, e as declarações do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) de que não foi "só a elite" quem a hostilizou.

Camarote Em entrevista à jornalista Renata Lo Prete, que vai ao ar hoje na Globo News, ela disse que "o ministro Gilberto Carvalho tem a opinião dele", mas que bastava olhar o estádio para ver que os torcedores eram gente de maior poder aquisitivo.

Nações Unidas Os encontros bilaterais de Dilma com chefes de Estado dos Brics começam segunda-feira, quando ela recebe Vladimir Putin (Rússia). Na quinta, será a vez de Narendra Modi (Índia) e Xi Jinping (China).

Agora pode A presidente marcou reunião com sindicalistas no início de agosto. Dirigentes de centrais reclamam que ela evitava recebê-los antes do período eleitoral.

Virando a esquina Três dias depois de receber o tucano Aécio Neves, o presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, pastor José Wellington, viajou ontem com Pastor Everaldo, do PSC. Os dois reuniram cerca de 5.000 fiéis em Cacoal (RO).

Irmãos de fé Everaldo ainda se reuniu ontem com o pastor Silas Malafaia, que bateu duro em Dilma em 2010, e com o senador Magno Malta (PR-ES), que também queria concorrer ao Planalto. Garante que os dois vão apoiá-lo.

O dobro ou nada Aliados de Aécio estimam que sua estrutura de campanha será até duas vezes maior que a de José Serra em 2010.

Abre o cofre Os planos se baseiam na esperança de que o empresariado estará mais disposto a ajudar o mineiro do que o paulista. Por isso, o teto de despesas declarado pelo PSDB à Justiça Eleitoral decolou, alcançando os R$ 290 milhões.

Pororoca A Polícia Federal abriu 46 inquéritos para apurar as relações do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato. Parte das investigações foca empreiteiras, agentes públicos e superfaturamento de obras.

Haja colchão O deputado Chiquinho Escórcio (PMDB-MA), que já foi "faz-tudo" da família Sarney, declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 1 milhão em dinheiro vivo. Em 2010, ele declarou guardar R$ 270 mil em espécie.

Velho Oeste A declaração de bens do senador Roberto Requião, que disputa o governo do Paraná pelo PMDB, inclui uma "coleção de armas". Seu valor foi estimado em R$ 10.000.

Visitas à Folha O deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ) visitou ontem a Folha.
Julio Semeghini, secretário de Planejamento do Estado de São Paulo, visitou ontem aFolha. Estava com Marcos Michelini e Flávia Goiriz, assessores de imprensa.

TIROTEIO
"Parece que o exercício do poder presidencial abafou aquele Lula de grande sensibilidade humana que conhecemos, em priscas eras."
DO DEPUTADO CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre a ausência do ex-presidente Lula no velório de Plínio de Arruda Sampaio, que dedicou quase 25 anos ao PT.

Contraponto
Leitura comentada

Em junho de 2010, auxiliares de Carlos Ayres Britto discutiam com o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral o impasse sobre a implantação do voto impresso nas urnas eletrônicas. Bolavam estratégia para barrar a proposta, mas o ministro só olhava o laptop.

--Presidente, os líderes dos partidos no Congresso não estão convencidos... --comentou um auxiliar.

O ministro assentia com a cabeça, disperso, e continuava digitando. Finalmente, ergueu a cabeça:

--Pronto, consegui! Estava há horas terminando um artigo sobre o aniversário da morte do Michael Jackson...

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• PT acha que vaias no domingo favorecerão Dilma
Após a derrota vergonhosa do Brasil contra Alemanha pela semifinal da Copa, a cúpula do PT já “absorveu” a sonora vaia que se espera contra a presidenta Dilma no Maracanã, na entrega da taça à seleção campeã, domingo. Dirigentes acham mesmo que irá ao estádio a “elite branca”, e a hostilidade a Dilma dará força o discurso da “luta classes”, pobres vs. ricos, que o PT pretende estimular na campanha eleitoral.

