sábado, 10 de setembro de 2022

Pablo Ortellado - Atacar pesquisas é tática bolsonarista para contestar resultado da eleição

O Globo

'Datapovo' anda de braços dados com questionar urnas eletrônicas

Havia grande receio sobre o que poderia acontecer no 7 de Setembro. Enquanto se temia que, no discurso do presidente Jair Bolsonaro, viessem duros ataques às urnas eletrônicas, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), um dos principais alvos foram os institutos de pesquisa.

Em Brasília, Bolsonaro disse:

— Nunca vi um mar tão grande com essas cores verde e amarela. Aqui não tem a mentirosa Datafolha. Aqui é o nosso Datapovo.

No dia seguinte, na live presidencial das quintas-feiras, ele retomou:

— Alguém acha que esse cara [Lula] vai ganhar a eleição? O Datafolha, por exemplo, [diz que] pode ganhar no primeiro turno. Alguém acredita que, em eleições limpas, o Lula ganha?

Um dos objetivos da mobilização para o 7 de Setembro era produzir imagens eloquentes que questionassem o que mostram as pesquisas de intenção de voto. Afinal, como um presidente capaz de levar tanta gente às ruas pode estar atrás de Lula, ainda correndo o risco de perder no primeiro turno?

Ao gerar descrédito nos institutos, sugerindo que Bolsonaro vencerá, o bolsonarismo tenta evitar um fenômeno conhecido: a tendência de alguns eleitores de votar no favorito. Se conseguir convencer parte do público de que as pesquisas não valem e de que devem prevalecer as fotos de multidões mobilizadas, pode ser que esse empurrão rumo ao favorito vá para Bolsonaro, e não para Lula.

Eduardo Affonso - ‘Que diabos quer dizer imbrochável?’

O Globo

Coração de Dom Pedro I acabou destronado por um pinto presidencial, num evento nada republicano

Coitado do coração de Pedro I. Penou pelo amor da marquesa de Santos, bateu forte por dançarinas, atrizes, escravas, damas da corte, uma freira e sabe-se lá quantas outras mulheres. Deve ter disparado nos muitos retornos furtivos ao Palácio de São Cristóvão, onde o esperavam — cada uma a seu turno, mais ou menos resignadas — as imperatrizes Leopoldina e Amélia.

Há de ter se angustiado, o pobre coração, ao deixar para trás — e para nunca mais — quatro filhos pequenos e embarcar de volta a Portugal, a fim de garantir o trono da filha Maria da Glória. E de ter sofrido com a deslealdade do irmão Miguel, com a indiferença da mãe, Carlota Joaquina.

Durou pouco, esse coração: menos de 36 anos. Nem por isso lhe faltaram emoções: acelerou aos 9, fugindo, de madrugada, das tropas de Napoleão. Aos 23, é provável que tenha descompassado, às margens plácidas de um riacho de águas vermelhas, enquanto proclamava a Independência do Brasil. Parou definitivamente às 14h40 de um 24 de setembro de 1834, no mesmo quarto em que batera pela primeira vez fora do ventre materno.

Ascânio Seleme - O Brasil precisa de um líder de direita

O Globo

Os mais de 60 mil apoiadores de Bolsonaro que foram a Copacabana no dia 7 de Setembro vestidos de amarelo são majoritariamente conservadores, prezam a lei e a ordem, não gostam de mudanças bruscas, têm medo do que não conhecem, acreditam em Deus, confiam na família e querem seguir uma vida sossegada, sem atropelos e surpresas. Engana-se quem olha para aquela massa e enxerga um bloco compacto de extremistas de direita armados, com sangue nos olhos, prontos para atirar no primeiro comunista que vir pela frente.

Parte importante do Brasil é assim. A tomar pelas pesquisas eleitorais, pode-se dizer que cerca de 40% dos brasileiros são conservadores e querem eleger um presidente que divida com eles seus valores. Na falta de um verdadeiro líder de direita, apoiam Bolsonaro e acabam se confundindo com energúmenos que pregam uma intervenção militar, o fechamento do Supremo, o banimento da esquerda do convívio nacional. Uma clara fraqueza ideológica associada, em alguns casos, à ausência de pensamento crítico e ao medo do novo cria esta massa que vimos no 7 de Setembro.

