Por Raymundo Costa e Rosângela Bittar | Valor Econômico
BRASÍLIA - Após nove meses de governo, o presidente Michel Temer comemora a recuperação da economia "num prazo recorde que surpreendeu a nós mesmos" e projeta um crescimento de 2,8%, em dezembro, e de "mais de 3% em 2018". A reação da economia, em sua opinião, deve-se sobretudo aos êxitos do governo no Congresso, com a aprovação de 52 de suas propostas, entre emendas constitucionais, projetos de lei e medidas provisórias, tudo negociado "sem agressividade, pautado pela ideia de diálogo".
Temer voltou ao trabalho na manhã da Quarta-Feira de Cinzas. É hoje um presidente muito mais seguro de si do que em maio, quando assumiu o governo interinamente, ou mesmo em agosto, depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Tanto que trata da situação do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) dentro do padrão que estabeleceu para ministros apanhados na Lava-Jato. A bola está com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Se ele achar que há elementos para denunciar o ministro, denuncia - o que significaria o afastamento de Padilha. Mas Temer espera seguir com o ministro até o fim do mandato, em dezembro de 2018.
Dúvida o presidente tem entre escolher um político ou um diplomata de carreira para o Ministério das Relações Exteriores, decisão que espera tomar até o próximo sábado. Sobre a ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode lhe custar o mandato, é categórico ao comentar o assunto com interlocutores: "Nem coloco isso na cabeça, senão não governo". Entende que o julgamento é "um fator de insegurança", que, no entanto, não deve afetar a votação das reformas nem o interesse dos investidores.
Em conversas ao longo da Quarta-Feira de Cinzas, o presidente disse que a oposição minguou e faz barulho porque não está conseguindo combater o governo, inclusive na área social. Acredita que tirou bandeiras tradicionais da oposição. Cita o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e a transposição do rio São Francisco, obra virtualmente paralisada mas retomada graças ao restabelecimento do fluxo de pagamento às empresas. "Herdamos uma recessão fantástica. A Petrobras era palavrão, em nove meses teve valorização de 146%".
Temer aposta em vitórias no Congresso e alta no PIB
De volta ao escritório na manhã de Quarta-Feira de Cinzas, vindo do litoral baiano, onde passou os dias de Carnaval, o presidente Michel Temer encontrou o Palácio do Planalto fechado. Não sabia que não haveria expediente pela manhã. Pediu para que fosse aberta ao menos uma salinha para trabalhar, num palácio quase deserto de servidores e visitantes.