• Vitimização
Os xingamentos à Dilma na abertura da Copa levam o PT a tentar fazer do limão uma limonada, tentando caracterizá-los como “coisa de rico”.

• Mau exemplo
A estratégia de estimular a luta de “pobres contra ricos” foi usada pelo semi-ditador Hugo Chávez. Não deu certo: quebrou a Venezuela.

• Seguindo a trilha
Aécio Neves (PSDB) realizou o primeiro ato de campanha em Vitória (ES), ontem, onde o avô Tancredo lançou a Nova República em 1984.

• Match é Fifa
A Match usou sua influência na Fifa para bloquear 60% dos hotéis para hospedar convidados que levou a Brasília para ver Brasil x Camarões.

• Pastor Everaldo tem apoio de figurões evangélicos
Aspirante à Presidência, Pastor Everaldo Pereira (PSC) se reuniu a portas fechadas no Rio, ontem, com Silas Malafaia e o senador Magno Malta (PR-ES), além de outras lideranças evangélicas, de quem obteve garantia de apoio a sua candidatura à sucessão de Dilma. O grupo tentará abocanhar parte dos votos destinados à candidatura de Marina Silva, em 2010, e alcançar a meta de 10% dos votos em outubro.

• Transferência
O PSC ficou animado com o apoio de Magno Malta, que apareceu com 2% das intenções de votos em pesquisa Datafolha, em junho.

• Projeção
Conhecido por suas criticas ao lobby gay na mídia, Silas Malafaia é vice-presidente do Cimeb, conselho que congrega oito mil pastores.

• Borocoxô
O PMDB percebeu desânimo de Gilberto Kassab (PSD) na disputa de vaga ao Senado após o padrinho José Serra (PSDB) decidir concorrer.

• Nem vem
Arlindo Chinaglia (PT-SP) reagiu à provocação do visitante Alexander Zhukok, vice-presidente do parlamento russo, sobre a Seleção: “A Rússia só pode sacanear Brasil quando também for pentacampeã”.

• Dia de cão
O tradicional Banco Espírito Santo, de Portugal, viveu dia de Seleção Brasileira, ontem. Suas ações desabaram mais de 15%, levando a bolsa de Lisboa a suspender o pregão. Quase tão ruim quanto os 7×1.

• Impugnação de Arruda
Ação do PSOL na Justiça Eleitoral pretende retirar José Roberto Arruda (PR) da disputa pelo governo do DF, mas a jurisprudência o protege porque sua candidatura foi registrada. O Ministério Público, no entanto, poderá impugnar o mandato que eventualmente obtenha nas urnas.

• Gesto
Logo após o evento com Paulo Hartung (PMDB) em Vitória, ontem, o presidenciável Aécio Neves fez uma visita pessoal ao casal Gerson e Rita Camata, que perdeu a mãe há duas semanas.

• Tô fora
Um poço de mágoas com Paulo Hartung, de quem esperava apoio para disputar contra Renato Casagrande (PSB), o senador Ricardo Ferraço (PMDB) não colocou os pés no ato do correligionário com Aécio Neves.

• Proibido para menores
Boa praça, grande contador de causos e figura querida, Mário Affonso de Mello lançará seu livro “Sexo após os 80”, relato aliciante e divertido sobre suas próprias experiências. Será dia 19 na Academia Alagoana de Letras, em Maceió. Na capa, o aviso: “Impróprio para menores”.

• Suspeita no serpentário
O serpentário do Itamaraty chama de “pé frio” o chanceler Luiz Alberto Figueiredo, que estava no Mineirão no vexame brasileiro. Torcedor relutante, ele não exibiu a camisa amarelinha que vestia sob o paletó.

• Outros quinhentos
Para o deputado Osmar Terra (PMDB-RS), a derrota do Brasil contra Alemanha aumentará comparações entre Dilma e a chanceler alemã Angela Merkel: “O Brasil joga muito com a sorte, e planejamento zero”.

• Súbita rebeldia
Contra a vontade de Dilma, o presidente da Câmara, Henrique Alves, decidiu pôr em votação segunda (14) matéria anti-conselhos populares.