Carlos Alberto Sardenberg – O que não aparece na campanha

O Globo

Na propaganda eleitoral, as dívidas serão perdoadas, negociadas, reduzidas, enfim, aliviadas. Como?

Olhando os grandes números, parece mesmo que a economia brasileira passa por um bom momento: a inflação desacelera, o crescimento acelerou no segundo semestre, deixando um embalo para o final do ano, a taxa de desemprego caiu, e não há dificuldades nas contas externas.

Comparando com a situação e as expectativas do início deste ano, o ambiente é claramente melhor. Mas não dá para concluir que isso tudo deixará uma boa herança para o próximo presidente.

Começando pelos preços ao consumidor. Pelo IPCA de agosto, divulgado ontem, a inflação em 12 meses caiu para 8,73%, a primeira vez em um ano que fica abaixo dos dois dígitos. Governo e mercado esperam desaceleração lenta, porém consistente para os próximos meses.

Essa expectativa faz sentido porque, depois de várias tentativas, finalmente temos uma legislação que garante a independência do Banco Central (BC). Isso permite que a instituição pratique uma política monetária de juros muito elevados mesmo em pleno ciclo eleitoral.

Mais ainda: pela nova lei, o mandato do presidente da República não coincide com o do presidente do BC. O atual chefe da instituição, Roberto Campos Neto, tem mandato até 2024 — e isso significa que a política monetária será mantida nos próximos dois anos. A expectativa dominante sugere que a inflação chegará à meta (3%) somente em 2024, depois de três anos seguidos de estouros.

No médio termo, está bom, mas em termos políticos há uma óbvia dificuldade. A inflação vem sendo derrubada a golpes de juros muito elevados — ou de uma política muito restritiva, como têm repetido os diretores do BC.

Bruno Boghossian - Barulho do 7 de Setembro não foi suficiente para mudar trajetórias

Folha de S. Paulo

Com voto cristalizado, favoritos na corrida ao Planalto tentam reforçar territórios conhecidos

Ainda que o 7 de Setembro tenha produzido um barulho político considerável, o episódio ainda não demonstrou força suficiente para sacudir um cenário eleitoral que parece cada vez mais consolidado à medida que o primeiro turno, marcado para o dia 2 de outubro, aproxima-se.

A liderança de Lula (PT) permaneceu inabalada na última semana, segundo a nova pesquisa do DatafolhaJair Bolsonaro (PL) mostrou fôlego para manter uma trajetória de alta que vem se desenhando de maneira constante nos últimos meses, embora lenta demais para garantir que ele possa virar o jogo.

O quadro de estabilidade nas curvas dos dois principais candidatos, mesmo nos momentos em que a disputa esquenta, reflete duas características marcantes da corrida eleitoral deste ano: uma decisão de voto antecipada e um foco das campanhas no reforço de territórios conhecidos.

Três de cada quatro eleitores dizem já ter decidido o voto do primeiro turno –índice estável há algum tempo e indicador de um quadro sólido para o final de campanha. Como comparação, a esta altura da última corrida presidencial 45% dos eleitores diziam que poderiam mudar de ideia até o dia da votação.

O espaço reduzido para grandes alterações vem favorecendo o petista, uma vez que Lula manteve um patamar que beira a chance de vitória em primeiro turno –algo ainda imprevisível neste ponto da corrida.

Hélio Schwartsman – Nunca aos domingos

Folha de S. Paulo

O que determinou suas reações foi basicamente a pressa

Segundo o Datafolha, 56% dos brasileiros acreditam que política e valores religiosos devem andar juntos.

É difícil imaginar o que vai na cabeça de cada eleitor, mas me parece que dá para concluir daí que a maior parte dos conterrâneos vê um elo entre religião e ética. De algum modo, pessoas religiosas se comportariam melhor que as não religiosas. Mas será que isso é verdade? O que diz a literatura científica sobre o assunto?

O estudo clássico que mostrou ser no mínimo precário o vínculo entre doutrinação religiosa e bom comportamento data dos anos 70.

Alvaro Costa e Silva - Desfile de cafajestes do Brasil

Folha de S. Paulo

Bolsonaro, o 'imbrochável', lidera com ampla margem de votos

A maratona no Sete de Setembro não terminou bem para Bolsonaro. Depois de sapecar um beijo de língua na primeira-dama e puxar o coro de "imbrochável" no palanque de Brasília e de ser apresentado no trio elétrico de Copacabana como "homem escolhido por Deus, incorruptível e incomível", ele resolveu encerrar a jornada de campanha eleitoral indo ao Maracanã para assistir ao jogo do Flamengo pela Libertadores. Deve estar arrependido e estomagado até agora.

Ao entrar no estádio, o candidato —que já vestiu a camisa de todos os grandes clubes brasileiros, menos a do São Paulo— foi saudado nos camarotes e tribunas com gritos de "mito"; também ouviu vaias, mas tímidas. Nas arquibancadas lotadas, no entanto, a rejeição foi apoteoticamente sonora e mais feroz do que a verificada nas pesquisas: "Ei, Bolsonaro, vai tomar caju!".

Cristina Serra - Predadores do futuro na Câmara

Folha de S. Paulo

Na Câmara, 68% dos deputados votam e atuam contra o meio ambiente e indígenas

A agência de jornalismo Repórter Brasil divulgou recentemente um ranking sobre a atuação da bancada ruralista na Câmara dos Deputados, o Ruralômetro 2022, que é também uma ferramenta muito útil para os eleitores saberem quem são os responsáveis pela destruição ambiental no Brasil.

É uma radiografia de um dos setores mais empenhados na sustentação do governo Bolsonaro, como mostrou, aliás, o deprimente desfile de tratores na Esplanada, no 7 de Setembro. O Ruralômetro chegou ao número de 351 deputados —68% da Câmara— que votam e atuam sistematicamente contra o meio ambiente e os interesses de indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais.

Oscar Vilhena Vieira* - Para que serve uma Constituição?

Folha de S. Paulo

Sem ela estaríamos entregues aos nossos principais demônios

Um dos mais bem guardados segredos dos ingleses é a sua Constituição. Alguns estrangeiros desavisados chegam inclusive a acreditar que os ingleses não têm Constituição. A maneira pacífica e quase ritualística com que os processos de sucessão da rainha Elizabeth 2ª e da chefia de governo estão ocorrendo não deixa qualquer dúvida, no entanto, que o exercício e a alternância no poder estão subordinados a um conjunto bastante rígido de preceitos constitucionais no Reino Unido.

De outro lado, não há qualquer segredo que regimes autocráticos, do passado, como a União Soviética de Stalin e o Chile de Pinochet, ou do presente, como a Hungria de Orbán e a Rússia de Putin, empunhem suas Constituições, ainda que essas folhas de papel não tenham nenhuma capacidade de condicionar a forma como o poder foi ou é exercido nesses regimes.

Demétrio Magnoli - Mensagens chilenas

Folha de S. Paulo

A chance desperdiçada de constitucionalizar direitos sociais é lição para a esquerda do Brasil

Gabriel Boric, o jovem presidente chileno, sabe o significado da palavra democracia. Diante da derrota avassaladora da proposta de nova Constituição, falou em "autocrítica", pedindo "mais diálogo" para formular uma Constituição "que nos interprete a todos".

A Constituinte eleita na esteira das mobilizações populares tinha maioria da nova esquerda pós-moderna, que escolheu o caminho de produzir uma Constituição igual a si mesma. O texto foi rejeitado por 62% dos eleitores. Nem o apoio condicional da centro-esquerda (PS) e de parte do centro (DC) evitou o fracasso humilhante.

Constituições democráticas são contratos de princípios, que estabelecem as regras do jogo. Os constituintes chilenos escreveram uma Constituição programática, que pretendia determinar os resultados do jogo. O texto repelido fazia do programa de uma facção a lei do país. Por essa via, tentava congelar a política: os programas das outras facções se tornariam inconstitucionais.

"Pinochet renasceu", disse Gustavo Petro, presidente colombiano de esquerda, diante da decisão plebiscitária dos chilenos. Ele parece incapaz de aprender o que Boric entendeu. A primeira mensagem chilena é anti-autoritária: uma maioria circunstancial não deve se confundir com a nação inteira. Os outros —os que pensam diferente de mim— não são "inimigos do povo".

João Gabriel de Lima* - Somos mais que uma piada de gravata

O Estado de S. Paulo

Precisamos participar das conversas sérias – e deixar de ser uma piada de gravata amarela

“Quem é o cavalheiro de gravata amarela entre os presidentes do Brasil e de Portugal, a ocupar lugar tão nobre no palanque do bicentenário?” Responder a perguntas sobre nosso país faz parte da rotina de quem mora fora do Brasil. Isso inclui identificar Luciano Hang na foto que viralizou no 7 de Setembro – e explicar como o “véio da Havan” se tornou um ícone fashion do bolsonarismo. “Tem piada”, disseram meus incrédulos amigos portugueses.

Portugal organizou vários eventos para celebrar o bicentenário do Brasil. Um tema apareceu de forma recorrente nas conversas sobre nosso futuro: a nova economia verde. As oportunidades na produção de energia eólica e solar perpassaram as mesas do Fórum Independência com Integração, que ocorreu nesta semana em Lisboa. Num evento anterior, a ex-ministra Marina Silva foi aplaudida de pé ao mostrar como a preservação ambiental se tornou causa transversal à esquerda e à direita.

Adriana Fernandes - Quem responde?

O Estado de S. Paulo.

O buraco das contas em 2023 será maior do que levar o Auxílio Brasil a R$ 600 ou R$ 1 mil

Jair Bolsonaro prometeu mais R$ 200 de Auxílio Brasil depois de Lula ter acenado com R$ 150. Onde isso vai parar? A corrida eleitoral paralela do valor do benefício que os dois primeiros candidatos nas pesquisas travam é insana. Mais uma semana, Bolsonaro e Lula chegam ao valor de R$ 1 mil, prometido pelo terceiro colocado nas pesquisas, Ciro Gomes.

A candidata Simone Tebet também prometeu R$ 600, mas já defendeu a adoção de um estado de emergência com as despesas fora do teto para zerar a fila no Sistema Único de Saúde. Explicação também não veio.

É sintomático que os candidatos não digam como farão para cumprir a promessa, e muito menos que isso pode envolver até mesmo a retirada ou diminuição de benefício para um grupo.

Parece até heresia quando a imprensa cobra respostas das campanhas de cada lado.

Rafael Cortez* - Datafolha mostra que Bolsonaro encontrou sua estratégia, Lula ainda procura plano

O Estado de S. Paulo

Levantamento retrata melhora na avaliação de governo no apoio à reeleição

As redes sociais e a democratização das fontes de produção de conteúdo político exacerbaram a capacidade das campanhas eleitorais em produzirem mensagens “nichadas” para segmentos específicos. A pesquisas eleitorais e seus diferentes recortes reforçaria a necessidade de os candidatos produzirem mensagens para grupos específicos de eleitores, seja pensando no recorte por renda, raça, opção religiosa ou geografia. As evidências recorrentemente frustram a expectativa de grandes impactos da campanha. Grosso modo, o jogo eleitoral é fundamentalmente um cenário de estabilidade dos demais candidatos com exceção da candidatura à reeleição do presidente Bolsonaro.

O levantamento mais recente do Datafolha retrata o peso da melhora na avaliação de governo no apoio a reeleição, reforçando o peso do desempenho do incumbente no cargo como condicionante do comportamento eleitoral, reforçando a tendência da eleição caminhando para o segundo turno. Se confirmado, esse movimento apenas retrataria o equilíbrio entre esquerda e direita no Brasil nas últimas décadas.

Bolívar Lamounier* - Gorbachev e a perpétua vocação autocrática russa

O Estado de S. Paulo

A atual agressão russa contra a Ucrânia mostra que, no que tange à Rússia, seus heroicos esforços foram baldados

No dia 30 de agosto o mundo perdeu um dos grandes estadistas de nossa época: Mikhail Gorbachev (1931-2022). Tive a honra de conhecê-lo pessoalmente, como relatarei a seguir. Em outubro de 2001, as fundações Fride (Fundación para las Relaciones Internacionales y el Diálogo Exterior), presidida por Diego Hidalgo, empresário, e

The Gorbachev Foundation of North America promoveram em Madri um grande seminário intitulado Conferência sobre Transição e Consolidação Democrática. Essa conferência foi a origem do Clube de Madri, entidade integrada por ex-presidentes e ex-primeiros-ministros com a missão de apoiar iniciativas internacionais em prol da democracia.

No início de 2001, tive o privilégio de ser convidado, junto com outros 15 renomados intelectuais de várias partes do mundo, a participar, em Madri, de uma reunião preparatória da conferência, que seria realizada em outubro daquele ano. Deu-se, porém, como se recorda, que no dia 11 de setembro uma organização terrorista levou a cabo um ataque em Nova York, destruindo as chamadas Torres Gêmeas. Diante desse fato, sem dúvida a mais audaciosa operação terrorista de que se tem notícia, as fundações organizadoras rapidamente consultaram os futuros participantes sobre se a conferência deveria ser mantida. A resposta, unânime, foi positiva, até porque, no entender de todos, a entrada em cena do terrorismo a tornara ainda mais importante. Assim foi que, nos dias 19 a 27 de outubro, nos reunimos e lançamos as bases do Clube de Madri, cujos principais patronos, além do próprio Gorbachev, foram o ex-presidente norte-americano Bill Clinton e o rei Juan Carlos.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Violência exige repúdio firme dos candidatos

O Globo

Em vez de insuflar ódio, Bolsonaro e Lula têm o dever de condenar atos bárbaros e pregar campanha pacífica

Mais um assassinato por clara motivação política na campanha eleitoral soa o alarme para o maior risco da polarização que divide a sociedade brasileira: a violência. A barbárie, primeiro nos tiros em Foz do Iguaçu, agora no esfaqueamento hediondo no interior de Mato Grosso, exige repúdio firme de todos os candidatos, na busca de um ambiente pacífico para o pleito. É intolerável a perpetuação do clima de ódio que contribui para transformar palavras de divergência em atos de agressão, disputas políticas em brigas e morte.

Embora as vítimas de ambas as tragédias tenham sido partidários do PT, a agressividade não está restrita a apenas um lado do espectro ideológico. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro promove o culto às armas e afirma, em discurso no 7 de Setembro, que a esquerda “tem que ser extirpada da vida pública”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compara manifestantes bolsonaristas à odiosa organização racista Ku Klux Klan. Nada disso traz sensatez. Pelo contrário, são palavras que contribuem para inflamar os ânimos, quando o necessário é apaziguá-los.

Um levantamento da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) verificou que a violência política já fez 40 mortos no país desde janeiro. Entre ameaças, agressões, tiroteios, homicídios, sequestros e atentados, o estudo contou ao todo 223 episódios. É verdade que são eventos isolados, que não refletem o sentimento da maioria do eleitorado, seja o petista, seja o bolsonarista. Um outro levantamento, feito pela empresa Quaest para uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), verificou que mais de três em quatro eleitores consideram a violência injustificável em caso de vitória do grupo adversário. Mas, justamente por confrontar a ampla maioria, é preocupante a pequena parcela dos que consideram a violência “justificada” em alguma medida (21% dos eleitores de Lula; 19% dos de Bolsonaro).

Poesia | Fernando Pessoa - Se te queres matar

 

Música | Capital Inicial - Que país é esse?